Um

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Mia

O tempo era confuso onde se encontrava. Havia névoa, muita névoa por todos os lados tornando tudo ainda mais confuso.

Caminhava a espera de ouvir meus próprios passos ou de outra pessoa, porem era como andar em areia fofa e fantasmagórica. Ao longe ouvi vozes, apenas sussurros e risos. Ora gritaria de criança ora conversa de adultos, contudo não conseguia acha o local de onde vinha as possíveis vozes. Procurará em todos os lugares - pelo menos achava isso - caminhar ali era como andar quilômetros e não sair do lugar.
No fundo, a esperança de sair dali era como uma chama se consumindo. Agora estava quase certa que estava morta. Sorri sozinha e se admirou por onde sua imaginação a levou. Havia o Hades, o julgamento e então a sentença, não poderia esta morta, suspirou e pensou que talvez a morte fosse melhor que aqui, onde quer que seja, " viva " no  tédio, é frustrante.

Continuou a andar e andar ouvindo os sussurros como música de fundo, insistente e chata. Sentiu uma súbita vontade de gritar. Reprimiu a vontade e parou para respirar fundo.

De repente, os sussurros pareciam mais fortes e insistentes. - talvez estivesse perto de algo - Continuou parada temendo se mover e as vozes se cessarem. Logo os sussurros viraram um alto zumbido e milhares de vozes se misturavam gritando, rindo e conversando com fervor.

No primeiro momento quando a voz a chamou temeu por ser ilusão. Mas a voz continuou insistindo.

- Mia ... ouça me .. - a voz mesmo alta parecia vir de muito longe.

Parei olhando em volta mas tudo era branco, o barulho das vozes aumentavam minha ansiedade.

- Mia so me escute.. foque na minha voz.. me imagine !

- como irei te imaginar se não sem quem você é ?! - perguntei com o coração batendo forte e acelerado.

- claro que sabes quem sou minha heroína.. você me pertence, você e seu irmão..

Meu  coração parecia saltar do peito, temendo ser algo irreal sussurrou quase sem ouvir sua própria voz ;

- Mãe .

Como uma luz acendendo em sua cabeça lembrou se dela. Cabelos castanhos e sorriso fácil, olhos  determinados e expressão forte, como uma comandante.

Uma brisa passou pelo meu rosto como um beijo suave e quente. Névoa rodopiou sem fazer barulho e dissipou-se para os lados revelando do seu interior uma mulher, sua mãe.

Ela me olhava sorrindo.

- filha, finalmente te achei. - falou se aproximando.

Excitei em me aproximar. Temendo ser apenas uma visão ou algo não solido. A observei melhor e mesmo sendo a voz de sempre, ela estava mudada. Agora tinha cabelos grisalhos e rugas no rosto, seus olhos cansados me observando com o brilho dourado de sempre.

Me aproximei e toquei em seu braço, ela era real. A Abracei forte e me segurei para não chorar. Mesmo com a aparência de cansada ela era mesma mãe imortal de sempre.

Me afastei, cheias de perguntas e segurei sua mão.

- mãe o que faz aqui? Onde estou? E o que aconteceu com você?

Seu sorriso diminuiu e ela parecia ainda mais velha.

- Calma criança, o tempo é curto e temos muito o que conversar.  - falou alisando meu rosto.

Os filhos de Apolo e a ruína dos deuses ( livro 3 )Onde histórias criam vida. Descubra agora