Louisa inalou o suave perfume das flores do campo e abriu as pálpebras.
Olhou surpresa as pesadas cortinas de veludo vermelho e o raio dourado de sol que penetrava através de uma fresta deixada no espaço de união entre os dois lados da cortina.
Ela piscou algumas vezes, porém a cortina continuava no mesmo lugar. Ergueu os olhos notou a cobertura da cama, ornamentada com o mesmo veludo da cortina. E então reparou nas pilastras.
"O que ela estava fazendo naquela cama em estilo medieval?"
Ergueu o corpo levemente e apoiando-se nos cotovelos correu os olhos ao redor do ambiente. O quarto era enorme. Pelo menos duas vezes maior que seu apartamento inteiro. Os móveis eram antigos, mas de excelente qualidade. Ela nunca imaginara existir um quarto tão grande em algum lugar.
Quando baixou o olhar para o vestido amarrotado, algumas imagens do que acontecera no dia anterior lhe vieram à mente, como um filme programado para avançar rápido: o olhar furioso de Luke enquanto se inclinava sobre a mesa de trabalho dela; a imagem tridimensional do bebê na tela do aparelho de ultrassonografia; os dedos longos e fortes de Luke apertando o volante; a pressão do corpo dele contra o dela no posto de gasolina...
Louisa saltou da cama e disparou na direção de uma das janelas. Os pés descalços afundavam na maciez do carpete. Afastou as cortinas e piscou quando a claridade repentina a ofuscou. Quando conseguiu abrir os olhos novamente ficou espantada com a paisagem que podia distinguir através da vidraça. Podia ver South Downs à distância. A antiga floresta que agora se reduzia a extensos gramados. Colocou-se na ponta dos pés e espiou para baixo e avistou os jardins que circundavam a casa.
Aquilo não era um sonho. Estava mais para pesadelo.
Luke tivera a ousadia de a sequestrar!
Louisa dobrou as mangas do robe de cetim que havia encontrado num armário e após ter escovado os cabelos, verificou como estava sua aparência no espelho do banheiro. Parecia mais jovem e extremamente miúda no robe, muito maior que ela. Não era exatamente esta imagem que ela gostaria de ostentar para enfrentar Devereaux. Pelo menos tivera uma boa noite de sono e um banho relaxante. Agora só lhe restava colocar as próprias roupas e procurá-lo. E, quando o encontrasse, ela o deixaria bem ciente do que pensava a respeito de crimes como o que ele acabara de cometer. Depois iria para casa. Não sabia exatamente como conseguiria fazer isso, já que estava descalça, sem carro e sem dinheiro. Pensaria em alguma coisa. O que não suportava era ser tratada dessa maneira.
Quando Louisa saiu do banheiro, ainda de robe, foi surpreendida pela presença dele no quarto.
— Bom dia, Louisa!
O som grave e intimidador da voz dele a enfureceu. Luke parecia completamente à vontade ocupando uma das poltronas junto à mesa de café. Vestia calça jeans e uma camiseta pólo azul. O traje casual a fez lembrar-se da noite em que ficaram juntos. Ela notou que as botas dela estavam acomodadas ao lado dos pés dele.
— O que está fazendo no meu quarto?
— Já é quase uma da tarde — ele se ergueu e caminhou na direção dela. — O almoço está pronto. Achei que poderíamos almoçar juntos no terraço.
Ela empinou o nariz no momento que ele estacou na sua frente.
— Não tenho nenhuma intenção de almoçar com você. E assim que me vestir, irei embora daqui.
Luke curvou os lábios num sorriso sarcástico.
Louisa sentiu o sangue subir ao ver que ele a media da cabeça aos pés. Como Demereaux tivera a ousadia de entrar no quarto dela sem o seu consentimento?
Ela nem mesmo havia colocado suas roupas e terminado a maquiagem. Poderia até estar nua! O que não daria agora por um pouco de gloss!
