Capítulo 13

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— Estarei de volta em cinco minutos.

Louisa respondeu com um aceno de mão e suspirou no momento em que Luke bateu a porta do carro depois de sair. Acompanhou com o olhar os passos apressados dele, en­quanto cruzava a extensão da garagem e seguia na direção do elevador. 

Sentiu um tremor involuntário percorrer-lhe o corpo. Desligou o ar-condicionado do carro e praguejou em silêncio. Precisava parar de ser obsessiva com relação a Luke e ao mesmo tempo impedir que a personalidade dominadora dele a amedrontasse, caso contrário, estaria perdida.

Durante os primeiros quilômetros percorridos na rodo­via, eles não trocaram mais do que algumas poucas pala­vras. Louisa achou ótimo a princípio, mas à medida quero potente veículo se distanciava rapidamente de Londres, o silêncio começava a incomodá-la. 

Uma sensação de calor a invadia no momento em que se conscientizava da presença daquele homem atrás do volante. Cada vez que Luke troca­va a marcha, ela observava os dedos grossos e se lembrava de quando eles a acariciaram até que atingisse o prazer máximo. Para aliviar a tensão, Louisa decidiu ligar o rádio do carro. Para piorar, uma cantora famosa interpretava uma música romântica e sensual.

Luke curvou os lábios num sorriso provocante:

— Teve uma idéia excelente.

O tom rouco de voz fez com que a pulsação dela dis­parasse.

Louisa procurou se controlar. Tinha problemas maiores para se concentrar no momento do que se deixar seduzir pelo charme de Luke Devereaux.

Além disso, o desconforto físico não ajudava nem um pouco. Até aquele momento Luke precisara interromper a viagem por três vezes para que ela usasse o toalete.

Ele se comportara de maneira tolerante e gentil em cada uma das paradas forçadas. E ela agradecera mentalmente o fato de Luke não mencionar que a necessidade freqüente de esvaziar a bexiga era um sinal evidente de gravidez, do qual ela não prestara a mínima atenção. O fato era que Louisa se sentia cada vez mais preocupada à medida que se afastavam de Londres. O que fazer em relação ao seu trabalho? E como contaria para a família sobre a gravidez? Seu pai, sendo um homem essencialmente tradicional, com certeza se escanda­lizaria com o fato de seu primeiro neto ser concebido fora do casamento.

 Após ter passado a maior parte da adolescência tentando convencer Alfredo DiMarco de que ela seria per­feitamente capaz de cuidar da própria vida, era deprimente ter que enfrentar uma batalha semelhante, nessa altura da vida. E também haveria problemas quanto ao espaço. Seu pequeno apartamento ficaria ainda mais apertado quando o bebê chegasse. E ela nem mesmo podia concentrar-se na solução de seus problemas enquanto estivesse preocupada com o que Luke Devereaux estaria planejando. 

Se ele não tivesse mencionado o que acontecera naquela noite, Louisa não teria reagido de maneira tão irreverente. E ela tinha a impressão que ele sabia disso. Mas por que ele fizera ques­tão de levá-la para a mansão que possuía no campo? E por que razão ela concordara tão facilmente? Agora ela podia perceber claramente que a estada que ele sugerira poderia representar um completo desastre.

Contudo, Louisa não conseguia ter a coragem para di­zer-lhe que havia mudado de idéia e que gostaria que ele a deixasse na mais próxima estação de trem e ela poderia voltar sozinha para Londres. Com certeza, isso resultaria em uma nova discussão. Louisa não era do tipo que temia defender seus pontos de vista.

 O problema era que estava sem a mínima energia para sustentar outro desafio. E quan­to mais se afastavam de Londres, mais era difícil dizer o que pensava. Sua própria fraqueza a irritava. Ele bem que merecia ouvir umas poucas e boas. Ainda que fosse verda­de que ele não tivesse tido a intenção de humilhá-la naque­la noite e ela tivesse exagerado na reação, mesmo assim, não seria desculpa para o comportamento intimidador dele.

 Luke era o homem mais arrogante que ela já conhecera e Louisa não aceitava ser tratada como uma tola incapaz de cuidar de si mesma. Ela já agüentara o suficiente de seu pai, quando era adolescente, e sabia que homens assim de­vem ser enfrentados cara a cara. Se demonstrar suas fra­quezas, eles a dominam.

