Real e Imaginário.

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O andar de Lauren tornou-se mais pausado ao entrar no avião. A pressa que havia tido para percorrer os longos caminhos daquele aeroporto parecia ter desaparecido quando finalmente entrou na cabine.

Encaminhou-se para a primeira classe, agradecendo brevemente a bonita aeromoça que lhe mostrou seu assento. Deixou sua bolsa ao lado de seu banco, tirando seu casaco longo e preto, abrindo alguns botões da camisa de seda para então se sentar e revisar mentalmente tudo o que precisava fazer para que suas férias não se tornassem uma extensão do caos de seu escritório.

Havia trabalho oito meses sem um único domingo de folga.

A morte de Karla havia deixado Ferrara distante por três meses. Três meses estes que Lauren fez o trabalho dos dois presidentes, tomando a frente de todos os possíveis projetos e contratos, incluindo o grandioso contrato de Tóquio.

Estava esgotada e exausta.

O trabalho havia lhe roubado noites de sono dentro e fora do país.

Mais de dezoito projetos estavam em andamento e mesmo após a volta de Ferrara, o trabalho não havia diminuído. Ao contrário, havia aumentado.

Lauren não estava preparada para lidar com o olhar de Ferrara a cada vez que algo lhe lembrava de sua esposa. E também não estava preparada para o extremo e frio profissionalismo que havia surgido entre ambos, no lugar de uma amizade e parceria que vinham dos anos de faculdade.

Fora Ferrara quem havia lhe dito para tirar umas férias. E após uma semana de observação, Lauren havia se permitido tal descanso. Ferrara parecia equilibrado e lhe assegurou com todo o profissionalismo que poderia dar conta de sua empresa e que entraria em contato com Lauren se algo mais sério viesse a acontecer. O celular de Lauren estava ligado e o manteria desta forma até o final das duas semanas que havia tirado para reforçar seu exército mental.

Respirou fundo, relaxando em sua poltrona, pegando de sua bolsa, o folheto do local elegido para o seu descanso. Caribe. Ela havia escolhido o Caribe. Tanto pela proximidade, quanto pelo conforto. O hotel escolhido não era o melhor, mas sem dúvidas era o que procurava para duas semanas de descanso.

Localizava-se na Isla de Anguila e lhe daria a privacidade que necessitava. Desembarcou pela tarde, fascinada pela brisa quente que prometia conforto e relaxamento. Alugou um carro, dirigindo até o pequeno hotel, sentindo de imediato a atmosfera relaxante do lugar envolvendo-a.

Era elegante e muito proprício. Com boa estética, bem arquitetado e com um charme em sua construção que somente uma engenheira como ela seria capaz de detectar. Era maior e mais quente que o esperado. Tolhas macias e limpas, serviço competente de quarto, bar, restaurante e uma extensa área de piscinas que por pouco não se juntava com as águas cristalinas do mar.

Era exatamente o que havia procurado.

Um resort não lhe ofereceria a intimidade que havia encontrado ali.

Os funcionários a receberam com cortesia e educação, apresentando-lhe suas acomodações, ajudando-a com a mala e entregando-lhe os folhetos com todas as atividades do hotel e da ilha.

Os tons claros tanto do piso como da parede, predominantemente brancos, davam um ar mais intenso de frescor e harmonia nas habitações. Os móveis eram todos novos, bem escolhidos. Alguns poucos tapetes, vários quadros e arranjos específicos de flores brancas e amarelas em sua maioria.

A primeira coisa que fez foi arrancar de seu corpo aquela roupa.

Banhou-se, descansando sua mente, demorando mais do que achou que demoraria, não se preocupando em trocar o roupão macio e confortável por outra roupa. Desfez suas malas, abrindo as grandes janelas que a levaria diretamente para a areia pálida da praia e então à imensidão azul do mar.

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