Capítulo 26

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Nosso namoro ia bem, Nino ia a todos os cultos e aos poucos foi deixando os amigos, ainda que ele os amasse como irmãos, e orava por eles, era complicado conciliar a vida com Deus e as saídas para a noite, não dava para continuar com os velhos hábitos. Nosso pastor começou a ficar amigo de Nino e a discipulá-lo.

− Kate, parece que antes eu não conseguia ver o quanto você é bonita, acho que eu te amo.

Milagres acontecem e eu estava vivenciando um bem à minha frente.

Sorri.

− O pastor tem me falado algumas coisas − ele disse. − Quando ficamos juntos nós estamos fazendo uma aliança, porque nos tornamos uma só carne.

Ele não estava sabendo se expressar direito.

− O que quero dizer é que acho que precisamos casar para fechar essa brecha na nossa vida.

Casamento. Amor. Estava ouvindo as palavras tão esperadas.

− Sim, eu sempre senti um peso muito grande em relação a isso e chorei muitas vezes pedindo perdão a Deus, mas não sabia e nem tinha forças para agir. Podemos casar no civil por enquanto.

− Não, Kate, eu falei com o pastor e ele me disse que precisamos da bênção de Deus, vamos casar na igreja e no civil. E vamos fazer um voto de pureza até o casamento?

− Claro − estava com o coração cheio de alegria por ouvir Nino falar dessa maneira.

Lá fomos nós planejar o casamento, marcamos a data para o mesmo dia do aniversário da minha mãe, dali a três meses.

Três meses para arranjar um casamento e tentando economizar em tudo. Nós mesmos fizemos a decoração da festa, já que haveria casamento, uma festa ainda que simples teria que ter para marcar o momento, e sem álcool, escolhemos os convites, os trajes, o fotógrafo, a filmagem, as músicas e os músicos. Os padrinhos seriam os amigos dele e as madrinhas as minhas amigas. E ainda queríamos uma lua de mel. Casar não era fácil, agora entendia porque as pessoas decidem tudo um ano antes.

O tempo passou bem rápido. Mila veio especialmente para me ver, André e sua esposa também. A mãe de Nino veio com toda a sua dificuldade na cadeira de rodas. Estava muito feliz por viver este momento.

Viver o dia da noiva. Ver um sonho sendo realizado. Ver o passado ficando para trás e tudo se renovando no amor de Deus.

Nino estava muito nervoso. Chovia, o mal nos espreitava. Parava. Chovia de novo.

Escrevi meus votos no último momento, me preparei, cabelo, maquiagem, vestido branco. Buquê de rosas e gérberas vermelhas. Aguardei no carro, mas já via a movimentação na igreja. Todos bonitos e alegres para um sábado à tarde. Vi Nino um pouco pálido apertando as mãos e andando de um lado para o outro, mal sabia eu que uma guerra espiritual se travava dentro dele.

Tocou a primeira música, o pastor entrou, segunda música, minha mãe e Nino entraram, terceira música, foi a vez dos padrinhos e madrinhas entrarem, quarta música para a daminha jogar as pétalas e finalmente minha entrada triunfal. Como meu pai tinha falecido pedi a André para entrar comigo, já que ele não ia ser meu padrinho. Meu amigo estava mais nervoso que eu, tentava a todo custo não tremer o braço estendido para me apoiar.

Sorri para meu amigo e entramos, só conseguia olhar para meu noivo me esperando no altar com seu sorriso iluminado, os cachos dos cabelos querendo sair do meio rabo de cavalo preso, o terno preto elegante para um novo homem. Tudo perfeito.

Quando coloquei meu braço senti as mãos geladas passar nos meus dedos, alguma coisa estava errada, a respiração ficou mais difícil, a palidez aumentava.

Ahava- O amor é possívelOnde histórias criam vida. Descubra agora