Capítulo 11

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"Desde que minha vida saiu dos trilhos, sinto que posso ir a qualquer lugar"

Zack Msgiezi





Os braços magros de Isabela balançavam no ar, o cabelo vermelho-alaranjado voava para todos os lados, subia e descia, no ritmo de seu corpo que pulava e balançava na batida eletrizante da música. Sendo conduzida, guiada, por seus sentimentos e pela vibração viciante e deliciosa que lhe percorria enquanto dançava livre e leve, quase como se pudesse voar.

As luzes piscando, a fumaça do gelo seco, o som alto e o imenso silêncio dentro de si. Bela estava apreciando cada segundo, saboreando as sensações... Ela estava se sentindo normal, apenas mais uma na multidão e não existia problemas, não existia mais nada além daquele momento precioso de pura euforia.

Sua visão girava, sua mente estava muito tonta, assim como seu senso normal estava perdido, ela sabia que estava embriagada, devido a quantidade de Tequila e cerveja que tinha ingerido naquele dia. Em seus lábios havia um sorriso que quase ia de orelha a orelha, ela não estava se importando em estar alcoolizada, só a sensação importava, a liberdade, o poder percorrendo todos seus poros... a experiência que jamais esqueceria e se lembraria no final.

Era um item a menos na sua lista.

A jovem tinha poucos pedidos a Deus, tentava ser uma filha obediente e aceitar o fardo que estava sobre seus ombros, mas em todas as noites orava para que não morresse sem ter realizado seus onze simples sonhos... não podia morrer sem ter vivido ao menos um pouco. Enquanto seus olhos estivessem se fechando para o todo sempre, a última rajada de vida seria suas lembranças, seu cachorro Toby, o amor de seus pais e seu irmão, as brigas com Felipe para se sentir normal, suas amigas, o cheiro das flores do jardim de casa, as folhas alaranjadas das árvores no outono, sua estação preferida, os pássaros cruzando o céu, a lua brilhando radiosa, seu primeiro beijo, aquele momento único na boate, a euforia trazida pelo ambiente e pelo álcool e Oliver...

Não, Oliver, não!

Resmungou para si mesma, parando de dançar e pensar em sua morte, balançando a cabeça e encontrando o lutador bem à sua frente, como se Deus o colocasse ali, como presente ou castigo.

— Não... eu não mereço isso. — reclamou, revirando os olhos.

— Ótimo, concordamos em algo. Eu também não estou muito feliz em ser o responsável a te levar para casa. — Oliver reclamou.

— Tadinho, ficou de babá... o lutador Suicida. Ui, que medo. — Zombou dele, retorcendo os lábios, chateada. — Eu quero ficar sozinha, então pode ir dando meia volta e ir procurar uma mulher para você meter até seu pauzão cair. — falou com tanta seriedade, que Oliver ficou com vergonha para ela.

— Você está tonta... vamos embora. — disse fingindo não ter ouvido ela falar do pênis dele.

— Não! — respondeu devagar, abrindo um sorriso imenso, antes de virar o resto do líquido na garrafa de tequila que estava em sua mão.

— Isabela, eu falo sério.

— Eu também. — respondeu sorrindo, ao mesmo tempo em que colocou a garrafa vazia nas mãos de Oliver. — Estou super séria hoje, você não reparou. — debochou, se virando de costas para ele e voltar a dançar como se ele não estivesse ali.

Isabela estava convencida que não deixaria ninguém estragar seu momento, sua construção de lembranças para a morte, já que ela estava no limite.

A CAMINHO DA ETERNIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora