Capítulo 18 - No Banheiro da Piscina --- DEGUSTAÇÃO ⭐

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– Você promete que não vai tentar fazer nada na aula de hoje? – eu perguntei ao Bernardo.

– Como assim não tentar fazer nada? – ele respondeu se fingindo de desentendido.

– Você entendeu o que eu quis dizer. Não fazer nenhuma brincadeira ou nenhuma tentativa de aproximação muito intensa. – eu falei já começando a ficar vermelho.

– Mas porquê não? A natação é um momento ótimo para a gente se divertir! – ele falou sorrindo.

– Sim, mas se divertir normal. Por favor Bernardo, prometa que não vai fazer nada diferente. Você sabe que eu quero ir devagar e eu não quero que ninguém perceba nada.

– Relaxa, Daniel. Eu não vou sumir com sua roupa de novo. A não ser que você me peça para sumir com ela, aí eu sumo. Sumo até com a minha junto.

Dessa vez o Bernardo falou em tom de piada, mas eu já consegui perceber que ele ficou um pouco vermelho enquanto falava isso. Apesar de ter coragem de insinuar piadas safadas, eu percebi que no fundo ele também tinha um pouco de vergonha ou timidez.

Fomos para o vestiário do banheiro com os outros meninos e o Bernardo cumpriu sua palavra. Lá dentro, a gente praticamente não se cumprimentou. Como chegamos cedo, tinham vários meninos trocando de roupa. Alguns iam para cabine colocar a sunga, mas outros simplesmente ficavam pelados na frente de todo mundo. Eu juro que eu tentava não olhar para eles pelados... mas era involuntário... Na verdade, eu não vou mentir: eu tentava sim olhar para eles pelados. Eu sempre tive a curiosidade de ver algum outro garoto pelado também. No vestiário do meu antigo colégio, todas as cabines tinham porta e ninguém trocava de roupa na frente dos outros. E tirando o Arthur, em uma situação que aconteceu em sua casa quando fui fazer um trabalho do colégio lá, eu nunca tinha visto outro garoto pelado antes. Eu fiquei tão nervoso com a situação, com medo do Bernardo ou outro garoto perceber que eu as vezes tentava espiar os outros garotos pelados, que em momento nenhum o Danielzinho ficou excitado.

– Vamos para o chuveiro. – o Bernardo me chamou após guardar suas roupas e voltar da cabine já de sunga.

– Vamos. – eu falei e segui ele para fora do vestiário.

A aula de natação foi tranquila. Nenhuma de minhas paranoias sobre alguém perceber algo aconteceu. Muito pelo contrário. Vários meninos faziam brincadeiras de tirar a sunga do outro, ou até apertar a sunga do outro e ninguém falava nada. Só algumas meninas que repetiam alguns termos como "viadagem", mas mesmo assim eu sentia que elas não desconfiavam da orientação heterossexual deles. Aos poucos eu comecei a perceber que era justamente o medo e o isolamento na tentativa de não chamar atenção, que acabava chamando mais atenção ainda.

Após o final da aula, enquanto eu pegava minhas roupas, notei que outros garotos também as vezes olhavam para os que ficavam pelados. Talvez a curiosidade em ver outras pessoas peladas não seja algo totalmente ligado ao desejo sexual, mas a sexualidade em si, ou seja, ao seu entendimento no mundo, ao entendimento do seu corpo, das mudanças que acontecem. E eu sei que a cada ano que fui ficando mais velho, fui percebendo que meu olhar as vezes ultrapassava a curiosidade pelo formato e se somava a um desejo que eu não sabia explicar. Mas como tudo parecia errado, ou foi me ensinado que era errado, eu simplesmente reprimi tudo, desde a curiosidade sobre as mudanças do meu corpo, até os desejos sexuais que começavam a surgir.

– Eu te avisei semana passada que as cabinas ficam lotadas. – o Bernardo falou enquanto sentava ao meu lado no banco do vestiário.

– Sim. Próxima vez acho que vou seguir seu conselho e ficar mais tempo dentro da piscina mesmo.

Amar, o que é? - (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora