A Monarquia Vampírica

05

CAPÍTULO 05

A vida aqui no palácio está bem tediosa.

Faz três dias desde meu encontro com o principe Aaron. Desde então não fui mais convocada.

Isso me faz pensar em como ele está se alimentando sem mim.

Talvez devem ter sangue reservado, em bolsas como nos hospitais.

Mas, já houvi dizer que para eles o sangue congelado é horrível. Por isso tem os doadores, oferecem sangue fresco, que além de mais agradável fortalece ainda mais.

Vampiros são impiedosos. Nunca devo esperar o contrário.

Porque será que algum deles iria querer se alimentar numa bolsa de sangue, do que ter o prazer de cravar seus dentes em um humano?

Ainda mais o príncipe Aaron, com toda sua imponência. Não parece que iria se sujeitar a isso.

- Olá Morgana. - Ouço uma voz falando meu nome.

Há um homem parado na porta do quarto.

Ele é alto, musculoso e bonito, assim como o principe. Não tão bonito. Mas tem uma certa semelhança entre eles. Talvez sejam primos ou até irmãos.

Olhei em seus olhos que também brilhavam sob a pouca luz. Essa era uma característica comum dos vampiros.

- Eu sou Veron, o primo do príncipe Aaron. - Ele se apresentou já entrando no quarto. As últimas palavras "príncipe Aaron" foram pronunciadas com um certo rancor e eu diria até, um pouco de raiva.

"Então eu estava certa, eles são primos..."

- O que você deseja. - Digo perguntando para ele já me levantando e olhando para Cecília que estava em sua cama. Ela havia parado de ler o livro e agora está com ele repousado sobre as pernas observando-nos.

Veron olhou para ela e em seguida para mim. Entendi que ele queria que ela nos deixasse a sós.

- Cecí, saía um instante, vá para o jardim e leve seu livro se quiser. - Sugeri e ela saiu passando como um raio por Veron.

Eu a entendo.

Veron, da medo. Ele é muito estranho... Parece que vai a qualquer momento pular em cima de mim e sugar todo o sangue do meu corpo.

- Suponho que você deve está pensando porque não foi mais convocada pelo príncipe Aaron. - Veron disse. E ele está certo.

- Da mesma forma que você não entende isso, Aaron também não entende o porque de não conseguir se controlar quando te mordeu a três noites atrás.

- Como assim? - Eu quis saber. Não estou entendendo.

Ele deveria se controlar por acaso?

- Morgana, meu primo Aaron, não é o monstro que as pessoas pintam. Admito que ele não é nenhum "mocinho" mas ele nunca matou um doador. Mas ele quase fez isso com você. E ele não entende o porque.

Ele nunca matou um doador. Mas porque ele quase me matou?

- Então... Porque ele me deixou desacordada?

- Bem, chegamos onde eu queria. - Ele avisa quase que ansioso. - Morgana, o seu sangue tem propriedades místicas. O que quer dizer que você tem decência bruxa mas não passou pelos rituais de iniciação. Então, não tem magia. Caso isso tivesse acontecido, o sangue seria corrosivo, Aaron saberia a verdade. Mas, como o ritual não aconteceu, seu sangue é apenas... Viciante e tem capacidade de envenenar um vampiro. Mata aos poucos e ninguém vai perceber ou desconfiar.

Onde ele queria chegar com isso?

- O-o que? Descendência bruxa? Mas minha mãe não é bruxa.

- Sim, isso mesmo. Sua mãe não é uma bruxa porque essa habilidade não é para todos. Ela se intercala entre as gerações. Uma sim, outra não. Provavelmente a sua bisavó era uma bruxa. Sua avó e sua mãe não eram, o que quer dizer que você é, assim como sua irmã, e seus filhos e os filhos dela serão.

Esse tal de Veron só pode está maluco. Eu não sou nenhuma bruxa. Mas por que eu estou duvidando? Vampiros existem! Tudo é possível! O que não me parece possível é, que EU seja uma bruxa.

- Isso não é verdade. Minha mãe nunca nos falou nada sobre isso. - Eu falei.

- Ela quis proteger vocês, ser uma bruxa pode ser perigoso em um reinado de vampiros. - Ele da um sorriso de lado. - Mas isso não importa. Não estou aqui para lhe dar explicações. Estou aqui porque quero que você me ajude a matar o meu primo Aaron... - Veron sentencia como se o que acabara de dizer não fosse nada.

- O que? Mata-lo? Porque? - Mal processei o que ele disse e já estava o interrogando.

Esse cara é bem louco, chega de repente, diz que eu e minha irmã somos bruxas e pede para que eu o ajude a matar o próprio primo. Sei que Aaron é um vampiro. E eu não gosto de vampiros. Mas eu sou Morgana. Morgana Poison... E eu não sou capaz de matar nem uma barata.

- Sim. Aaron nasceu para tomar tudo que é meu. Ele está prestes a me roubar o trono. E eu não posso deixar que ele faça isso.

Esse tal de Veron é um baita de um invejoso.

- Eu não vou fazer isso! - Afirmei convicta.

Veron me analisou e sorriu.

- É claro que vai. Você acha que está aqui por acaso? Claro que não. Você está aqui porque é uma "Poison".

Está aqui porque precisa de dinheiro para cuidar de sua mãe que está no hospital. E claro, está lá porque EU dei um jeito para que ela fosse pra lá. Foi tudo planejado.

Meus olhos se arregalaram. O que?

Como assim minha mãe está a beira da morte por causa desse cara que está na minha frente.

Por alguma razão não ousei duvidar do que ele disse.

Ele é um vampiro. Vampiros não brincam!

Uma raiva crescente me subiu.

- Você o que? Deixe eu e minha família em paz! Não farei o que você quer! - Falei. As lágrimas ameaçando caírem.

- Tolinha. Você fará, pois a sua mãe está nas minhas mãos. Ela, sua irmã que vive sob o mesmo teto que eu e você também. - Ele fala com ar de superioridade.

Ele tinha razão. Ele era um vampiro da realeza, com poder e status. Eu era apenas uma garota. Cheia de dívidas e problemas. Com uma mãe doente e uma irmã mais nova pra cuidar.

Ele faria o que quisesse comigo. E eu faria o que ele quisesse.