Capítulo 19

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Ninguém lhe ditaria o que fazer — principalmente alguém que parecia tão vulnerável na noite anterior, a ponto de até precisar enxugar-lhe as lágrimas e colocá-la na cama feito um bebê. Louisa precisava dele para cuidar dela. E, se ao menos ela admitisse aquela verdade, poderiam esquecer toda aquela tolice e se concentrar no que era mais impor­tante. E o alívio dos instintos estava no topo da lista.

E o que a fizera mudar o jogo tão de repente? Parecia tão derretida momentos antes. Ele ouvira seus gemidos e sabia que ela estava excitada. E mesmo assim recuou. Sabia que era teimosa e emotiva, mas não conhecia o lado determina­do da personalidade dela.

Luke roçou a nuca por alguns segundos e tentou concen­trar-se numa solução para o problema. O que mais importa­va em uma negociação era atingir o objetivo principal. E o seu objetivo era que Louisa permanecesse aquela semana em Havensmere. Só assim poderiam solucionar o que co­meçaram — na cama e fora dela.

Contudo, era óbvio que Louisa tinha um tipo de aversão a qualquer atitude que demonstrasse autoridade. Por isso, Luke precisaria agir com muita cautela.

Ele girou a cabeça e notou que ela o observava. O olhar fixo e determinado. As mãos firmes segurando as lapelas do robe.

A imagem era o de uma valente guerreira em vez da fi­gura inocente e frágil da garota que ele imaginara.

Luke não sabia explicar nem a si mesmo por que ainda assim a achava tão atraente.

No momento em que Luke decidiu se afastar da janela e aproximar-se de Louisa, notou os mamilos rígidos que se pronunciavam sob o tecido fino do robe. Ela não era tão imune quanto desejava aparentar. E de uma coisa Luke teve a certeza ainda que perdesse a primeira batalha, consegui­ria vencer a guerra.

Louisa percebeu que ele havia se acalmado, embora os músculos ainda parecessem tensos. Entretanto, se Luke não se desculpasse, ela estava decidida a partir. Porém, nos úl­timos segundos ela notara que não era o que realmente de­sejava. Não saberia dizer a razão. Afinal, eles tinham passa­do a maior parte do tempo brigando. E quando não estavam brigando... Bem, o poderoso desejo que sentia por ele não parecia mais tão intenso. Até que Louisa deparou com a fi­gura imponente que se aproximava e mergulhou no olhar acinzentado e devastador.

Luke Devereaux lhe parecia tão encantador quanto irri­tante. O homem era um enigma. E um amante sem igual.

Louisa queria saber mais sobre ele. Quem era, o que o tornava tão diferente dos outros homens e por que ela se sentira tão atraída por alguém que não possuía sensibilida­de maior que um mosquito?

Luke estacou na frente dela e enfiou as mãos nos bolsos traseiros dos jeans. A postura o fazia parecer cauteloso. O que Louisa considerou um bom sinal. Se ele se desculpasse naquele momento estava pronta para perdoá-lo.

— Eu fiz a coisa certa, trazendo você para Havensmere — afirmou ele.

— Se essa é sua maneira de pedir desculpas, deixa muito a desejar.

— Não vou pedir desculpas por ter feito o que deveria ser feito.

Louisa sentiu o estômago se contorcer. Ele não cedia nem um centímetro e sua falta de bom-senso a fazia sentir-se uma tola. Luke não passava de um machista arrogante. Estava claro que jamais conseguiriam ter um bom relacio­namento.

— Então, só me resta partir.

Porém, quando Louisa tentou passar por ele, Luke esten­deu o braço e a impediu:

— Espere. Você estava dormindo e eu não quis acordá-la — ela abriu a boca para protestar e ele pressionou um dedo nos lábios dela. — Deixe-me terminar. Apesar da minha preocupação em não acordá-la, agora eu vejo que não deve­ria ter falado com Parker antes de saber sua opinião.

Era óbvio que Louisa não esperava que ele fosse mais preciso. A rigidez do maxilar já deixava claro o tremendo esforço dele em assumir uma parte da culpa.

— E me promete que não fará isso de novo?

— Isso o quê?

—Tomar decisões por mim, sem me consultar antes. Houve um silêncio.

Por fim, Luke assentiu com relutância.

— Está bem. E você promete que irá passar a semana inteira em Havensmere?

—Claro. Tudo o que precisava fazer era me pedir de maneira apropriada — ela concordou com um sorriso.

Luke retribuiu o sorriso e afagou um canto da face dela com o polegar.

— Ótimo — e depois de consultar o relógio de pulso, avisou:

— O almoço será servido no terraço próximo da piscina. Peça a um dos empregados que a leve até lá, assim que es­tiver pronta.

Em silêncio, ela o viu afastar-se.

— Não demore. Estou faminto — ele avisou com um sorriso nos lábios antes de fechar a porta.

Ela fitou a porta por alguns segundos enquanto pergun­tava a si mesma por que razão não se sentia vitoriosa?

*****

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