Meses depois.
Recebo uma mensagem.
"Kate, tô meio mal. Será que poderíamos nos encontrar?"
Que teria acontecido? Movida pela curiosidade e também pela vontade de vê-lo o encontrei perto da casa dele, parei o carro numa montanha que dava para ver a cidade brilhando com suas luzes lá embaixo, a lua estava se pondo amarelada e cortada pelas nuvens. Mal sabia eu que aquele se tornaria nosso refúgio de muitas noites.
− Que aconteceu? − perguntei mudando a estação do rádio para Libertas FM.
− Que música de motel é essa?
Estava tocando uma música dos anos 1980 que não reconheci bem o cantor, nesse horário a Rádio Libertas passava o programa "túnel do tempo", sempre achei que hoje em dia ninguém mais faz músicas como nos anos 1980, eles amavam e se rasgavam nas letras. Dei uma risada, evitava olhar nos olhos dele com medo que ele descobrisse que eu ainda o amava.
− Ei, olha para mim. Tá com medo?
Sorri meio sem graça tentando encará-lo e esconder o que sentia.
− Claro que não, medo de quê?
Antes que eu percebesse já estávamos nos beijando. Rápido assim.
− Que foi que aconteceu? − perguntei tentando acalmar minhas emoções.
− Então, eu me desentendi com meu pai. Ele está sem emprego e eu tive que arcar com algumas despesas dele e isso tem me pesado, acabei falando coisas que não devia. Mas vem cá − disse me abraçando.
O pai de Nino era o tipo de pessoa que vivia o momento sem pensar no futuro, apesar de ser advogado nunca pensou que iria precisar de algum benefício de aposentadoria ou plano de saúde, agora ele estava doente com problemas no coração e uma situação complicada com a família, era separado da mãe dele, mas por causa desses problemas voltou a morar na mesma casa. A mãe de Nino era uma senhorinha linda, mesmo doente adorava pintar, ela estava acamada há mais de dez anos com artrite, o irmão tomava conta dela na maior parte do tempo e não trabalhava fora. No entanto, percebi que ele não queria falar muito sobre aquilo, ele queria esquecer, então mudei de assunto.
− Nino, você não gostaria de ir à igreja comigo? Amanhã tem culto − arrisquei, vi que ele estava sofrendo.
− Eu não sei.
− Você não tem nada a perder, eu queria muito que você conhecesse Deus.
Nino concordou. Fui buscá-lo e cheguei um pouco antes da hora combinada, não queria que ele fugisse. Antes de entrarmos na igreja dei uma Bíblia para ele.
− Você comprou uma Bíblia para mim? − perguntou emocionado.
− Sim.
Gostava de presentear as pessoas com a Bíblia, principalmente aquelas que estão conhecendo o Senhor.
− Muito obrigado − disse me abraçando.
Era uma quinta-feira, procuramos um bom lugar para sentar, logo o louvor começou, meu amigo Chico se levantou e deu início à pregação.
− Abram suas Bíblias em João 14.9.
Nino não sabia onde encontrar o livro de João. Achei engraçado o jeito que ele procurava.
− É mais pra frente − sussurrei tentando auxiliá-lo.
− Ah, tá... achei − falou alto atraindo alguns olhares.
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Ahava- O amor é possível
RomanceKate se apaixona por Nino. Porém, o amor não correspondido a faz encontrar um amor maior. Mas o destino ainda poderá surpreende-la. Leia o primeiro capitulo desse livro que foi inspirada em uma história real.