"Como são sábios aqueles que se entregam às loucuras do amor!"
- Jo. Cooke
Ostentando um imenso sorriso, legítimo de quem estava prestes a realizar um sonho, Isabela entrou no carro e olhou para Oliver, que piscou para ela ligando o motor e o som, deixando a música "a sky full of stars" do Coldplay ecoar alto entre eles.
Para disfarçar sua ansiedade pulsante, Bela colocou o óculos de sol, abriu o vidro do carro e começou a cantar, enquanto olhava a cidade colorida e bonita, os turistas aglomerados pelas ruas de paralelepípedos e a paisagem verde que se formava no horizonte. E quanto mais o carro acelerava, mais ansiosa ela ficava, a ponto de não conseguir parar quieta no banco. Para a maioria das pessoas, os desejos da lista de Isabela poderiam ser estranhos e simples demais, mas para ela não eram, para ela eram tudo e só quem nunca pode viver de verdade conseguiria entender o peso da simplicidade.
— Eu ainda estou tentando entender, como você passou pela infância sem nunca subir em uma árvore. — Oliver comentou, olhando para ela de relance, sem desviar sua atenção da rua movimentada.
— Meu pai tinha medo que deu caísse e me machucasse... Eu sou obediente. — justificou dando os ombros, não querendo se lembrar de sua infância dolorosa, dos hospitais, dos tratamentos experimentais, de sua caixa de vidro...
— Você obediente? — ele riu debochado.
— Sim.
A afirmação dela, fez Oliver ria ainda mais alto.
— Você é muito chato. — reclamou, virando-se de volta para a janela e sentiu no mesmo segundo a mão quente do lutador acariciar sua coxa.
— Sou o chato que vai te levar para fazer uma trilha de 2.400 metros pela reserva do Abade até a cachoeira. — falou ainda rindo e acariciando a coxa dela.
— Não se gaba não. — revirou os olhos, olhando para ele e depois para a paisagem, observando que entravam em uma estrada de terra. — Já estamos chegando? — perguntou.
— Na reserva, sim. — avisou, aumentando a velocidade, mesmo na estrada de terra cheia de curvas e declives. — E segura, vamos fazer um pequeno rally com seu carro.
Oliver também estava animado. Fazia muito tempo que não praticava outro esporte que não envolvesse lutar e ele já estava sentindo falta de ter contato com a natureza. Morar na selva de pedras que era São Paulo ás vezes era sufocante para o garoto criado ao ar livre.
Os movimentos rápidos do carro, as subidas e decidas, causavam um estranho frio na barriga de Isabela, que colocou as duas mãos no painel, se segurando e adorando a sensação, principalmente, a visão, tanto da paisagem colorida do cerrado goiano quanto o sorriso do motorista ao seu lado. Por alguns minutos, ela permaneceu em silêncio, apenas contemplando a natureza, louca para descer logo do carro, colocar seus pés na terra e, enfim, lavar seu corpo em uma cachoeira.
— Onde estamos? — perguntou, observando o que de longe pareceu ser uma casa grande, com janelas de vidro e alguns detalhes em madeira.
— Reserva do Abade. Aquele é o restaurante. — Oliver respondeu procurando um lugar adequado para estacionar. — Daqui vamos a pé. — avisou, manobrando o carro.
No mesmo instante em que o motor desligou, Isabela saiu apressada, tirando o óculos escuro e ajeitando o chapéu preto na cabeça, virando seu corpo para todos os lados, contemplando a beleza ao seu redor. Por uns segundos ela apenas admirou toda a linda natureza viva, as grandes árvores com seus trocos tortos e suas copas coloridas balançando devagar no ritmo lento do vento quente do início da tarde, a serra ao longe, encoberta de verde e o céu limpo, rajado de vários tons de azul, fazendo os olhos verdes de dela reluzirem a luz do sol.
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A CAMINHO DA ETERNIDADE
Romance*** OBRA REGISTRADA*** O que uma pessoa que sabe que vai morrer é capaz de fazer? Isabela Gusmão de Alvarenga cresceu dentro de uma redoma de vidro, cercada de carinho e proteção, para não se quebrar, para não morrer... mas Bela tinha um plano par...