Capítulo 24

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Estava se dirigindo à cozinha, quando Felippe apareceu, descendo as escadas.

- Aonde estava, Rafaella? Nem Dulce sabia onde você estava! Eu vou precisar sair e...

- Ele se interrompeu
quando viu o gato, enroscado em Rafaella, miando baixo e olhando ao redor.

Felippe ergueu as sobrancelhas e olhou para Rafaella.

- Vargas, eu encontrei o bichinho lá fora. Acho que escalou o muro e entrou aqui dentro das
propriedades.

- Rafa explicou, fazendo carinho no animal.

- Ele está ferido e frágil pobrezinho. É um filhote ainda.

- E o que você e eu temos a ver com este bicho?

- Felippe perguntou, áspero e frio.
Rafa apertou os olhos, incrédula com tamanha frieza. 

- Bem, você realmente não tem nada a ver. Mas eu tenho, não vou deixar o pobre animal lá fora para morrer de frio e de fome.

- Eu não quero animais aqui dentro.

- Ele apertou os dentes, lançando um olhar duro ao gato.

- Ele está

imundo, e deve estar cheio de doenças. Você sequer deveria tê-lo pego nos braços. Deixe esse bicho lá fora e vá se lavar.

- Não vou deixá-lo lá fora!

- Ela franziu o cenho.

- Não se importa com nada que não seja você mesmo, não é Vargas? Sequer um bichinho doente te dá pena!
Felippe suspirou, parecendo entediado.

- Não vai fazer diferença se o gato morrer na porta da sua casa, vai?

- Rafa perguntou, já sabendo a resposta.

- A menor diferença.

- Ele respondeu com ar gelado, quase divertido.- Pouco me importa se esse gato vai morrer de frio na rua, só não o quero aqui dentro!

Rafella sentiu-se arrepiar como nunca havia sentido. Deus, aquele homem era sem coração! Ele não era
humano!

- Vargas, será possível você ter nascido com essa crueldade? Ou será que algo no seu passado o deixou assim, desumano?

- Ela murmurou, olhando-o com uma seriedade quase pensativa.
As feições do marido se viraram, ficaram duras, e Rafa passou apressadamente por ele.

Foi para a cozinha e colocou leite em um pequeno pires. Colocou no chão e pôs o gatinho na frente.

O animal foi com tanta gana ao piris que quase caiu dentro. Rafa riu, acariciando o pelo do gato enquanto ele lambia o leite desesperadamente.

- Pobrezinho, está faminto.
Não se preocupe, eu não vou deixar ninguém colocá-lo para fora. Ficará aqui até se recuperar e engordar um pouco. Quando o gato raspou o piris, se espreguiçou.

- Ótimo, agora precisa de um banho.
O pequeno animal a olhou quase que com repreensão.

- Não, não me olhe assim. Você está imundo e se bobear deve ter até pulgas.

O gato ronronou, como se resmungasse. Sorrindo, Rafa o pegou no colo e o deixou seguro num braço, enquanto com a outra mão arrumava uma bacia com água morna, sabonete e um pano.

Deu um banho no gato, o enxugou e o olhou satisfeita.

- Agora está bem melhor, não?
O gatinho miou, se espreguiçando todo.

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