"Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.."
Caio Fernando Abreu
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Quando Bela entrou na boate, desamarrou o rosto e esqueceu a discussão horrível que teve com Felipe durante todo o trajeto, devido seu vestido curto e a maquiagem, briga que causou mal-estar nos quatro passageiros do carro, ela, o irmão, Carla e Eloisa. Era incabível o ciúme que Felipe sentia dela, ele não pegou no pé da namorada pela saia que quase mostrava a bunda, mas com Isabela ele não dava mole, exagerava no que se tratava de preocupação com a irmã, mas depois de ser vencido pelas três mulheres, Felipe calou a boca e ficou quieto, só que o que ele queria, na verdade, era dar meia volta na sua camionete e obrigar a irmã a trocar de roupa e limpar o rosto.
Os olhos esverdeados de Isabela brilhavam, enquanto ela caminhava em meio as pessoas felizes. O ambiente meio escuro e lotado, deu a ela uma sensação diferente, uma liberdade inerente e pura. O ritmo envolvente da música eletrônica parecia atravessar sua pele e entrar em seu corpo, percorrendo as células, fazendo-as pulsarem vivas. E sem resistir a imensa vontade de se entrar a batida, assim que chegaram ao loung reservado para eles, Bela fechou os olhos e começou a dançar.
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Um tanto perdido, Oliver procurava por seus amigos em meio as inúmeras pessoas dentro da boate. Ele havia saído primeiro do apartamento, ido resolver algumas pendências da próxima luta, mas acabou enrolando mais do que o esperado, chegando na festa bem depois do horário combinado com Felipe.
A boate estava lotada, o som estava alto demais para qualquer aparelho telefônico ser ouvido, e o ambiente estava completamente escuro, dificultando a busca do lutador, que já estava quase desistindo e voltando, fazia poucos minutos que tinha chegado, mas estava desmotivado para ficar e na manhã seguinte teria que acordar cedo.
Enfrentando o mar de gente, Oliver conseguiu alcançar o balcão do bar, encostando-se e tentando chamar o barman que não lhe dava atenção, o que somente deu a ele ainda mais vontade de voltar para o apartamento, mas quando se lembrou de que Isabela estava lá, a vontade desapareceu, pois ele não queria ficar perto dela, muito menos sozinho.
— Uma garrafa de Tequila.
A voz suave pareceu conhecida. Oliver começou a procurar sua dona, e reconheceu há alguns metros dele, Eloisa, também encostada no balcão e tendo bem mais facilidade de entrosamento com o barman do que ele.
— Elô. — chamou, se aproximando dela.
— Oli, achei que não vinha. — respondeu, sorrindo, enquanto pegava sua garrafa de tequila.
— Cadê o pessoal, o Felipe?
— Me segue. — chamou, já começando a sair.
Oliver obedeceu, seguindo Eloisa em meio as pessoas que dançavam e conversavam alto, quase atravessando a boate, e quando chegaram, ele ficou paralisado com a visão.
Isabela estava completamente diferente, seu cabelo avermelhado liso, seus olhos esverdeados marcados por uma maquiagem escura, seus lábios rosados cobertos por um batom vermelho, quase do mesmo tom do cabelo. O vestido justo contornando o corpo. Não parecia a mesma garota que ele conheceu, que mais parecia uma menina frágil. Agora ela parecia uma mulher provocante.
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A CAMINHO DA ETERNIDADE
Roman d'amour*** OBRA REGISTRADA*** O que uma pessoa que sabe que vai morrer é capaz de fazer? Isabela Gusmão de Alvarenga cresceu dentro de uma redoma de vidro, cercada de carinho e proteção, para não se quebrar, para não morrer... mas Bela tinha um plano par...