"Os anjos o chamam de alegria celeste, os demônios o chamam de sofrimento infernal, os homens o chamam de amor"
- desconhecido.
Em um completo silêncio, Isabela olhava as finas gotas de chuva caírem no para-brisas do carro. Sua mente estava longe, pensando em uma forma de resolver o seu dilema e contar para o Oliver sobre sua doença, mas no fundo ela tinha medo de como ele reagiria, se correria ou nunca mais a tocaria. Tudo era complicado demais e parecia injusto, mas ela não iria reclamar, afinal tinha pedido a Deus apenas tempo de realizar todos seus sonhos e ela estava prestes a realizar todos, se tivesse que morrer no dia seguinte Bela fecharia seus olhos satisfeita com o que viveu.
— Isabela. — a voz seguida de um toque quente, fez Bela virar o rosto deparando com Oliver e seus olhos amendoados curiosos.
— Ah?
— Você não vai descer do carro? Já chegamos.
— Claro. — balbuciou, voltando a realidade, percebendo que estavam apenas ambos dentro do carro. — Vamos. — assentiu, abrindo a porta e descendo, saindo correndo na chuva fina rumo a casa onde estavam hospedados, parando de correr apenas quando chegou no quarto, se jogando molhada na cama mesmo, lutando contra sua vontade de chorar.
— Que pressa em. — Oliver comentou, quando entrou no quarto. — Tudo bem? — indagou preocupado, sentando-se na beirada da cama.
— Sono... muito sono. Quero dormir. — mentiu sem se mover, com a cabeça enterrada no edredom branco. — O dia foi mágico, longo e cansativo.
— Claro. — concordou, tirando a camiseta. — Mas você não quer tomar um banho quente ou pelo menos tirar a roupa molhada? — sugeriu, observando-a, ainda imóvel deitada de bruços.
— Não. — resmungou contra o edredom.
— Dormir com roupa molhada faz mal. Deixa de preguiça Bela e levanta. — falou ficando sério, ao mesmo tempo em que levou seus dedos nas costelas dela, cutucando, fazendo-a se mexer, tentando correr das cocegas.
— Deixa de ser ridículo. — reclamou, enfim se levantando. — Ninguém mais faz cocegas nos outros, isso é coisa de criança. — falou, revirando os olhos.
— Mas eu fiz você se mexer. — disse vitorioso, sorrindo e puxando-a para um abraço molhado e quente. — Vamos tomar banho e vou deixar você dormir em cima de mim. — brincou, mas Isabela não sorriu. — Está tudo bem mesmo? Instantes atrás você era só sorrisos e agora está triste, posso ver. — indagou, intrigado, atento nos olhos verdes profundos dela, procurando a verdade.
— Está tudo bem sim, apenas estou cansada. E Oliver eu estou muito feliz, você me fez muito feliz. — Bela foi mais do que sincera, seu coração parecia que ia explodir de tanta felicidade, mas essa felicidade também doía, pois sabia que logo iria acabar, mas ela nem podia reclamar, afinal, ela nunca pensou que poderia viver aquela felicidade, uma felicidade que pediu por inúmeras noites de joelhos rezando.
Isabela acreditava que aqueles dias maravilhosos era uma dádiva, um presente de Deus para alegra-la na hora da morte. De todos os planos e objetivos que ela traçou, o amor era praticamente o último da sua lista, Bela sempre pensou que iria desfrutar de seus últimos suspiros na companhia de sua família e que iria realizar seus sonhos sozinha, pois, como ela ressaltava sempre, a felicidade não depende de ninguém nem de nada, apenas de você mesmo. Mas o amor chegou primeiro e bagunçou ela, transformou uma mulher fechada em uma romântica apaixonada, e de uma forma tão mágica que ela não sabia explicar. Só podia ser Deus ou um sonho... a realidade raramente é tão boa assim.
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A CAMINHO DA ETERNIDADE
Romance*** OBRA REGISTRADA*** O que uma pessoa que sabe que vai morrer é capaz de fazer? Isabela Gusmão de Alvarenga cresceu dentro de uma redoma de vidro, cercada de carinho e proteção, para não se quebrar, para não morrer... mas Bela tinha um plano par...