Capítulo 30

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Louisa desceu a escadaria do hospital e deu um longo sus­piro quando atingiu a calçada. Estava exausta. Passara a noite acordada e temia pelo que a ultrassonografia pudesse revelar.

Agora, tudo o que desejava era passar uma semana intei­ra na cama. Precisava contar as novidades para Mel e can­celar o compromisso para o café. Estava cansada demais para fazer outra coisa que não fosse dormir.

Estava vasculhando a bolsa para encontrar o celular, quando ouviu o guinchar dos pneus de um carro parando bem na sua frente. Ergueu a cabeça e reconheceu o con­versível. O último homem sobre a face da terra que desejava ver, acabara de sair do veículo e caminhava na sua direção.

— Já terminou o exame? — Luke perguntou ansioso. Louisa empinou o nariz.

— O que você está fazendo aqui?

Luke segurou-lhe um braço.

— Você está bem? E o bebê?

— O que lhe importa? — ela respondeu com frieza e ten­tou libertar-se. Não queria que Luke a tocasse, mas estava tão fraca que ele não teve dificuldade em mantê-la segura.

— Apenas responda a minha pergunta. O que o médico falou?

— Ele afirmou que está tudo bem.

Luke relaxou e libertou o braço de Louisa. Depois, sus­pirou com alívio.

— Tem certeza disso?

— Sim. Tenho certeza. Agora pode ir embora.

Louisa nem mesmo esperou pela reação dele. Girou o corpo e começou a caminhar na direção do ponto de ônibus mais próximo. O que Devereaux pensava sobre ela e o bebê já nem lhe importava mais.

Dera apenas alguns passos quando o ouviu gritar, logo atrás dela:

— Volte aqui! Precisamos conversar!

— Não temos nada para conversar — ela respondeu, sem interromper a caminhada. Se ela caísse na conversa dele mais uma vez, jamais se perdoaria.

Luke ultrapassou-a com facilidade e bloqueou-lhe o ca­minho com o próprio corpo.

— Por que não me ligou para falar sobre a ultrassonografia e o fato de o médico não ter ouvido o batimento car­díaco do bebê?

— E por que eu deveria? Você deixou bem claro que não queria se envolver em nossas vidas.

— Eu nunca afirmaria isso. O bebê é meu também.

Louisa podia sentir o pânico na voz dele e a preocupação no olhar. Talvez fosse alguma reação de culpa por causa do senso de responsabilidade. Porém, o fato de Luke assumir seu dever, não significava que ele a amasse. Portanto, se não fosse por amor, não lhe interessava a proteção que ele lhe oferecia. Ela se sentia plenamente capaz de lidar com a situação sem a interferência de Devereaux.

— Este bebê não é mais seu filho. É apenas meu. E pode estar certo de que conseguiremos sobreviver sem a sua ajuda. Por isso, pode parar de se preocupar com a nos­sa vida.

Luke estava tão surpreso com a reação de Louisa que nem mesmo conseguiu falar. Por um instante uma sensação de perda o invadiu. E quando ela tentou contorná-lo para prosseguir na caminhada, ele a impediu segurando-a pelos ombros.

— É evidente que precisa de rnim, Louisa. Como vai fazer para criá-lo? Se eu não assumir a paternidade, ele não passará de um bastardo. E pode acreditar que eu sei a amar­gura que alguém sente nessa condição. — Então, suavizan­do o tom, Luke acariciou-lhe um braço e felizmente sentiu uma ligeira reação em resposta. — Pense nisso, Louisa. Você e o bebê precisam de mim.

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