A CAMINHO DA ETERNIDADE

Capítulo 30

"Temam menos a morte e mais a vida insuficiente"

- Bertolt Brecht

O sol se escondia devagar atrás da serra, se pondo no oeste e colorindo o céu azul de um alaranjado vivo, quase no mesmo tom da cor do cabelo de Isabela, que assistia a cena cantarolando baixinho Coldplay "Paradise", pensando que a letra da música tinha muito haver com ela. Que a magia que estava acontecendo nos últimos dias só podia ser um sonho bom, um sonho inventado por ela.

"Quando ela era apenas uma garota ela tinha expectativas do mundo. Mas voou para longe de seu alcance. Então ela fugiu em seu sono. E sonho como um para-para-paraíso... Toda vez que ela fechava seus olhos"

(...)

Isabela estava em paz e feliz como nunca pensou que fosse possível. Era verdade, a alegria vivia nos momentos, nas coisas simples, nos gestos e minutos de sorrisos eram suficientes para ela. Aquele dia tinha sido memorável e ela nunca se esqueceria dele. Toda a liberdade e a vida que sentiu, parecia transcorrer por seu corpo, dentro de suas veias.

— Hoje foi incrível. — Bela disse sorrindo e virando seu rosto para Oliver, que também sorriu, sem desviar sua atenção da estrada. — Eu saltei de paraquedas, nadei em uma cachoeira fantástica e subi em uma árvore, vendo o mundo de outro ângulo. Foi o melhor dia da minha vida. — afirmou, com os olhos brilhando. — Ah, também tive um o sexo muito delicioso, que me deixou bamba. — riu.

— Que bom que você se lembrou um pouquinho de mim. — disse brincalhão, colocando a mão na perna dela.

— Bobo. Nada disso seria possível sem você. — sorriu grata, repousando sua mão sobre a do lutador na sua perna.

— A gente tenta fazer o que pode... — foi humilde, ficando sem graça. — Faltam quantos itens da sua lista? — perguntou curioso.

— Só falta beijar na chuva e viajar pelo litoral. — contou, virando seu rosto para Oliver, que a olhou carinhoso.

— Na primeira chuva você pode riscar esse desejo. Vamos protagonizar um beijo de cinema. — avisou piscando para ela, fazendo-a gargalhar, feliz com sua sorte, com o homem ao seu lado. — Agora quanto a viajar pelo litoral... talvez quando eu voltar dos Estados Unidos... — Oliver não conseguiu terminar seu raciocínio.

Em questão de dias a vida e a cabeça racional e prática do lutador deu um giro de 360 graus. Ele sentia-se mal em lembrar que faltava pouco para se mudar e ficar longe de Isabela, tanto que Oliver estava evitando pensar no assunto. Ele nunca tinha amado nenhuma mulher, ainda era muito jovem, estava apenas no início de sua vida, mas ele já amava e muito, a ponto de seu coração doer.

Oliver deveria estar ansioso e feliz, animado para se mudar, pois iria realizar seu sonho de ser um lutador profissional de MMA do UFC. Era o contratado mais jovem da história, seu carde estava ótimo, ele tinha tudo para se tornar o campeão da sua categoria e uma lenda no mundo dos octógonos. Ele treinou por isso anos, desde de criança e quando assinou o contrato, comemorou por semanas. Já tinha reservado hotel, comprado a passagem, organizado toda sua mudança, mas depois de Isabela tudo estava com um gosto diferente, um gosto quase sem graça. O lutador não queria desistir da sua carreira, mas também não queria desistir do amor e não sabia o que fazer.

— Quando você vai? — Isabela perguntou, rígida.

— No final do mês, daqui duas semanas e meia. — respondeu, sem virar o rosto para ela, sem ter coragem de encará-la, para que ela não percebesse o quanto estava doendo nele.