Capítulo 39

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O grito de Rafaella morreu na garganta. Pálida, sem voz, ela observou a luz cinza da lua iluminando parte de um rosto másculo e feroz. A outra parte do rosto estava obscura, quando Felippe moveu de leve a cabeça, olhando para Rafaella com um leve sorriso perverso.

- Surpresa.- Ele murmurou, com a voz rouca, eriçando cada pêlo do corpo de Rafa.
- Fe- Felippe ... ?- Rafa praticamente gaguejou.
Não podia ser...estava tendo um pesadelo! Só podia ser isso. Aquele homem não podia estar ali!

- Em carne e osso.- Ele respondeu, a voz arrepiante.

Rafaella gritou. Felippe foi mais veloz e logo estava apertando Rafa contra ele, tampando-lhe a boca.

- Achou que poderia fugir de mim, docinho ?
Rafa fechou os olhos, contorcendo-se nos braços dele, apavorada.

- Me solte!- Ela conseguiu tirar a mão dele da boca e em seguida lhe mordeu os dedos.
Felippe fez uma leve careta, tirando a mão de perto de Rafa.

- Sua pequena tigresa selvagem! Agora até morde?
- Não se aproxime!- Ela gritou, quando ele voltou a segurá-la.
- Como entrou aqui? Como me achou?
- Achou mesmo que poderia fugir de mim? - Ele pareceu incrédulo. - Rafaella Vargas, eu já falei e vou repetir: você é minha. Nunca vou deixá-la ir!
- Mas foi você mesmo que me pôs para fora e mandou-me embora!- Ela gritou, confusa.
- Fiz isso no fogo do momento, porque estava muito nervoso.- Ele disse com impaciência, apertando-a mais forte quando a morena tentou se desvencilhar
- Sim, eu sei! - Rafa o olhou com raiva. - Mas as coisas não serão sempre como você quer Vargas! Você me mandou embora!! Fez sua escolha! Eu não quero voltar para você, irei começar uma vida nova bem longe de você!
- Só por cima do meu cadáver. - Felippe endureceu a expressão. - Já disse que te coloquei para fora por impulso. Mas jamais pensei que deixá-la ir de verdade, no fundo só quis lhe dar um susto.
- Pois foi uma ideia muito cruel! Sabe-se lá o que poderia ter acontecido!

Felippe soltou a respiração.

- Sim, eu pensei nisso logo depois que você saiu. Mas isto foi para você aprender a não me desobedecer. Agora acho que pensará duas vezes antes de me desafiar, não?
- Como chegou até aqui tão rápido? - Rafa perguntou desesperada. Não queria ir com aquele homem! Não de novo!
- Assim que descobri que tinha fugido, peguei o primeiro avião para cá que encontrei. Para ser sincero, cheguei no aeroporto exatamente na hora em que seu avião decolava.- Ele respondeu com desgosto, parecendo ter ficado muito irritado com aquilo.- Muito azar meu e sorte sua. Mas saí em um avião logo depois.
Rafa gemeu.

- Quem lhe contou?
- O quê?
- Para onde eu vinha!
- Isso não importa. - Felippe deu de ombros. - O que importa é que eu descobri, pena que não rápido o suficiente para evitar esta sua viagem maluca. Mas mesmo se eu levasse dias, anos para saber...eu viria atrás de você, Rafaella. Te encontraria de qualquer maneira, fosse no céu ou fosse no inferno.

A morena se estremeceu toda.

- Então quer dizer que nunca vou conseguir escapar de você, não é? Você nunca me deixará ir.
- Nunca.- O brilho perverso e possessivo nos olhos dele aumentou quando ele deu um leve sorriso.
- Iremos pra casa agora por isso levante-se e arrume-se.- Felippe ordenou, levantando da cama quando achou seguro se afastar de Rafa sem que ela lhe golpeasse ou fugisse.
- Agora?- A morena balbuciou.- Mas é de madrugada! Não haverá avião nenhum...
- Oh sim, haverá.- Ele a olhou, indicando para que se levantasse logo da cama.
- Eu aluguei um avião, paguei uma quantia considerável ao dono para que me esperasse para nos levar de volta.
- Está me dizendo que pagou para que um avião voe, à essa hora, somente com nós dois de passageiros?- Ela indagou incrédula. 
- Exatamente.- Ele deu de ombros como se não fosse nada.

Minutos depois, o casal deixava o Hotel e ia em direção ao aeroporto.
Assim como Felippe dissera, o avião os esperava para levá-los de volta. 
Rafa estava perdida com aquele homem, que além de cruel, era muito poderoso...jamais poderia escapar dele.
Quando Rafa entrou de volta na Mansão, sentiu um calafrio. Estava de volta à prisão...de volta à vida ao lado do diabólico Felippe.
Olhou ao redor, frágil e pálida, enquanto o marido a seguia logo atrás.

