Capítulo 11

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Fora um ano estranho, de conhecer novas pessoas e de me adaptar em uma cidade desconhecida.

Porto Alegre era uma linda cidade do Rio Grande do Sul. Era bem parecida com Poços, talvez pelos parques e árvores que se espalhavam pela cidade. Fazia muito mais frio, um frio úmido daqueles que entram pelos seus ossos, pelo menos era essa a sensação que eu tinha, fiquei seriamente doente no inverno. Conseguimos alugar um apartamento na Cidade Baixa, um bairro bem boêmio com vários barzinhos e restaurantes, tivemos que nos adaptar um ao outro no pequeno apartamento da Rua José do Patrocínio, o dinheiro era pouco, mas me divertia em ter responsabilidades, ter que pagar contas, fazer feira, etc., estar ali era bem especial.

A escola em que estudávamos era bem aconchegante. Os processos de aprendizagem eram meio loucos, mexiam com as nossas emoções, vez ou outra me distraía nas conversas, não conseguia estar inteira, algo me faltava, meu olhar se perdia e só percebia que não estava ali quando sentia alguém me tocar ou chamar meu nome, disfarçava um sorriso e uma alegria que muitas vezes não sentia, minha alma estava mergulhada em uma profunda tristeza.

Estudar me distraía, tinha os melhores professores e colegas que se tornaram irmãos. A gente se divertia nos fins de semana comendo um x-strogonoff no Cavanhas, era a primeira vez que comia um lanche com garfo e faca, outras vezes íamos tomar um suco natural na Lancheria do Parque. Eu gostava muito de ir no G Powers, Porto Alegre tinha umas casas dançantes de samba rock, e essa era de black music. Tentava extravasar e estar mais presente na minha nova vida. O sentimento da paixão foi ficando escondido, mas não esquecido.

Contava os dias para voltar a Poços. Por ser muito longe só ia umas duas vezes por ano, quando muito. No mês de dezembro voltei para casa num misto de cansaço e ansiedade. Era bom estar com a família.

Mila me ligou assim que ficou sabendo da minha chegada, e qual não foi minha surpresa em saber que ela e Dani estavam morando juntos, combinamos de ir ao New York para colocar as fofocas em dia e ver seu namorido tocar. De repente parecia que nunca havia estado fora, logo que entrei, velhos conhecidos me abraçaram querendo saber das novidades, fui contando como se tudo em Porto Alegre fosse perfeito, e que tinha vivido os melhores dias da minha vida lá. Então Dani disse:

− Bom saber que você está bem, porque o Nino continua namorando.

− É? − perguntei tentando mostrar que não me importava, e me servindo de um copo de cerveja.

No fundo aquela tristeza veio como alguém apertando e exprimindo meu coração dentro do peito. No fundo agradeci ao Dani por me alertar antes, pois assim não iria me assustar quando os visse.

− Kate − ouvi meu nome naquela voz que reconheceria em qualquer lugar enquanto tomava um gole.

− Nino − respondi virando-me para vê-lo, quase engasgando coloquei o copo na mesa, estendi a mão em um reflexo tentando achar uma ação para não mostrar meu embaraço. − Oi Ester − disse a beijando no rosto tentando quebrar o gelo.

− Bom ver você por aqui, está de férias? – Ester perguntou como se nada tivesse acontecido, mas tinha um ar meio desconfiado.

− Sim, mas fico pouco tempo, minhas aulas começam em fevereiro.

− Legal − respondeu ela apertando Nino em seus braços, como que marcando território.

Nino me olhou de um modo estranho e foi pegar o violão, tomei mais um supergole de cerveja, acho que precisaria misturar alguma coisa mais forte naquela cerveja, afinal, a noite prometia.

Sentei à mesa e pedi um steinhäger. Mila me olhou admirada.

− Que foi Mila? Lembra daquela música do Tianastácia? "Steinhäger com cerveja faz pirar".

Ahava- O amor é possívelOnde histórias criam vida. Descubra agora