Amar, o que é? - (Romance Gay)

Capítulo 1 - Primeiro Dia --- 1ª PARTE: DESCOBRIR --- DEGUSTAÇÃO

Entre a dúvida de estar acordado ou sonhando, começo a ouvir aquela música de piano que não me é desconhecida. Ah, droga! É o despertador tocando! Dois meses de férias sem ouvir esse som, mas hoje é o primeiro dia de aula e preciso levantar cedo. Como eu queria mais cinco minutinhos na cama... Acho que é nessa hora que começamos a perceber como o tempo é relativo, nesse pequeno intervalo da opção soneca do celular, até novos sonhos surgem, e os cinco minutos parecem ser meia hora de soninho a mais. Enfim, tenho é de levantar mesmo, porque quero chegar cedo ao colégio.

Novato, putz! Não paro de pensar que estou indo para um colégio novo. Ser novato, que coisa chata. Sempre fui muito tímido, e para piorar vou entrar no ensino médio em uma escola nova. Opa, nem me apresentei, né?! Chamo-me Daniel, tenho 16 anos e estou entrando no 1º ano do ensino médio. Fisicamente sou um garoto comum, não sou malhado, mas também não sou magrelo. Tenho cabelos pretos e olhos verdes... E acho que é o que eu mais gosto em mim, meus olhos verdes. Ou pelo menos é a coisa que mais elogiam em mim. Sou branquinho – na realidade até de mais, praticamente um branquelo – preciso ir à praia pegar um bronze. Marquinha de sunga sempre é legal.

Ah, sim! Aviso logo que minha cabeça é um turbilhão de pensamentos. Enquanto estou fazendo as atividades normais, vou me perdendo em ideias e auto-conversas. Agora mesmo, enquanto falava com vocês, já coloquei até o uniforme novo.

Já com a farda no corpo e me olhando no espelho que começo a sentir que as aulas estão voltando. Não vou dizer que não gostava das férias, mas já estava meio entediado de ficar em casa, além disso, quero esquecer meu passado de timidez e fazer novas amizades. Também tem o fato de minha mãe estar me cobrando uma namorada. No passado eu já tive alguns relacionamentos rápidos, algumas trocas de mensagens e carinhos com algumas garotas. Entretanto, sempre foi algo passageiro e superficial. Nunca consegui aprofundar nenhum relacionamento desses. Nunca sabia diferenciar se o sentimento que era de amor ou de paixão. Na realidade, não sei muito bem o que falar sobre o amor, é que às vezes paro para pensar nele e fico um pouco confuso. No meu antigo colégio uma vez fiquei analisando um casal: uma menina loira, cabelos longos, saída de uma comédia romântica americana, e o namorado dela, um guri que jogava futebol, de costas largas e braços malhados. Eles passavam os intervalos juntos, sempre a via fazendo cafuné nele, abraços, e ficava imaginando o quanto devia estar bom. Nessas horas meu lado carente aflorava e sentia inveja deles. Mas ao mesmo tempo eu não sabia exatamente do que sentia inveja, se era deles, ou da imagem de relacionamento que eles me passavam.

– Daniel, não tá pronto ainda filho? Você vai se atrasar desse jeito! – minha mãe interrompendo meus pensamentos.

– To descendo mãe, fez meu café da manhã? – respondi, ou melhor, gritei a ela do meu quarto.

Quando olho para o relógio vejo que já se passaram 15min desde que parei em frente ao espelho do banheiro. De novo o tempo me enganando, queria que ele passasse assim rápido nas aulas de física, matéria do inferno!

Quando desci a escada e cheguei à cozinha, meu irmão já estava lá terminado de comer. O nome dele é Gustavo, ele tem 15 anos e cabelos pretos também, mas enquanto o meu é arrepiado, o dele é maior, tipo cabelo surfista. Gustavo herdou os olhos castanhos claros de minha mãe. Eu o considero o mais bonito, e também do jeito que já está alto, daqui a pouco ultrapassa meus 1.75 de altura.

– Daniel, você vai me atrasar vei, eu quero chegar cedo e conhecer as gatinhas de minha sala. – Gustavo reclamou comigo.

Sim, meu irmão é o oposto de mim. Sempre o vejo cheio de amigos e pegando muitas garotas. Ele gosta de esportes, joga futebol – joguinho que pessoalmente não curto muito, nunca fui fã, prefiro vôlei. Acho que meu irmãozinho vai ser igual ao malhadinho do casal que comentei, o popular namorando as meninas que mais me lembram aquele filme: "Garotas Malvadas".

– Terminem logo esse café que tenho uma reunião no trabalho e preciso deixar vocês logo no colégio. – disse meu pai.