- Ah, senhora.- D. Dulce apareceu, dando um abraço repentino em Rafa.
Quando Felippe foi deixar a mala de Rafa em um canto, para que algum criado levasse de volta ao quarto, Rafa perguntou baixinho:

- Foi você, Dulce? Você contou onde eu estava..?
- Não, senhora.- Ela suspirou, e a morena franziu o cenho.- Não sei como...mas, bem...
- Vamos subir, Rafaella. - Felippe se aproximou novamente, colocando a mão na cintura fina da esposa possessivamente.
- Que bom que está bem, senhora.- D. Dulce murmurou com um leve sorriso.

Felippe empurrou Rafa em direção às escadas, segurando-a firmemente, e ambos subiram.
“Será que foi Aline que contou? Não acredito...ela não faria isso. Deve ter sido de outra forma que este homem descobriu onde eu estava.” , ela pensava.

- Entre.- Felippe ordenou, quando chegaram na porta do quarto.
- Vargas, o que quer de mim?- Ela perguntou, cansada, adentrando no quarto.- Ao menos me deixe em paz, agora que conseguiu me fisgar novamente.- Resmungou.
- Não vou deixá-la em paz.- Ele disse com perversidade, agarrando-a pelos ombros e encarando-a de perto.
- E eu não a fisguei...e sim recuperei algo que já me pertencia.
- Eu NÃO lhe pertenço!- Rafa gritou, pálida e trêmula.

Estava tão nervosa com aquela situação...só de pensar que chegara tão perto de ter uma nova vida longe dali, mas que agora estava de volta, lhe embrulhava o estômago.

- Você tem que tomar algo.- Ele observou.- Está branca e parece fraca, o que foi?
- É você que me deixa assim, saia! - Ela gritou, prendendo o choro. Os olhos ardiam pelas lágrimas que queriam cair, tamanha a frustração que sentia naquele momento.
-Oh, não vai se debulhar em lágrimas agora, vai?- Ele perguntou, mas estava sério.- Aguentou durante a viagem, e durante esse tempo todo, sem chorar. Continue forte.
- Isso está cada vez mais impossível. Te odeio.- Ela murmurou, virando de lado para que ele não visse seus olhos brilhantes. Mas sentia que seu controle estava esgotado.
- Saia, Vargas.- Ela pediu, virando a cara, quando sentiu que os soluços estavam vindo.

Felippe ficou em silêncio.

- Está desse jeito porque eu a trouxe de volta, não é?- Ele perguntou baixo logo depois.
Rafa o sentia observando-a.
-Tem que aceitar que sua vida agora me pertence.- Ele disse.- Você me pertence, e eu não a deixarei ir.
O corpo pequeno de Rafa começou a tremer, enquanto ela tentava prender o choro.
- Já sei disso, Felippe Vargas, agora me deixe em paz.
- Você está tremendo.
- N-Não estou. - Ela foi até a porta e a abriu, como se mandasse o marido sair. Os olhos da morena estavam esgotados e cheios de água, mas ela não olhava para Felippe e mantinha o rosto erguido.

Ele foi até a porta, parecendo não saber se devia ir ou ficar, e olhou para Rafa. Ela se abraçou com os próprios braços, como se tivesse frio, e olhou para outro lado esperando que Felippe saísse. Mas ele não foi, se aproximou dela e a beijou.
Os olhos de Rafa explodiram de lágrimas e ela começou a chorar e soluçar.

- Pare com isso, Rafaella.- Ele mandou, olhando-a com dureza.
- Saia daqui..- Ela murmurou, quase imperceptivelmente por causa dos soluços, encostando as costas na parede e escondendo o rosto com as mãos pequenas.
- Não vou sair. Vamos, Rafaella, pare de chorar.
- N-Não posso.
- Tente! - Ele disse nervoso. - Engula os soluços, e seque essas lágrimas.

Rafa puxou ar, secando o rosto com as mãos rapidamente.
Mas logo novas lágrimas molharam-lhe o rosto novamente.
Felippe a olhou e a morena deu um passo para trás.

- Não consigo!!! N-Não posso controlar o choro, Vargas. Me deixe por favor!- Ela gemeu, se afastando.
- Droga. Vamos ver se com isso você se controla.
Ele se aproximou, agarrou-a pela cintura com força e a beijou esmagadoramente, prensando o corpo de Rafa na parede.
Os soluços dificultaram um pouco a situação, mas Felippe continuou. Rafa gemeu, tentando afastá-lo, mas o marido a segurava com firmeza.

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