Luke engatou a segunda marcha do carro e seguiu na direção da Regenfs Park. Ao mesmo tempo espiou Louisa com o canto dos olhos, que se mantinha silenciosa no banco do passageiro.
Ela passara os últimos dez minutos olhando através da janela do carro. E não trocara mais do que algumas palavras, desde que saíram do consultório.
Luke começava a ficar aborrecido. Pelo pouco que conhecia sobre Louisa DiMarco, sabia que ela não era do tipo calado.
No primeiro e único encontro que tiveram, ele ficara fascinado com a maneira como ela falava animada e quase sem parar. É claro que ele precisou agüentar o lado afiado da língua dela quando revelou sua verdadeira identidade. Entretanto, ainda seria preferível ouvir-lhe as críticas do que aquele insuportável silêncio.
Sem querer, ele acelerou mais.
O limite de velocidade do parque fora com certeza ultrapassado, porém, às três da tarde de uma sexta-feira e com a previsão do tempo anunciando um sol glorioso por todo o final de semana, o centro da cidade se encontrava praticamente deserto.
Enquanto a majestosa avenida, cercada de árvores centenárias, passava rapidamente pela visão das janelas do carro, Luke contemplava a reação de Louisa. Talvez o silêncio dela fosse até útil. Ele precisava se concentrar na situação e firmar sua posição.
Até aquele momento ele estava chocado com o comportamento irresponsável dela. Não lhe ocorrera a possibilidade de que realmente ela não soubesse que estava grávida. Não era sabido que as mulheres possuíam um sexto sentido com relação à maternidade? Era o que Luke pensava. Mas, pelo visto, Louisa não tinha a menor suspeita de que estava esperando um bebê.
No instante em que ele a viu deitada no diva para se submeter à ultrassonografia, parecendo ainda mais miúda no robe largo, o olhar assustado que ela exibia não demonstrava ser fingimento.
— Aonde estamos indo? — Louisa perguntou, interrompendo sem querer os devaneios dele.
— Para o seu apartamento.
Ela o olhou, surpresa.
— Ainda se lembra onde ele fica?
Ele apenas assentiu com a cabeça. Recusava-se a olhar para o rosto dela e demonstrar o quanto sofrerá naquelas 12 semanas. A angustiante lembrança daqueles olhos castanhos, os lábios cheios, as maçãs salientes do rosto bonito e a pele sedosa tão macia quanto aparentava.
Luke se recordava tanto do endereço, como também de cada detalhe da noite em que fizeram amor. A brisa fresca da primavera enquanto rolavam no gramado do Regenfs Park, após terem se despedido de Mel e Jack. O calor do corpo feminino contra o seu. O aroma das pétalas de rosa que inundava o ar. O sorriso cativante que exibia a brancura dos dentes perfeitos e os braços estendidos no momento em que tentava alcançá-lo, enquanto ele fingia fugir dela. O sabor do cappuccino que compartilharam na Camden High Street e a maneira graciosa como ela lambera os resíduos da espuma do leite grudada nos lábios.
Porém, as lembranças mais devastadoras eram relacionadas ao que acontecera depois.
Os braços frágeis dela enlaçados em seu pescoço, enquanto ele a carregava no colo para dentro do modesto apartamento. O sabor dos lábios dela, no mesmo instante em que ele lhe desnudava os seios, ainda nos limites do pequeno hall. Os suspiros de prazer quando Luke a conduziu ao clímax. E então, a musculatura apertada da intimidade feminina que o levou à loucura... Sim. Ele se lembrava muito mais do que simplesmente só o endereço do apartamento dela.
Louisa tornou a olhar para a janela e murmurou:
— Eu preciso voltar para o escritório. Agradeceria se você me deixasse lá.
— Estou pensando em levá-la para Havensmere. Passaremos no seu apartamento apenas para que pegue algumas coisas — Luke anunciou, sem nem mesmo se importar com o que ela acabara de dizer.
Louisa sentiu a cabeça girar como se estivesse prestes a sofrer um ataque. Cruzou os braços frente ao peito e respondeu com indignação:
— Sabe de uma coisa, Devereaux? Não sou obrigada a fazer o que você quer. Portanto, é melhor parar com esses planos agora mesmo!
Ele olhou rapidamente para o ventre feminino e falou com muita calma:
— Diante das circunstâncias, não seria mais apropriado se me chamasse pelo primeiro nome?
— Eu o chamarei pelo nome que me convier — Louisa sabia que estava sendo rude, mas não queria chamá-lo de Luke. Esse era o nome pelo qual ela o chamara naquela noite.
Ele não se importou com a provocação. Nem mesmo se deu ao trabalho de responder. Apenas a deixou fumegando de raiva até que estacionou o carro em frente ao prédio onde Louisa morava.
— Sei que está cansada e com o emocional abalado — Luke declarou no mesmo tom pausado que a deixava ainda mais irritada. — Posso entender que a descoberta da gravidez a deixou abalada.
Louisa permaneceu calada, mas fervilhava por dentro. Se ele pensava que a estava acalmando com aquela voz macia, estava muito enganado.
— Não pretendo acusá-la de nada — prosseguiu Luke —, mas temos muito a discutir a esse respeito. E acho que Havensmere é o local ideal. Por isso é para lá que iremos depois que apanhar suas coisas.
Ela descruzou os braços e, apoiando-os nas laterais do banco, endireitou o corpo como se estivesse pronta para a batalha:
— Será que não entendeu? Não quero ir a lugar algum com você!
Ele soprou alguns fios de cabelo que lhe caíam na testa e, com um profundo suspiro, tirou a chave da ignição.
— Sei disso.
Pela primeira vez, ela prestou atenção nas linhas de fadiga que ele exibia ao redor dos olhos. E, quando ele olhou na direção dela, Louisa notou o quanto ele estava abatido. Será que Luke estava tão aborrecido quanto ela com a inesperada gravidez?
Como se ele adivinhasse o que ela acabara de pensar, Luke discursou em tom ríspido:
— Quer gostemos ou não, produzimos um filho e teremos que arcar com as conseqüências. E a sua hostilidade não ajudará em nada.
"Perfeito!", ela pensou. Justamente quando começava a sentir alguma simpatia pelas atitudes dele, Luke retornava com a costumeira arrogância. Parecia que ele tinha o dom de mantê-la afastada. Contudo, algo que ele acabara de lhe dizer produziu um frio na sua espinha. O que Luke queria dizer por "arcar com as conseqüências"? Era um homem rico e influente. E já havia tomado a iniciativa de levá-la a um médico. E ela percebera que ele agendara um novo horário com a ginecologista. Será que estaria planejando pressioná-la a concordar em fazer um aborto?
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Sempre Amor
RomantikO sexy milionário Luke Devereaux apareceu no escritório de Louisa, a arrastou para o médico e exigiu que ela fizesse um teste de gravidez. E, para seu total horror e consternação, o resultado foi positivo! Três meses antes, Luke dera a Louisa uma no...