Capítulo 43

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- Calma...- Ela murmurou ao cavalo, acariciando-o quando o animal empinou devido à um barulho estranho vindo das árvores.
O barulho se repetiu, e Rafa olhou ao redor, assustada e ofegante.
De repente, ouviu risadas masculinas. O alívio inundou a morena, ao ver que não estava mais sozinha ali e que poderia pedir ajuda.
Dois rapazes saíram por entre as árvores, montados em dois enormes cavalos marrons. Estavam rindo.
Ambos tinham aspecto bem cuidado e eram jovens. Um tinha cabelos pretos, o outro cabelos cacheados e castanhos. Na hora em que viram Rafaella, pararam de rir e pararam os cavalos.

- Ora, ora...que surpresa agradável. Eu não fazia ideia de que encontraríamos uma princesa perdida por aqui. - O de cabelos pretos disse, com tom rouco e interessado.
- Bela surpresa.- O outro disse, esporeando o cavalo para chegar mais perto dela.

A morena piscou, olhando-os.

- Olá. Será que podem me ajudar?- ela perguntou.
- No que quiser...- O de cabelos pretos respondeu, trotando para perto dela.
- Sou Alberto. Esse é meu irmão, Henrique. O de cabelos castanhos sorriu de canto.
- Como se chama?
- Sou Rafaella.
- Rafella...- Marco murmurou com encanto.- Nome perfeito para uma criatura tão encantadora.
- Obrigada.- Ela suspirou, meio sem-graça.- Bem, então vão me ajudar?
- O que foi?
- É que me perdi...Não consigo encontrar um caminho de volta, mas vocês parecem conhecer muito bem isso aqui.- Rafa ainda estava ofegante, com o rostinho ansioso e os cabelos perto da testa suados.
- Podem me mostrar algum caminho que dê de volta ao campo?
- Podemos sim.- Alberto se aproximou com um olhar malicioso.- Mas não de graça. Que tal uma troca de favores?

Rafa franziu o cenho, começando a estranhar o olhar daqueles dois rapazes.

- Que tipo de troca?- Perguntou baixo.
Alberto trocou um olhar com Henrique, que sorriu levemente para o irmão.

- Acho que vai ser uma troca boa para os três.- Henrique disse, descendo do cavalo. Alberto também desceu do dele.
Rafa apertou as rédeas de seu próprio cavalo, meio confusa e assustada.

- Não entendi.
- Vamos lhe mostrar.- Com um sorriso malicioso, Alberto ergueu os braços e tirou Rafaella de cima do cavalo com a maior facilidade.
- Espere, o que está fazendo?!- Ela gritou, com o coração ao saltos.
- Se acalme, belezinha. Só estamos tentando ajudar.- Henrique sorriu, segurando-a.- Não quer sair daqui? Nós a ajudaremos, mostraremos o caminho...
- Mas antes você vai ter que fazer algo por nós também.- Alberto completou com malícia.
- Não! - Rafaella gritou, se debatendo.- Me solte!
- Pare de tentar fugir, linda, ou poderá se machucar.- Henrique a apertou mais.
- Não, por favor!- Ela se desesperou e começou a chorar.
- Não precisa chorar, princesa.- Henrique a abraçou por trás, deixando o pequeno corpo da morena preso entre ele e o irmão.
- Vai ser bom, prometo.- Alberto sorriu, rasgando o vestido dela.

Rafa gritou, se tampando e segurando o pano do vestido para cima.
Henrique mordeu o delicado pescoço da morena, por trás, e Alberto lhe apertou um seio. A morena quase vomitou, de tanto asco, o rosto delicado empapado de lágrimas.
Quando sentiu a mão dos dois descendo-lhe pelas coxas, por baixo do vestido, deu um grito estridente que fez um eco pelas árvores.

- Chega! Socorro!
De repente, todo o desespero ficou petrificado. O vento pareceu parar, as árvores ficaram silenciosas.
Alberto e Henrique olharam para trás, estranhando.

