Capítulo 17 - A Conservadora família Pignatelli --- DEGUSTAÇÃO ⭐

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Quinta-feira era véspera de feriado municipal em homenagem a fundação da cidade. Nos livros de história a gente sempre lia como a nossa região foi colonizada por europeus que vieram plantar cana de açúcar e café em nossas terras. Aqui era também um polo conhecido de tráfico de escravos africanos. Muitas famílias enriqueceram com essas atividades. A partir de 1930 com a revolução industrial brasileira, muitas dessas famílias perderam o seu poder das oligarquias agrário-comerciais e começaram a presenciar o surgimento de novos ricos através de grandes empresários e donos de indústrias. Mesmo assim, muitos monumentos, nomes de ruas e bairros, e até obras de infraestrutura, como pontes e viadutos, ainda recebem o nome de grandes famílias da época colonial. Uma dessas famílias, que possui poder de influência até hoje na política da cidade, é a família Pignatelli. Vários vereadores, prefeitos e até candidatos a governadores do estado possuíam esse sobrenome. E não era nada de se estranhar, que no aniversário da cidade, o grupo empresarial Pignatelli patrocinava algumas das festas mais populares.

– O que vocês vão fazer no feriado? – Fernanda perguntou a gente durante o primeiro intervalo.

– Acho que minha mãe vai querer visitar meu tio-avô na cidade dele. – o Bernardo respondeu.

– Eu não tenho nada programado. Provavelmente ficarei em casa. – eu respondi.

– Você vai para o camarote no Festival de Música em homenagem ao aniversário da cidade, não é? – o Bernardo perguntou a Fernanda.

– Sim. Por que vocês não vão comigo também? – ela perguntou.

– Camarote? Nossa, mas isso deve ser muito caro! – eu respondi.

– Mas para a Fernanda isso não é um problema, ela consegue as entradas de cortesia. Não sei se você sabia, mas ela é uma Pignatelle. – o Bernardo falou.

– Cala boca, Bernardo! Você sabe que eu não gosto que as pessoas saibam. – ela reclamou.

– Mas como as pessoas não vão saber? É só olhar a lista de alunos em qualquer mural e vão ver seu sobrenome.

– Mesmo assim, eu prefiro não comentar sobre.

Eu fiquei sem entender por qual motivo a Fernanda não queria que as pessoas soubessem seu sobrenome. Eu fiquei curioso, mas ao mesmo tempo, fiquei constrangido em perguntar, não parecia ser um assunto que ela gostava de mencionar.

Quando o intervalo acabou e as aulas voltaram, eu perguntei ao Bernardo porquê a Fernanda ficou tão chateada com o assunto. Ele me contou que no passado o tio dela foi vereador da cidade e acabou sendo acusado de desvio de verba, e que na época outros alunos do colégio implicaram com ela por isso. Mas que no final a justiça o declarou como inocente por falta de provas e o caso foi encerrado. Além disso ele me explicou que a Fernanda era diferente do resto da família. Ela não concordava com muitas das atitudes de sua família, e que inclusive já tinha fugido de casa pois sempre reclamava de sua avó. Parecia que a matriarca da família, Regina Pignatelli, sempre foi bem rígida na criação dos seus filhos e netos, exigindo deles alguns comportamentos, e recriminando outros. Entretanto, a Fernanda sempre foi contra certas normas de sua família. Inclusive, em uma época, ela teve grandes problemas familiares quando fez uma tatuagem escondida. Sua avó inclusive a levou em uma clínica para tentar a remoção via laser.

– Fernanda, mostra sua tatuagem pro Daniel. – o Bernardo sussurrou durante a 4ª aula.

– Nossa, mas você é bem fofoqueiro né, Bernardo? – Fernanda respondeu.

Apesar de inicialmente ter feito uma cara feia para o Bernardo, no final ela levantou um pouco de sua camisa, e mostrou um pequeno símbolo tatuado em uma língua que eu não compreendia: 翼. A tatuagem ficava no lado direito de sua costela. Eu provavelmente não tinha visto antes, porque na natação ela usava maiô.

– O que significa? – eu perguntei.

– Ah, muita coisa. Talvez um dia eu te conte a história toda. – ela respondeu com um olhar reflexivo e depois voltou a prestar atenção na aula.

O Bernardo sorriu para mim, e depois voltamos a prestar atenção na aula.

O colégio estava mais vazio. Parecia que muitosalunos tinham faltado a aula hoje. Provavelmente muitos deviam ter faltado paravigiar. A última aula era de educação física, mas especificamente, de natação.Confesso que eu fiquei um pouco nervoso ao imaginar que iria novamente paraessa aula junto do Bernardo. Sendo sincero, tinha uma coisa específica queestava me deixando angustiado. Durante essa semana, em vários momentos,involuntariamente, ao chegar mais perto do Bernardo, eu acabei ficandoexcitado. Eu sei que é algo que me faz parecer um tarado, mas é algoinvoluntário, e eu fico com muita vergonha toda vez que acontece, com medo dealguém perceber. E obviamente, na natação, de sunga, não é o local ideal paraque essa reação física do meu corpo aconteça novamente. E mesmo eu fazendo detudo para me controlar, era só de voltar a imaginar ele andando de cueca dentrodo vestiário que o volume da minha própria cueca aumentava.    

    

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