O filme que decidimos assistir era de terror com suspense. Muita gente o estava elogiando, falava que era um mistério que retratava a realidade de muitas pessoas, e por isso causava uma sensação de nostalgia com ansiedade para saber o que ia acontecer nas próximas cenas.
Eu e o Bernardo estávamos nos encontrando em um ambiente novo, diferente do colégio rodeado de colegas que íamos rever durante o ano inteiro. Ali, no cinema, a sensação era diferente: mesmo sabendo sobre o fato de pessoas desconhecidas serem curiosas em olhar e espionar a vida alheia, aquele local gerava uma sensação de liberdade maior. Não falo de liberdade física, mas de liberdade psicológica, ou seja, um conforto interno maior para meus receios. Nós não conhecíamos ninguém, não teríamos de revê-los depois, muito menos dar satisfações.
Quando entramos na sala do filme, as luzes ainda estavam acesas, e as pessoas estavam chegando e se acomodando.
– Vamos sentar no meio? Acho que a visão é melhor. – eu falei ao Bernardo.
– Não, vamos um pouco mais para cima. Aquele grupo ali vai ficar conversando e fazendo muito barulho.
O Bernardo me mostrou um grupo de outros adolescentes, sentados bem no meio do cinema, que já estavam entretidos entre eles mesmos, conversando alto, rindo, jogando coisas uns nos outros. Então acabamos indo sentar um pouco mais para cima, em uma área que estava um pouco mais vazia.
O cinema estava relativamente cheio do meio para baixo. A parte onde ficamos era a área com mais locais vagos, e principalmente, a área em que as pessoas sentavam um pouco mais afastadas uma das outras – geralmente casais que provavelmente queriam mais privacidade. Acredito que eu e o Bernardo acabamos inclusive nos enquadrando nessa situação.
– Ei, você está lindo, sabia? – o Bernardo me falou com um leve sorriso nos lábios, em uma fala calma e gentil.
– É... valeu... você também estava bem atraente lá fora. – eu respondi um pouco tímido.
– É eu sei! Inclusive algumas meninas vieram até me perguntar se eu não queria assistir filme com elas.
Como não podia perder a oportunidade de se achar, o Bernardo dessa vez respondeu com um sorriso metido no rosto.
– Como é que é? – reclamei com ele.
Confesso que não gostei muito de saber disso.
– Calma, calma! Eu respondi que já estava esperando o guri mais lindo do meu colégio!
Ele falou enquanto olhava nos fundos dos meus olhos, ou seja, mais uma de suas cantadas. Eu confesso que mesmo ele mostrando que era uma brincadeira, eu ainda fiquei com um pouco de ciúmes.
– Esse mesmo que está aqui de cara fechada, e que por sinal fica todo lindinho fazendo o estilo estressado.
O Bernardo já estava aprendendo a quebrar meu estresse. Não que eu seja uma pessoa naturalmente estressada, mas as vezes confesso que sou um pouco mal-humorado, e acima de tudo, bastante desconfiado. Eu quase sempre estou em "posição de defesa", mas aos poucos, a confiança na minha relação com o Bernardo começava a crescer, e entre sorrisos, timidez e brincadeiras, eu começava a me sentir mais seguro ao lado dele.
Ficamos conversando e rindo por alguns minutos. O Bernardo sempre que podia fazia alguma nova provocação para me deixar ou nervoso ou envergonhado. Eu, quando não sabia o que responder, enchia minha mão de pipoca e jogava nele. Ele revidava e acabávamos rindo como duas crianças fazendo bagunça no cinema. Só ficamos quietos quando as luzes do cinema apagaram e os trailers começaram. Acho que esse foi o momento em que a ficha caiu e percebi que aquele primeiro encontro realmente estava acontecendo. Continuamos comendo a pipoca e bebendo o refrigerante enquanto os trailers passavam. Quando o filme começou, apesar da timidez, eu levei minha mão até a mão dele. Ele sorriu, entrelaçou seus dedos com os meus e ficamos ali assistindo ao início do filme. Ficar de mãos dadas pode ser algo muito bobo para a maioria das pessoas, mas para mim, ali, naquele momento, e com aquela pessoa específica, o primeiro garoto que eu saí na vida, era uma sensação incrível. Mais incrível ainda foi a sensação de quando o polegar do Bernardo começou a fazer um carinho por cima dos meus dedos. Era um carinho simples, mas muito prazeroso. Depois de um tempo ele soltou minha mão e começou a acariciá-la por completo, num movimento que ia da ponta dos meus dedos até o final do meu braço. Eu queria poder retribuir o carinho dele, então coloquei meu braço em volta de suas costas, fazendo cafune em seus cabelos. Ele em contrapartida deitou sua cabeça em meu ombro e começou a fazer leves carinhos em meu peitoral, passando sua mão suavemente. Ficamos assim por alguns minutos de filme, até que ele quebrou o silêncio:
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Amar, o que é? - (Romance Gay)
RomanceDEGUSTAÇÃO NO WATTPAD / LIVRO FÍSICO À VENDA DESCOBRINDO O QUE É AMAR - LIVRO COM MAIS DE 1,9 MILHÕES DE LEITURAS , AGORA PUBLICADO NA VERSÃO FÍSICA PELA EDITOA GIOSTRI: O livro "Amar, o que é?" é uma obra de romance com temática LGBTQAI+ que retrat...