Capítulo 2

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Luke Devereaux dava longas passadas sobre o carpete en­quanto fixava os olhos em sua presa. Quase nem notava o gerente editorial que o acompanhava, ou a multidão de olha­res femininos que o admirava. Toda a sua concentração, como também sua indignação, se dirigiam exclusivamente para uma mulher em especial.

 E ela lhe parecia tão linda quanto ele se lembrava — cabelos loiros e brilhantes que emolduravam um rosto quase angelical. Roupas de grife e um decote que evidenciava a beleza da junção dos seios empinados e perfeitos. Pernas longas e bem torneadas. Botas de couro até o limite dos joelhos e saltos finos e altos. Uma razão extra para que ele se mantivesse na defensiva. As aparên­cias muitas vezes enganam e aquela mulher não era nenhum anjo. O que ela planejara fazer com ele poderia ser considerado como a pior coisa que uma mulher poderia fazer com um homem. 

Estava certo que as coisas haviam saído de con­trole três meses atrás. E ele tinha que admitir que grande parte da culpa fora dele próprio. Seu plano inicial havia sido apenas lhe proporcionar uma lição sobre respeitar a privaci­dade alheia, e não tirar vantagens dela, como fizera.

Porém, ela também tinha sua parcela de culpa. Ele concluiu.

Luke jamais conhecera uma mulher tão incauta e impul­siva. E, afinal, ele não era nenhum santo. Quando ela o olhou e se derreteu literalmente diante dele, o que supunha que faria? Ele não conhecia ninguém que fosse capaz de raciocinar com clareza se estivesse nas mesmas circunstâncias. Como essa mulher esperava que ele adivinhasse que ela não era tão experiente quanto demonstrava?

Apesar de tudo, uma coisa era certa: Luke se sentia cul­pado por ter agido como agiu. E, após ter tido uma conversa com um amigo em comum, Jack Devlin, na noite anterior, toda a culpa e remorso que sentia deram lugar a um senti­mento muito diferente, quando o outro lhe contou sobre uma vida inocente que resultará de tudo aquilo. E Luke es­tava disposto a fazer o que tivesse que ser feito para protegê-la.

 Por mais que ela se ressentisse das injustiças que ele pu­desse ter-lhe ocasionado no passado, Luke não teria dúvidas em fazê-la curvar-se diante da vontade dele agora. E quanto mais cedo ela soubesse disso, melhor seria. Louisa DiMarco saberia que Luke Devereaux jamais abandonaria seu dever. Ele guardava muito bem as palavras do falecido Lorde Berwick, ditas no primeiro e último encontro muito tempo atrás: "O que não mata só o torna mais forte." E Luke aprendera aquela lição da pior maneira, quando tinha apenas sete anos de idade. Assustado e sozinho, em um mundo que não conhecia, precisou aprender a nadar rápido ou afundaria.

E agora era hora da srta. DiMarco aprender a mesma lição.

Luke aproximou-se da mesa de trabalho de Louisa e no­tou o brilho de fúria nos incríveis olhos castanhos, a pele sedosa e bronzeada incendiada pela ira e o nariz empinado em atitude de desafio. Por um instante ele se imaginou des­lizando os dedos por aqueles cabelos loiros e macios e subjugando-a com um beijo arrebatador.

Para resistir àquela tentação, preferiu enfiar as mãos nos bolsos das calças e manter a expressão o mais serena possível.

Luke notou que Louisa não se intimidou com a presença dele.

O novo desafio fez com que a adrenalina jorrasse abun­dante em seu sangue. Ensinar aquela mulher a encarar suas responsabilidades poderia ser prazeroso. Ele até antecipava a primeira lição: fazer Louisa confessar o que já deveria ter dito semanas antes.

— Senhorita DiMarco, se não se importa, gostaria de ocupar um minuto do seu tempo.

***

— Desculpe-me, mas quem é o senhor? — Louisa inda­gou, fingindo que não o conhecia e ignorando o espanto de Tracy.

— Este é Luke Devereaux, o novo Lorde Berwick — anunciou Piers, como se estivesse apresentando o "rei do universo". — Não se lembra dele? Você o incluiu na sua lista dos solteirões mais cobiçado no artigo que publicou há alguns meses. Ele é o novo proprietário da...

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