- Não deviam ter feito nada disso.- Rafa ouviu uma voz profunda, malévola, arrepiante...e ela bem conhecia aquela voz.

Olhou para trás, soluçando e segurando o vestido, e quando viu Felippe quase desvaneceu de tanto alívio.

O marido não a olhava, tinha os olhos cravados em Alberto e Henrique. Rafa até estremeceu, nunca vira aquele brilho obscuro nos olhos do marido.
Nem mesmo quando ele a pegara no quarto onde estava o quadro... Agora ele parecia possuído pelo ódio... E Rafa soube que não havia piedade.

- Você...- Alberto engoliu em seco.- É o Senhor Vargas, não?
- Sim.- Felippe respondeu calmamente. Estava rígido como uma estátua, as pupilas estavam dilatadas. Estava assustador - E por acaso sabem quem é esta moça?

Alberto e Henrique olharam para Rafaella e a soltaram. A morena tremeu e correu para o outro lado.

- Er...nós...
- Minha esposa.- O porte macio e calmo de Felippe era de dar arrepios, pois contrastava com sua expressão demoníaca.
- E-Esposa?- Alberto gaguejou, suando.- Nós não sabíamos...
- Eu imaginei. Suponho que se soubessem, não teriam tido tanta audácia.
- Claro que não...- Henrique engoliu em seco.
- E agora suponho que seja tarde demais para arrependimentos. - Felippe ergueu a cabeça mais para cima, deixando a luz marcar seu rosto. Os olhos dilatados de ódio, como de um animal, fizeram Alberto e Henrique tremerem.
- Nos perdoe...por favor, nós não sabíamos...
- Perdão é uma palavra que não consta no meu vocabulário. - Felippe respondeu friamente, a voz rouca e a expressão diabolicamente assustadora.

Mal acabara de dizer isso, ele puxou as rédeas do garanhão negro em que estava montado. O cavalo empinou, as patas dianteiras se movendo para frente. Com um relincho, o cavalo acertou os dois rapazes em cheio, com força, derrubando-os no chão. Em seguida Felippe esporeou o cavalo para frente, e o garanhão pisoteou os dois rapazes sem pena. A expressão do homem era totalmente fria, enquanto apertava as rédeas com ódio e fazia o cavalo ir para cima dos outros dois mais uma vez.
Alberto e Henrique berraram.

- Felippe!- Rafa gritou, assustada.

Ele não ouviu, parecia nublado de tanto ódio. Fez o cavalo ir para cima dos rapazes pela terceira vez.

- Pare! Está quebrando meus ossos!- Henrique berrou, com sangue na boca, tentando rastejar para fora do alcance do cavalo e de Felippe.

Quando os dois já estavam praticamente desmaiados no chão, sem forças Felippe desmontou do cavalo e foi até eles. Chutou o rosto de Alberto, e em seguida chutou Henrique.

- Pare...por favor...- Alberto se esforçou a dizer.
- Vão chegar perto da minha mulher novamente? - Felippe disse entre dentes, observando-os sem a menor piedade.
- Não...- Alberto virou-se e cuspiu sangue no chão.
- Ótimo. E tampouco vão tentar violentar outra mulher, nunca mais! - Felippe cuspiu e levou o pé até o meio das pernas de Alberto, pisando com força.
Alberto berrou tão alto que fez-se um eco. - PARE!

Antes que Henrique pudesse fugir, Felippe fez o mesmo com ele. Praticamente podia-se ouvir o som do órgão masculino dele se partindo.

- AHHHHHHHHH!
- Felippe! - Rafa se aproximou, em choque.
- Já chega, você vai matá-los!
Com um urro impaciente, ele chutou mais um vez os dois e se virou. Pegou Rafaella no colo e a colocou em cima de seu garanhão negro. Em seguida subiu atrás, passando as mãos pela cintura dela e segurando as rédeas.
Esporeou o cavalo e eles saíram à galope.

- Meu cavalo ficou lá.- Rafa murmurou, perdida.
- Depois alguém volta para buscá-lo.- Ele respondeu....

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