Capítulo 3

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Ela nem terminara a frase quando sentiu que seus pés não estavam mais no chão. Indignada, começou a socar o peito que mais parecia uma parede sólida, antes de ser jogada feito um saco de batatas no assento do passageiro. Ouviu a porta ser batida e travada. Louisa ainda forçou com os joelhos para tentar abrir a porta novamente, porém seus movimentos eram restritos graças ao design justo do seu vestido.

No instante seguinte o carro se afastava em alta veloci­dade, fazendo com que o corpo dela tombasse pesadamente contra o encosto da poltrona.

— Acho melhor colocar o cinto de segurança, antes que se machuque — ele gritou para superar o barulho do motor.

— Deixe-me sair! Isto é um seqüestro! — as palavras saíram num grito furioso.

Manobrando o volante com apenas uma das mãos, Luke aproveitou a que estava livre para apanhar os óculos de sol do porta-luvas.

— Pare de ser melodramática — ele criticou e ajustou os óculos.

— Melodramática?! — Como ele ousava tratá-la desse modo? Nem mesmo o pai dela fizera isso e mesmo assim ela o enfrentara quando ainda era apenas uma adolescente. Com certeza não seria agora que iria suportar tamanha afronta:

— Como pode ser tão atrevido?

Ele diminuiu a velocidade do veículo para poder frear no próximo semáforo e aproveitou para falar:

— Acho que já demonstrei até onde a minha ousadia pode chegar. Você pode escolher entre me enfrentar e su­portar outra confusão, em que não conseguirá me vencer ou fazer o que eu digo e preservar sua preciosa dignidade.

Antes que ela pudesse pensar em uma resposta conve­niente, Luke engatou a marcha e acelerou assim que o sinal permitiu. Louisa quase saltou no banco.

— Já lhe avisei para colocar o cinto! — repetiu ele, en­quanto contornava uma esquina para seguir outra rua. Esta­va tão furioso que por pouco não atropelou dois pedestres que tentavam atravessar fora da faixa apropriada.

Luisa apressou-se em colocar o cinto de segurança. Afi­nal, não desejava se matar para salvar o amor-próprio. Em algum momento ele iria parar o carro, então ela aproveita­ria para falar o que sentia. Até lá, o melhor a fazer seria ficar calada.

Porém, o plano funcionou por apenas uns cinco minutos. A medida que ele diminuiu a velocidade do carro ao cruzar a Euston Road na direção da Bloomsbury, a curiosidade feminina a venceu:

— Aonde exatamente estamos indo, se é que me permite perguntar?

— Nossa! Quanta educação! — ele exclamou com um sorriso divertido.

— Não precisa ser tão sarcástico! Tenho o direito de sa­ber aonde está me levando!

Luke contornou mais uma esquina, freou e engatou a marcha à ré, retornando até estacionar em frente a um pré­dio de seis andares, com um terraço no estilo georgiano.

Ele desligou o motor do carro e apoiou um braço sobre o volante.

Direcionou o corpo na direção dela e falou:

— Agendei um horário para você — ele consultou o re­lógio. — Temos dez minutos — anunciou, como se aquilo explicasse tudo.

Os ombros de Luke pareciam mais largos do que Louisa se lembrava, trajando o terno de excelente qualidade e a camisa branca. Intimidador, ela diria.

Louisa espiou por cima de um ombro dele e leu a placa da rua.

— O que estamos fazendo na Harley Street?

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