— Pense com calma — ele aconselhou, sem tirar os olhos do abdômen dela. — Precisa comer alguma coisa. Principalmente nessas condições. Não a deixarei ir embora sem se alimentar primeiro.
O tom de ameaça na voz dele a irritou ainda mais.
— Não pode me impedir! — ela anunciou e, passando por ele, escancarou a porta da suíte:
— Agora, saia do meu quarto!
Luke cruzou os braços contra o peito, recostou um ombro numa das pilastras da cama e ergueu uma sobrancelha. Não moveu um músculo sequer para obedecer o comando dela.
— Por mais que eu goste de suas pequenas explosões, Louisa — ele prosseguiu no tom arrogante que ela tanto odiava —, tenho de admitir que estou faminto. Por isso, por que não para de agir como uma criança mimada e me acompanha no almoço e então poderemos conversar como adultos?
Ela suspirou e retirou a mão da maçaneta da porta.
— Sinto informar que a criança aqui é você e não eu!
Louisa repousou as mãos nos quadris e estufou o peito.
Estava pronta para a briga. Só então reparou a atenção dele voltada para o seu busto. Baixou o olhar e notou que os movimentos bruscos que fizera afastaram as lapelas do robe e os seios estavam praticamente expostos. Louisa apressou-se em ajustar o robe. Sentiu os mamilos rijos se evidenciarem por baixo do cetim, reagindo ao olhar cobiçoso de Luke.
— O que estava dizendo? — Luke perguntou, distraído. Ela limpou a garganta, tornou a cruzar os braços frente ao peito e falou tentando demonstrar sua indignação:
— Não vou me sentar tranqüilamente e almoçar com você, depois de me seqüestrar!
Ele bufou e depois riu com incredulidade:
— Não acha que está dramatizando demais?
— Não. Não acho! — ela berrou com toda a força dos pulmões. Depois interrompeu-se para tomar fôlego. Arrependeu-se de ter gritado. Agir com histeria só serviria para adular o ego masculino. — Não estou dramatizando — repetiu com a maior calma que conseguiu. — Você concordou em me deixar na primeira estação de trem que encontrasse. Você mentiu para mim.
— Eu nunca lhe disse que concordava com essa idéia — replicou ele, com uma certeza absoluta.
Louisa vasculhou a mente tentando lembrar-se do que ele dissera ou não. Então recordou que ele deliberadamente apenas balançara a cabeça.
— Não importa o que você disse ou não. O fato é que sabia que eu não queria vir para Havensmere e por isso não deveria ter-me trazido. Simplesmente isso!
— Não é tão simples — ele retrucou e endireitou o corpo. Louisa deu um passo atrás quando o viu aproximar-se dela.
— Não chegue mais perto! — ela avisou com as palmas das mãos erguidas num gesto defensivo.
Luke prosseguiu avançando e ela recuou até recostar na parede. As mãos tocaram no tecido de algodão da camisa que ele usava e Louisa pode sentir-lhe a tensão dos músculos.
— Você estava exausta e abalada emocionalmente. E grávida do meu filho... — Luke acariciou-lhe um lado do rosto com o dorso da mão. A ternura que podia ver nos olhos dele a desconsertaram. — Acha que eu teria coragem de deixá-la sozinha num trem, nessas condições?
— O que eu acho é que você invadiu meu espaço pessoal — ela tentou argumentar com a voz ofegante por causa do calor que se espalhava rapidamente pelo corpo.
Ele lhe aprisionou o rosto entre as palmas gigantes e deu um sorriso eletrizante.
— Essa era a minha idéia — confessou Luke, enquanto inclinava a cabeça para um sussurro:
— Sabia que seus olhos ficam mais escuros quando está excitada?
***
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Sempre Amor
RomanceO sexy milionário Luke Devereaux apareceu no escritório de Louisa, a arrastou para o médico e exigiu que ela fizesse um teste de gravidez. E, para seu total horror e consternação, o resultado foi positivo! Três meses antes, Luke dera a Louisa uma no...