Capítulo 12 - Ansiedade --- DEGUSTAÇÃO ⭐

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Hoje foi o quarto dia da primeira semana de aula. Alguns assuntos já tinham sido passados pelos professores para estudar em casa. Eu não queria relembrar os acontecimentos da aula de natação, então estudar até parecia ser uma boa opção para me distrair e mudar o foco dos meus pensamentos. Seria até bom para não acumular assunto e me desesperar perto das provas.

Eu coloquei em minha cabeça que todo o ocorrido foi efeito da fome misturada ao sol quente queimando minha cabeça. Eu tinha um histórico de me envolver em situações constrangedoras. Provavelmente parte da culpa pelo mal-entendido devia ser minha. Talvez eu tenha levado a sério demais a brincadeira, ou tenha ficado irritado sem motivo. Talvez se eu repetisse que nada aconteceu em minha cabeça, eu não ficasse toda hora relembrando todos os acontecimentos e me distraindo da leitura dos deveres de casa.

Aquela tarde foi longa, relendo várias vezes os mesmos parágrafos do livro para conseguir entender o assunto, pois a cada segundo eu involuntariamente me distraía. A ansiedade em ter novos amigos, misturado ao medo em passar novamente por situações ruins do passado me geraram uma angústia e dor de cabeça. Precisei tomar um analgésico para conseguir dormir naquela noite.

Sexta-feira era o dia que finalizaria minha primeira semana de aula. Acordei ainda pensando na vida, relembrando situações do passado da minha antiga escola e pensando nas situações do presente. Cheguei cedo ao colégio e sentei na fileira do canto direito. A Fernanda sentou em minha frente, repetindo os locais que sentamos durante essa primeira semana de aula. Atrás de mim, quem sempre sentou nessa semana foi o Bernardo. Mas os minutos passavam e ele não chegava. Perto da aula começar, o Jorge chegou e sentou atrás de mim. Fiquei incomodado, pois aquele era o local do Bernardo sentar. Mesmo assim não reclamei, porque a sala não tinha lugar marcado.

– Daniel, você tem crédito para ligar ou mandar mensagens de texto? – a Fernanda me perguntou.

– Tenho, por quê?

– É porque o Bernardo ainda não chegou, já enviei mensagem para ele, mas acho que ele deve estar sem internet.

– Quer ligar do meu telefone? – eu perguntei.

Ela aceitou, digitou o número dele e ligou. A chamada tocou umas duas vezes e depois foi interrompida.

– Ele desligou a ligação. Será que aconteceu alguma coisa? – a Fernanda falou preocupada.

Alguns segundos depois chegou uma mensagem de texto em meu celular:

"Esse número me ligou, quem é?"

Meu coração gelou um pouco quando eu percebi que era uma mensagem do Bernardo. Respirei fundo e respondi ainda nervoso:

"Oi, aqui é o celular do Daniel do colégio. Quem te ligou foi a Fernanda, ela queria saber se está tudo bem, porque você ainda não chegou."

Por mais que eu tivesse dito que a preocupação era da Fernanda, no fundo eu também estava nervoso para saber a que horas ele ia chegar. Durante todos os momentos eu ficava olhando para a porta da sala esperando-o entrar. Quando ele chegasse, eu não sabia como ia agir, mas mesmo assim eu estava ansioso esperando por esse momento.

Aguardei uma mensagem de resposta chegar em meu celular, mas nada aconteceu. O sinal para o início das aulas tocou, e ele não chegou.

Depois de uma longa primeira aula de história, eu continuei olhando para a porta da sala, para ver se o Bernardo tinha atrasado e ia entrar para a segunda aula. Entretanto, o novo professor chegou e a segunda aula iniciou. Então era isso, o Bernardo realmente tinha faltado. A ansiedade em vê-lo diminuiu um pouco, mas confesso que senti um leve sentimento de decepção. Talvez eu quisesse enfrentar logo essa situação e pôr um fim nesse mal-entendido entre a gente.

Amar, o que é? - (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora