A Monarquia Vampírica

16

CAPÍTULO 16

Cecília estava toda suja. Ela realmente tinha aproveitado o passeio. Fomos para o novo quarto. Entramos e encontramos Vera, Scott e Marian.

- Wow, o que houve com ela? - quis saber Marian.

- Eu estava brincando no parque. - Marian tinha perguntado pra mim, mas foi Cecí quem respondeu.

- Pelo jeito a brincadeira foi boa. - Observou Vera.

- Foi sim, Mag me levou pra tomar sorvete. - Cecília disse com um sorriso.

- E porque vocês saíram? Porque não tivemos o mesmo direito? - Indagou Scott. Era até estranho ouvir a voz dele. Ele não era muito de falar.

- Porque, levando em consideração que teremos uma saída por mês, e que chegamos aqui bem antes que vocês... - Respondi. Para bom entender bastava.

Eu sabia que tínhamos saído por um agrado de Veron. E não porque estávamos alí a mais tempo. Mas eu não podia dizer a verdade.

Os três se entreolharam e eu tratei de levar Cecília para o banho.

Saímos de lá alguns minutos depois, eu toda molhada e ela cheirosa e limpinha.

Os doadores novos conversavam baixinho no canto deles. Me bateu até uma curiosidade. Caminhei até eles, queria me enturmar. Mas no meio do caminho a porta se abriu e um furacão entrou. Um furacão chamado Cassandra.

- Morgana, o principe Aaron está precisando de você. - Ela disse.

Foi estranho aquela frase. Um príncipe, vampiro, precisando de mim.

Ele não precisava de mim. Eu era o que ele menos precisava.

- Tudo bem, estou indo.

Cassandra saiu e eu corri para trocar a roupa molhada. Poucos minutos depois estava entrando no quarto do príncipe, dando de cara com a rainha.

- Majestade. - fiz a reverência costumeira.

- Morgana, você sabe o que deve fazer.

Respondi afirmativamente com um aceno.

Caminhei até Aaron. Ele estava deitado. Parecia bem melhor. Seus olhos estavam brilhantes como antes, notei enquanto me aproximava.

Parei ao lado da cama, me sentei em um pequeno espaço e estendi meu braço.

Ele agarrou o mesmo e mordeu.
Seus olhos fechados enquanto sugava o sangue.

Eu já estava enfraquecendo quando Aaron parou abruptamente e abriu os olhos sem nenhum brilho. Eram castanho claro.

Mas foi só por alguns segundos, o brilho voltou assim que ele piscou.

- Muito bem, já está liberada. - Foi Aaron quem falou por sí dessa vez.

Levantei com o resto de força que me faltava.

Fui em direção aos jardins. Lugar bem frequentado por minha pessoa. Os castanhos e "humanos" olhos do príncipe não saíam da minha cabeça.

Será que aquilo significava que a vida estava se esvaindo dele? Que a morte de Aaron estava cada vez mais próxima?

Queria tanto poder dizer a Veron que eu não iria mais compactuar com aquela loucura. No início eu aceitei.Aceitei que aquilo era necessário para salvar minha família. Eu iria matar Aaron sem nenhum remorço,achando que estava fazendo que estava fazendo um favor para o que restou da humanidade.

Mas agora,as coisas mudaram. Eu me apaixonei,e não tem como não sair ferida dessa história.

Cada vez que Aaron se alimenta de mim,é como se meu coração fosse esmagado. Tento reprimir o que sinto mais está sendo tão difícil. Não dá mais pra simplesmente não se importar.

Fiquei lá por um tempo, perdida nos meus pensamentos, tentando encontrar uma maneira de escapar disso tudo, mais foi inútil.

Dizem que pra tudo tem um jeito, menos pra morte. Bem, eu diria, pra morte e pra essa situação que eu me meti.

Por sorte a noite logo chegou e mais uma vez Cassandra apareceu.

-Morgana,você só vive nesse jardim garota! O principe está precisando de você. - Ela disse com uma carranca. - Mas antes, melhor você passar na cozinha e jantar bem. Já estão todos lá, inclusive sua irmã.

- OK. - Respondi.

Antes mesmo que Cassandra dissesse mais alguma coisa eu passei rápido por ela e me e caminhei para a cozinha.

Minha irmã está sentado na mesa com Scott, Vera e Marian. Todos já devidamente servidos.

- Até que enfim, a sumida apareceu. - Comentou Vera em tom de ironia.
Eu apenas lhe lancei um sorriso amarelo como resposta, me sentando em silêncio ao lado de Cecí.

- Ela não é sumida. - Discordou Scott. Me surpreendendo. - Apenas virou a nova jardineira do castelo. - Ele completou me frustrando. Por um segundo pensei que ele iria me defender.

- Jardineira? Porque não me disse Mag? Eu quero ajudar você. - Cecília se animou.

- Não virei jardineira Cecília. - tratei de negar. - É apenas um bom lugar para pensar. - Expliquei olhando repreensivamente para Scott.

- E o que você tanto pensa? - Ele quis saber.

O garoto tinha um sorriso no canto dos lábios. Parecia saber que eu escondia algo.

- Não é da sua conta. - Respondi dando um fim à aquela conversa.

- Você está bem, mana. - Perguntei à minha irmã, afinal, ultimamente não tenho dado atenção a ela.

Cecília apenas balançou a cabeça afirmativamente.

Peguei uma prato e me servi.
Comi em silêncio. Para evitar que uma nova conversa se iniciasse e tomasse um rumo que eu não queria.

- Cecí, tenho que ir, estão me chamando. - Falei depois que terminei de comer. - Você acha que pode se arrumar e se deitar sem minha ajuda?

- Claro. Já não sou nenhuma criança. - Ela disse como se não fosse nada demais.

Marian soltou uma risada vendo minha cara de bolacha depois da risada da minha irmã.

- OK, senhorita adulta, até mais. - Falei ironicamente, me levantando e dando um beijo estalado na cabeça dela.

Fui em direção ao quarto do principe mais uma vez naquele dia. Estava cada vez mais difícil.  Ate mesmo o percurso para chegar ao quarto de Aaron era doloroso.

Parei em frente a porta  do quarto que logo se abriu, e entrei no cômodo pouco iluminado.  La estavam o rei e a rainha. Assim que puseram os olhos brilhantes em mim, mudaram para uma expressão de repressão.

- Desculpem a demora. - Pedi me curvando.

- Tudo bem. Só esperamos que não vire um hábito. - Respondeu a rainha Crisélida.  - Aaron precisa se alimentar agora.

Fiz que sim com a cabeça e caminhei até ele.

Dessa vez Aaron se sentou. Estava um pouco mais forte do que a última vez que o vi.

Me sentei de frente pra ele na cama. Ele me agarrou com força.

O principe virou minha cabeça para o lado e me mordeu sem delongas e gentileza.
Me limitei a soltar apenas um gemido baixo de dor. Não queria parecer uma humana fraca na frente da corte.

O vampiro sugava meu pescoço com força. Doía bastante e eu quase não estava aguentando mais quando Aaron soltou um gemido sôfrego de dor.

Ele afrouxou o aperto que me envolvia. Quando nada mais me prendia, levante assustada observando o que se passava.

Aaron estava agonizando na cama. Começou a soar instantaneamente. Os olhos fechados com força.

Estava acontecendo de novo.