Capítulo 40

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No dia seguinte....
O café-da-manhã aconteceu em um clima pesado. Os criados sabiam da fuga de Rafa, e que Felippe tinha ido buscá-la, mas claro que não comentavam nada a respeito, pois se o patrão os ouvisse estariam perdidos.

- Não está comendo nada.- Felippe observou, de repente.
- Não tenho fome. - Rafa respondeu, mexendo em um pedaço de pão.
- Mas tem que comer.- Ele disse com dureza.- Se passar mal eu não vou ficar...
- Com licença.- D. Dulce entrou na sala de refeições, interrompendo a pré-discussão.
- Senhora, tem visita.
Rafa ergueu as sobrancelhas.

- Quem?
- A senhorita Aline.
- Sério? - Rafa foi se levantar.
- Diga que Rafaella está tomando café. Fique aqui, Rafaella. - Felippe ordenou.
- Sinto muito querido. – disse ironicamente- mas vou ver Aline agora.

Sem se importar, Rafaella levantou-se e saiu.
Assim que chegou na sala de visitas, viu Aline.
A loira caminhou até ela.

- Rafa! - A abraçou.
- Line ... preciso te perguntar se foi você que contou a Vargas onde eu estava.- Rafa disse com urgência.
- Rafa, foi para isso que eu vim! - Aline a olhou, se afastando. - Quando soube que seu marido tinha ido atrás de você e a trazido de volta fiquei paralisada. Não fui eu que contei! Tem que acreditar...
- Tudo bem, eu acredito. Só tinha que confirmar com você.- Rafa sorriu, e a loira retribuiu, aliviada.
- Faz alguma ideia de quem foi?- Aline perguntou.
- Nenhuma.
- Poxa.- Aline suspirou.- Logo quando estava tudo certo para você ir morar longe daqui, vem um abelhudo e conta tudo para o Vargas. Também não foi aquela criada?
- D. Dulce? Não. Confio tanto nela quanto em você. Creio que foi de outro modo que Felippe descobriu, mas ainda não sei como foi.
- Que estranho.. Mas o que ele fez quando te encontrou?- Aline a olhou, temerosa.- Ele lhe fez algo?
- Bom, não... Ele reagiu até melhor do que eu esperava, mas também a culpa de tudo foi dele. Ele me mandou embora. Eu só aproveitei a oportunidade para tentar escapar. Mas agora eu vi que não se pode escapar de Felippe.- Rafa murmurou sombriamente.

Aline e Rafa ficaram conversando por um tempo, e quando a loira disse que tinha que ir embora, as duas se despediram e Rafa foi deixá-la na porta.
Quando ia subir as escadas para ir ao quarto, Felippe apareceu e a segurou pelo braço.

- Nunca mais me desobedeça na frente dos criados, ouviu?- Ele repreendeu no ouvido dela, fazendo Rafa se arrepiar.
- Felippe, posso ser sua esposa mas não sou sua propriedade.- Ela retorquiu, olhando-o.- Não pode controlar minha alimentação, minhas amizades, ou minha respiração!
Ele apertou os olhos, estudando-a.

- É bom controlar o temperamento, Rafaella.- Ele soltou o braço dela e voltou pelo caminho de onde viera.

A morena soltou a respiração e voltou a subir as escadas.
Aquela vida não era para ela...

Dias depois...

Rafaella lia calmamente um de seus livros preferidos, na biblioteca. Aproveitava a paz daquele dia para reler aquele romance que tanto adorava. Jack miava em seu colo, enquanto Rafa acariciava de leve seu pêlo.

- Está lendo de novo esse livro? Quantas vezes vai repetir? – Uma voz rouca disse logo atrás dela.
Sobressaltada, Rafa largou o livro no colo e virou-se para trás.

- O que faz aqui, Felippe?
- Não posso mais entrar na minha biblioteca agora?- Ele ironizou, passando para a frente dela.

A grande figura forte fez uma sombra diante do corpo pequeno de Rafa, que estava sentada na poltrona.

- Pode.- Ela voltou a acariciar o gato, baixando os longos cílios.
- Não me respondeu.- Ele a observava.- Não cansa de ler este livro?
- É o meu romance preferido.- Ela deu um sorriso meigo.- Já li quatro vezes, mas não canso.
- E fala sobre o quê?- Ele perguntou com interesse, olhando-a de modo frio como sempre.
Rafa deu de ombros.

- É sobre uma terra encantada...sabe, com fadas, anjos, uma mocinha que parece uma princesa e um mocinho que enfrenta tudo por ela.- Ela de repente ergueu os olhos, achando que Felippe iria rir por ela gostar de ler um livro tão romântico, e que falava sobre encantamentos.

Mas para sua surpresa, Felippe não riu. Somente continuou observando-a.

