Capítulo 23

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Após a conversa com Mel, Louisa resolveu manter-se ocupada durante a tarde. Se pretendia seguir os conselhos da amiga precisaria estar atenta. Decidiu ir até a bibliote­ca da mansão que a sra. Roberts já havia lhe indicado a direção e ocupou um dos computadores disponíveis para pesquisar na Internet alguns artigos sobre os primeiros meses da gravidez. A boa notícia que encontrou era de que os enjôos iniciais tinham a tendência de acabar quan­do entrasse no quarto mês de gravidez. Ao ver a imagem de um feto de 6 meses, e as inúmeras possibilidades de complicações que poderiam ocorrer nos últimos meses de gravidez como a eclâmpsia e outras mais, as lágrimas sal­taram de seus olhos. Ela desligou o computador e secou as lágrimas com as próprias mãos. Ela tinha certeza de que tudo daria certo com o seu bebê, afinal, ela era sau­dável e costumava tomar muito cuidado com os seus há­bitos alimentares.

Para distrair a atenção aproximou-se da janela e contem­plou a magnífica paisagem. Começava a entardecer e os raios alaranjados do sol tornavam as flores do jardim ainda mais bonitas. Ela se perguntou se Luke por acaso teria sele­cionado algumas daquelas plantas exóticas. Depois considerou a hipótese muito remota. Não conseguia conciliar a figura daquele homem extremamente machista com a sen­sibilidade de alguém que gostasse de flores.

Apesar do horário, o calor ainda era intenso e ao obser­var um canto da piscina que dava para avistar do ângulo em que estava, a água lhe parecia fresca e convidativa.

A sra. Roberts lhe havia dito que havia uma seleção de roupas de banho à disposição dos hóspedes que quisessem desfrutar de um mergulho na piscina.

Subitamente a idéia lhe pareceu espetacular. O que acon­teceria se Luke a visse praticamente nua?

Um sorriso de malícia despontou nos lábios dela.

Seria tão perigoso quanto cutucar uma fera. Contudo, o desafio era uma tentação.

Mel estava certa. Luke Devereaux precisava receber uma lição. E como ele havia prometido cumprir a palavra e não tocá-la, era uma grande oportunidade para Louisa to­mar a iniciativa de provocá-lo.

Antes de sair da biblioteca, Louisa espiou para ambos os lados do corredor para ter certeza de que Luke não estava por ali. Queria surpreendê-lo com o pequeno show que im­provisaria. Mal conteve o riso só de imaginar o que ele sen­tiria quando se aproximasse da janela do escritório e a visse na piscina.

Segure as ações da Westling. Os preços alcançarão o pico na segunda ou terça-feira. Não as venda até que alcan­cem a casa dos vinte — Luke ordenou ao corretor da Bolsa de Valores em Nova York.

Já estava no telefone há mais de duas horas, acompa­nhando o relatório do fundo de ações que possuía das mais diversas empresas ao redor do mundo. Era uma tarefa à qual estava habituado. Ele tinha grande habilidade em lidar com os números e uma espécie de clarividência em perce­ber quais ações iriam subir ou baixar. E possuía também nervos de aço para suportar as oscilações do mercado. Luke adorava esse sobe e desce financeiro e curtia a adrenalina que jorrava por saber que em questão de segundos poderia perder uma vida de trabalho ou ganhar bilhões de dólares. E a paixão pelo desafio o tornou um bilionário. Porém, na­quela tarde, o entusiasmo pelo jogo parecia ter-se arrefeci­do. Pela primeira vez, o investimento lhe parecia mais uma obrigação do que prazer. E isso se devia ao pensamento constante em Louisa, principalmente depois de tê-la trazido para Havensmere.

Com o telefone em um ouvido ele caminhou distraidamente até a janela e viu Louisa saindo da piscina. O susto foi tão grande que ele quase deixou o telefone cair.

— Que droga! — Luke praguejou baixinho e apertou o aparelho com força.

Continuou observando Louisa, que naquele momento caminhava de uma maneira tão graciosa pelo deque, que mais parecia uma modelo desfilando em uma passarela. Fi­cou tão extasiado que a conversa com o corretor se resumiu a sucessivos hum-hum.

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