Capítulo 11 - Os Sons que Saem do Coração --- DEGUSTAÇÃO ⭐

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Mas o que foi isso tudo que acabou de acontecer? Pela primeira vez em minha vida, eu não consegui controlar meus impulsos e cedi aos meus desejos mais internos. É como se em meu corpo existisse uma luta diária e antiga entre a razão e os sentimentos. Em vários outros momentos o meu autocontrole suprimiu e calou esses desejos estranhos que surgiam. Entretanto, hoje, agora, eu não sei o que aconteceu, mas meu corpo agiu sozinho. Meu coração praticamente gritava para fora do meu peito, a descarga de adrenalina fazia tudo ser mais intenso.

Mesmo com meu lado impulsivo estando no controle, minha razão ainda tinha sua parcela de participação em minhas atitudes, e ela gritava para eu correr dali. Meu primeiro movimento foi me afastar do Bernardo. Eu não tinha coragem de encará-lo, mas eu sabia que precisava pedir desculpa pelo fato de partes do meu corpo terem encostado na barriga dele. E em meio a vergonha que eu sentia, eu comecei a levantar meu olhar em busca do dele.

Para minha surpresa, e alívio, o Bernardo ainda estava com sua cabeça baixa. Eu sentia que ele também estava com vergonha. Acho que nenhum de nós dois tínhamos a intenção de todos esses eventos constrangedores acontecerem. Tudo se sucedeu quase que naturalmente.

No início eu até pensei que foi o acúmulo de atitudes impulsivas que nos levaram até aquela cena

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No início eu até pensei que foi o acúmulo de atitudes impulsivas que nos levaram até aquela cena. Mas, depois reanalisando, talvez não tinham sido o acúmulo de ações impulsivas, mas sim, um conjunto de ações em que eu me permiti sentir algo que sempre esteve dentro de mim guardado. Foi um momento em que eu não me bloqueei, não tentei anular o que eu sentia. É como se pela primeira vez eu não calasse os sons que saem do meu coração. Sons que, mesmo sendo antigos e ecoados diversas vezes em minha vida, eu não os conhecia realmente. Eu tentei tantas vezes os silenciá-los que chegou ao ponto de eu saber que eles existiam, mas eu não os compreendia, não entendia o que eles falavam. Eram somente gritos abafados de um sentimento desconhecido e escondido.

Apesar de eu sempre me perder no tempo, eu sabia que já devia estar tarde. A aula de natação foi a última do dia, e todos alunos já estavam indo embora. Incluindo, o Gustavo, meu irmão, que pelo horário já devia estar no carro com meu pai reclamando de fome e do meu sumiço. Ou pior! Ele podia está me procurando pelo colégio e acabar me encontrando aqui! Se deparando com essa cena que eu não sei nem como explicar para mim mesmo como aconteceu, imagina para ele.

Eu decidi que precisava agir. O Bernardo ainda continuava com seu olhar baixo. E, apesar de eu achar que precisava pedir desculpas a ele, minha garganta estava bloqueada. Eu não conseguia falar nenhuma palavra, ainda mais se isso significasse ter de falar sobre o que estava acontecendo ali. Então eu olhei para trás e vi que ainda continuávamos sozinhos naquele local. Me virei de costas, vesti minha sunga e nadei em direção a borda da piscina. O silêncio se manteve, indicando para mim que o Bernardo não veio atrás, e provavelmente continuava parado onde estava. Eu sai da piscina, peguei minhas roupas na arquibancada, entrei no banheiro masculino, me tranquei em uma cabine e troquei de roupa o mais rápido possível.

Ao sair do banheiro, a piscina estava vazia. O Bernardo não estava mais dentro da água. Entretanto, um barulho de gemido quebrava o silêncio daquele local. Era um gemido misturado com soluço e respiração ofegante. Um gemido de choro. Procurei aquele som e percebi que ele vinha do banheiro feminino. Encostei meu ouvido na porta e confirmei que o som era de lá de dentro.

Tomei um susto quando meu celular começou a vibrar dentro de minha mochila. Era do Gustavo me xingando por mensagem e reclamando da minha demora. Comecei então a ir em direção a saída. Fui caminhando ligeiro para longe da piscina, para cada vez mais longe... Passei pela quadra, pela porta de saída do colégio e entrei no carro.

Por mais que meu pai e o Gustavo repetissem reclamações a despeito do meu atraso, minha cabeça não estava ali presente dentro do carro ouvindo suas reclamações. Ela estava no passado, ouvindo a voz dele, pensando nele, olhando para ele... Sim, ELE! Eu não conseguia mais usar a palavra "Bernardo". Ela fazia meu coração pulsar, dominar minhas vontades e meus desejos.

Eram tantos pensamentos que eu mergulhei em outra dimensão, em um universo paralelo em que eu não ouvia mais o som da razão, e só quem tinha voz, quem mandava, eram os sons que saiam do meu coração.

Eu já não queria mais pensar em nada. Coloquei meu fone de ouvido, liguei na rádio do celular e a música que estava tocando acabou conversando diretamente com meu coração:

"Estranho Natural

Será que te conheço desde a infância
Será que na infância eu parti
Prum mundo imaginado por você
Ou por você um mundo veio
E a infância assim se foi

Meucanto hoje dobra as tuas notasMe olhas como se fosse normalMe coro ao seguir a tua rotaMeu abraço te amarrota

Meu estranho natural"   

Meu estranho natural"   

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