Capítulo 36

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O lugar era de uma escuridão total e Rafa tremeu, engoliu seco e procurou algum interruptor.

Foi andando lentamente, procurando uma forma de acender a luz. Andou até o final do esbarrando em algumas coisas até acha uma pequena abajur. Ia se virar, quando viu em sua diagonal uma espécie de
tapete de camurça pendurado pelo teto até o chão, num canto afastado. Curiosa e intrigada, ela se aproximou. Quando estava bem perto, viu que o tapete parecia cobrir algo. Impulsivamente,  puxou o tapete para o lado e ofegou de surpresa. Havia um quadro!
A mais bela pintura que Rafaella já tinha visto. Era o retrato de uma mulher...
Bem, não uma mulher feita. Uma moça, mais ou menos da idade de Rafa. Ou até mais nova.
Era loura, de olhos verdes, pele corada. Muito bonita. Os cabelos eram lisos, e os olhos eram ternos. Ela usava um vestido branco, e sorria. A pintura mais parecia uma foto, de tão perfeita que era.
Impressionada, Rafa ergueu a mão e tocou o quadro. Quem seria aquela bela moça loira? E porquê Felippe guardava aquela pintura escondida tão misteriosamente?

De repente, como se a magia do momento se rompesse, Rafa sentiu uma presença logo atrás de si.

- D. Dulce, eu...- Rafa se virou, e foi com horror que viu Felippe respirando fortemente perto dela.
Ele a olhava com tamanho ódio e ira, que mais parecia um touro feroz prestes a saltar em cima dela. Rafaella ficou pálida, e só então percebeu que nunca tivera tanto medo como naquele momento.

- Vargas ...-Ela exclamou, quase sem voz.
Com medo, Rafaella voltou a olhar o quadro, e depois se afastou.

- O que faz AQUI?- Felippe gritou a última palavra de um modo rasgante.
- Eu...- Ela continuou se afastando, o máximo que podia.

Felippe bufou, feito um leão que acabara de ver outro animal querendo roubar sua caça. Ele foi até o quadro, jogou-o no chão provocando um estrondo que assustou Rafa ainda mais, e em seguida puxou o tapete para cobrir.
Rafa deu um pulo, sentindo as veias congeladas de temor.

- Será que não prestou atenção quando eu disse que você JAMAIS poderia vir aqui sozinha? - Ele urrou, agora indo na direção de Rafa. Parecia querer matá-la; sua expressão estava congestionada de ira, e seu pescoço forte latejava.
- Prestei, mas...- De olhos arregalados, ela começou a correr de costas (de ré) ainda virada de frente para o marido.
- Você NÃO TINHA O DIREITO de se meter na minha vida!- Felippe, com três passadas largas, foi até a morena e a pegou com tanta força pelos ombros que ela achou que seus braços partiriam. Ele a sacudiu com força.
 - Vargas, me perdoe! Eu só... não havia ninguém e a porta estava aberta...
- E POR ISSO achou que podia vir se INTROMETER?- Ele parecia fora de si.

Tinha os olhos saltados.

- Quem é a mulher do quadro?- Rafa arriscou, observando-o.

Foi o maior erro que poderia ter cometido. Felippe ao ouvir aquilo ficou pálido feito uma parede, e de repente desferiu um tapa no rosto delicado. A força foi tanta, que a moça caiu no chão e ficou atordoada por uns instantes.

- VARGAS!- Ela o olhou chocada, com os olhos brilhantes pelas lágrimas e a mão pequena em cima da bochecha vermelha e quente.
- NUNCA mais ouse falar deste quadro! Você não tinha o direito, Rafaella! NÃO TINHA!
Quando a morena levantou-se do chão, Felippe foi para cima dela de novo. Ela o olhou, chorando de susto e medo.

- Vargas, pare! Parece um demônio!- Ela gritou, tremendo, ao vê-lo tão fora de si.
-ESPERO QUE ESQUEÇA o que viu aqui!!- Ele berrou, empurrando-a. Rafa se desequilibrou.
- O que está acontecendo, por Deus?- D. Dulce apareceu, pálida e nervosa.

Viu Felippe empurrando Rafa com força e a morena chorando.

- Patrão, deixe a moça!!!
Ele a olhou, quase soltando fumaça pelo nariz. Rafa aproveitou a distração e escapou dos braços do marido, que a machucavam, e saiu correndo em puro desespero. Felippe foi atrás dela.

- Me deixe! - Ela gritou, tremendo e olhando para trás.
- Volte aqui!  Você vai aprender uma lição, e agora!!
Ele a alcançou e a agarrou pela cintura, derrubando-a no chão. Quando ficou por cima dela, começou a tirar o cinto da calça.

Rafa arregalou os olhos, se debatendo.

- O que vai fazer??
- Vou fazer você aprender uma coisa, e NUNCA mais ousar fazer algo parecido com o que fez! Jamais irá passar por cima de uma ordem minha de novo!!

Ela gritou, tentando sair debaixo dele. Mas Felippe já tinha tirado o cinto e o segurava firmemente na mão.

- Não pode me bater!- Ela urrou.
- Posso. Sou seu marido e vou fazê-lo.- Dizendo isso, Felippe agarrou uma coxa de Rafaella, segurando-a por debaixo da perna e subindo-a até sua cintura, e com a outra mão desceu o cinto até a coxa dela (perto da nádega) com um estalo.

Rafa gritou.
- Nunca mais vai me desobedecer, ouviu?- Ele disse, subindo o corpo de Rafaella (com uma mão pelas costas dela) até que o rosto dela ficasse à centímetros do seu.

Subiu o vestido que ela usava com uma mão, deixando a coxa exposta, e ia descer o cinto em cima da pele fina quando Dulce voltou com mais um criado.

- Senhor, largue-a! POR DEUS!
- Não se meta, Dulce!-Ele urrou, virando a cabeça para a criada.
- Me solte, seu demônio!- Rafa berrou, se debatendo e se soltando.

Felippe a olhou.

- Você vai sair daqui...- Ele se levantou e foi puxando-a pelo braço.
- O quê?- Rafa o olhou, atônita.
- QUERO QUE SAIA!- Quando chegaram no portão da Mansão, Felippe abriu com violência e jogou Rafa para fora, como se fosse uma tralha.- Não suporto te olhar! Você foi longe demais!
- Mas para onde eu vou?- Ela gritou, assustada.
- Não me importa, SUMA daqui antes que eu a mate!- Ele gritou alto. Rafa pulou de susto por causa do grito e saiu correndo. Chorando, e com o coração aos pulos, só queria ir para longe dali...

Ainda pôde ouvir as exclamações de Dulce (“Mas ela não sabia, patrão! Vá atrás dela!”), e as respostas de Felippe aos gritos, mas aos poucos os sons diminuíram...e quando Rafa viu, tinha corrido muito. Lágrimas e suor se misturavam em seu rosto. Olhou para os lados e se viu sozinha...

Um Casamento forçado Onde histórias criam vida. Descubra agora