- E porque você gosta tanto de lê-lo? - Ele perguntou.
- Não sei, a história dele é diferente. Mistura romance, com magia, e tudo mais. Eu gosto.
- Com licença.- D. Dulce bateu na porta e entrou.
- Sim?- Felippe virou-se para ela.
- Há uma visita esperando os dois na sala de estar.
- Quem é?- Rafa estranhou, porque normalmente quando chegava alguém querendo falar com Felippe, ela tinha que subir ao dormitório ou ficar na biblioteca. Os dois não tinham amigos em comum.
- Me acompanhem.- D. Dulce pediu
Rafa levantou, ainda segurando Jack no colo, e seguiu D.Dulce. Felippe foi logo atrás.

Quando chegaram à sala de estar , Rafa teve que engolir em seco, enquanto observava a figura que estava sentada na poltrona.
A morena de cabelos lisos até os ombros, olhos caídos e sorriso malicioso levantou-se da poltrona e foi até eles.

- Boa tarde...- Disse coma voz rouca, olhando para Rafa e logo erguendo o olhar até Felippe.
- Patrícia?- Rafa murmurou.- O que faz aqui?
- Rafaella, até parece que não está alegre em me ver.- A irmã ironizou, mas de modo discreto.
Rafa não respondeu, suspirando e olhando brevemente dela para Felippe. Ele estava impassível.

- Como está, Patrícia? À que devemos a sua presença?- Felippe perguntou polidamente, indicando o sofá para que sentassem.

Quando se acomodaram, Patrícia sorriu de forma meiga.

- Ora, somente quis fazer uma visita. Conhecer a nova casa de minha irmã. Mas se estiverem ocupados, eu posso voltar outro dia...
- Imagine.- Felippe disse.- Eu não permitiria isso.
Ela sorriu afetadamente, se aproveitando do cavalheirismo de Felippe.

- Perfeito. Então creio que meu dia hoje será muito agradável. Mas antes de conhecer a casa, que por sinal é belíssima, posso pedir um suco? (folgada)
- Claro.- Felippe acenou para um criado, que logo se aproximou.
O criado saiu em seguida para buscar os três sucos.

- Mas o que é isso, Rafaella?- Patrícia perguntou de repente, se dando conta de que a irmã segurava Jack e o acariciava.

Ela olhou para o colo, puxando o pequeno gato (que estava maior pelo fato de estar sendo bem alimentado e cuidado) para cima.

- O nome dele é Jack.- Rafa sorriu para o animalzinho, que a adorava.
- Você...cria um gato?- Patrícia pareceu enojada.- Deus, sabe que animais como esses podem passar milhões de doenças?
- Não creio, ele é bem cuidado.- Rafa respondeu, erguendo um olhar frio para a irmã.
- Ao menos é de raça?
- Não sei responder. Encontrei Jack abandonado fora da Mansão.
- O quê?- Patrícia olhou para o gato como se ele fosse uma coisa asquerosa.- Achou esse animal por aí? Felippe...- Ela virou-se para o homem.- Você não devia permitir que minha irmã cumprisse todos seus caprichos. Desde pequena ela sempre foi muito voluntariosa, e se deixar que ela faça o que queira vai acabar mimada.

Rafa escancarou a boca :o.
Sua irmã tentava causar um conflito e a ofendia daquele jeito na cara dura? E na sua frente? Deus, a irmã parecia piorar a cada ano.

- Patrícia...
- Rafaella.- Felippe repreendeu.- Patrícia, eu não acho que o fato de Rafaella ter um animal vá me fazer um marido tolo, ou fazer dela uma mulher mimada. Mas sobre o fato de você ter chamado-a de voluntariosa...- Ele olhou de soslaio para a esposa.- Isso eu tenho que concordar.
Rafa o olhou com indignação. E Patrícia não sabia se ficava sem graça pela resposta dele, ou se sorria por ele ter concordado com ela na última frase.

- Bem...quer me acompanhar agora para que eu mostre a Mansão?- Ele propôs.

Patrícia afirmou com a cabeça.- Mas é claro.
- Vem conosco, Rafaella?

De repente Rafa sentiu-se mal e indesejada. Levantou do sofá, depositando Jack sobre as almofadas, e respondeu com irritação:

- Não. Pode levar Patrícia, Felippe. Eu tenho algumas coisas a fazer agora. Não vai se chatear, vai irmãzinha? - Perguntou com sarcasmo.
- Imagine, querida! Tenho certeza de que seu marido vai me fazer uma adorável companhia. - Patrícia deu um sorriso cheio de más intenções, sem que Felippe notasse.
- Perfeito.- Rafa forçou um sorriso e passou por eles.
Subiu correndo as escadas em direção ao quarto, e ao entrar fechou a porta e se jogou na cama. Sentia um aperto na garganta.

Um Casamento forçado Onde histórias criam vida. Descubra agora