Então por que ela não o enfrentava de uma vez?

Embora o sol começasse a mergulhar no horizonte, o ca­lor no interior do carro se tornava insuportável. Quando Luke parou para abastecer o veículo, Louisa apanhou a bol­sa e aproveitou para sair do carro por alguns minutos, en­quanto ele permanecia na longa fila de veículos que aguar­davam para serem atendidos.

Ela caminhou na direção de um gramado próximo, onde estavam espalhadas algumas mesas de madeira tosca, ade­quadas para piqueniques. Imaginava que Luke demoraria mais do que uns 15 minutos para conseguir cuidar do carro. O tempo seria suficiente para Louisa descansar e preparar-se para enfrentá-lo em uma discussão.

Infelizmente, mesmo depois de escovar os cabelos e re­novar a maquiagem, ainda se sentia como se tivesse acaba­do de sair de uma selva — suada, dolorida e extremamente cansada.

Abriu a bolsa e guardou o kit de maquiagem. Ao avistar o celular, lembrou-se de que havia algumas coisas que pre­tendia fazer enquanto aguardava pela batalha. Precisava começar a colocar sua vida nos trilhos novamente. Embora estivesse chocada com a recente notícia da gravidez, não a usaria como desculpa para entrar em pânico — ou pior, para recusar-se a aceitar a verdade. Isso era justamente o que tinha feito nos últimos três meses.

Havia uma única pessoa em quem confiava para receber conselhos. E essa pessoa era sua melhor amiga Mel Devlin. Louisa já deveria ter-lhe contado sobre a noite que passara com Luke Devereaux. E o fato de Mel ter percebido as con­seqüências antes dela, comprovava o fato do quanto intuiti­va era sua amiga.

Decidida, Louisa pressionou os números do telefone de Mel. Ficou desanimada ao ouvir a gravação da secretária eletrônica.

— Oi, Mel. Sou eu, Louisa. Preciso falar com você. Eu estou... — ela hesitou. Não deveria falar sobre Devereaux ou o bebê numa mensagem gravada. — Eu estou ansiosa para lhe contar algumas novidades. Tornarei a ligar mais tarde.

Após encerrar aquela ligação, Louisa resolveu fazer outra. Dessa vez para o seu clínico geral em Camden. Essa era outra questão que pretendia resolver naquele mesmo momento. Não desejava prosseguir o pré-natal com a dra. Lester. Louisa não tinha condições financeiras para custear uma médica da Hartey Street e não iria per­mitir que Devereaux pagasse pelas consultas, que sem dúvida custariam uma fortuna. E principalmente por que não tinha certeza de quais eram as intenções dele com relação ao seu bebê.

Enquanto aguardava que a ligação se completasse, ela ergueu-se e espiou na direção das bombas de gasolina. De onde estava, não conseguia ver toda a extensão da área de serviço dos frentistas, contudo, não havia sinal de Deve­reaux. Tornou a sentar-se apoiando as costas na mesa e con­templando os carros que passavam em alta velocidade na moderna rodovia.

A secretária eletrônica da clínica foi acionada após o dé­cimo toque.

— Aqui é Louisa DiMarco quem fala. Gostaria de agen­dar uma consulta com o dr. Khan na primeira oportunidade.

Estarei disponível em qualquer data. Por favor, retornem esta ligação quando...

— Que diabos está fazendo?

Louisa gritou e deixou o celular cair. Girou a cabeça e viu Devereaux bem ao lado dela.

— Está louco? Quase me matou de susto!

— Por que estava agendando uma consulta? — ele quis saber enquanto segurava um pulso dela, induzindo-a a levantar-se.

— Estava ouvindo minha conversa? — Louisa esbrave­jou e socou o peito dele com a mão que estava livre. Era o mesmo que bater em uma muralha de pedra. A coragem a abandonou quando viu a ira flamejar nos olhos acinzentados. Tentou recuar, porém a mesa a impediu. Ele a sacudiu pelos ombros e Louisa ficou aterrorizada com tamanha fú­ria. O que havia de errado com ele?

— Você não vai abortar a criança — ele falou por entre os dentes cerrados. — Não vou permitir!

****

Mais  um capítulo, porque vocês merecem.

Aguardem as novidades!

Bjs *-*

Sempre AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora