A Monarquia Vampírica

27

CAPÍTULO 27

Aaron tinha acordado novamente e estava bem zangado.

O que foi aquele beijo?

Eu pensava enquanto ia em direção ao quarto que o vampiro estava.

Ao entrar encontrei Aaron deitado na cama, com as mãos amarradas por correntes presas ao chão. Os lençóis estavam completamente sujos de sangue. Ele se encontrava ainda mais pálido. Os olhos ameaçavam se fechar como se estivesse com sono. No entanto quando sentiu minha presença, seus olhos se abriram, e ele se sentou na cama, tentando se soltar e me atacar, mas as correntes enfeitiçadas o impediram, e Aaron soltou um grito rouco. Das correntes saíram uma espécie de luz azulada, como se estivessem ligadas à rede elétrica.

- O que houve? De onde veio esse sangue? - Perguntei me dirigindo a Scott.

- Eles me drenaram. - Foi Aaron quem respondeu. A voz carregada de raiva.

- Agora ele esta fraco. Porém, ainda seria uma ameaça solto. Por isso o prendemos com essas correntes enfeitiçadas. Se ele tentar nos machucar as correntes darão choques de alta voltagem nele.

- O que querem comigo? - Aaron perguntou.

- Queremos que fique do nosso lado. - Respondi.

Aaron soltou uma risada de escárnio.

- E porque eu ficaria do lado de uma traidora como você? - Ele perguntou.

- Acho que eu tenho um bom motivo. - Marian entrou no quarto. Na mão ela trazia um pequeno panfleto.

Ela estendeu o panfleto na frente de Aaron e ele adquiriu uma expressão de ódio.

- Maldito! - Ele falou.

Marian me entregou o panfleto.

Nele tinha uma foto de Veron, vestido com roupas reais, o queixo erguido em uma postura de superioridade. Abaixo da foto as seguintes frases:

Dia 22, coroação do príncipe Veron. O evento será aberto ao público, no grande anfiteatro de Vampir. Venha participar!

- Viu agora quem é o grande traidor? Eu fui apenas uma peça. - Argumentei. - Sou uma Poison e tenho bruxos muito poderosos ao meu lado, podemos tomar o trono de volta para você e salvar minha família.

Aaron me olhou e ponderou.

- Eu aceito. - Ele falou.

*************

Estávamos todos sentados à mesa, comendo, exceto Aaron.
Ele já havia saído para caçar a algumas horas.

- Acho que temos algumas coisas a serem esclarecidas. - Ele se pronunciou.

- Sim, você tem razão. - Concordei.

- Porque, o seu sangue foi a cura do vampirismo, mas hoje de manhã ele quase me matou?

- Bruxas Poisons não consagradas tem no sangue propriedades que curam o vampirismo. No entanto, Morgana já passou pela consagração, e agora, seu sangue não cura vampiros, mata-os. - Foi Vera quem explicou.

- Por isso acho bom você pensar duas vezes antes de mordê-la outra vez. - Cecí disse.

Todos rimos. Mas Aaron continuou sério olhando para minha irmã.

- Veron armou tudo. - Falei depois que parei de rir. - Seu primo não passa de um invejoso. Ele e aquele velho chamado Keiser. Não sei o que ele ganharia com Veron no trono, mas sei que investigaram minha vida, fizeram minha mãe ficar em coma de transição e precisando de um tratamento caro que eu não posso pagar. Foi assim que cheguei ao castelo e passei a ser chantageada por ele. - Expliquei. Se Aaron estava surpreso, não demostrou. Apenas me encarava sério.

- Não sei se é um bom momento para dizer, mas, já que falou na sua mãe, estive no hospital hoje, ela está bem. Colocaram guardas reais na porta do quarto dela. Talvez, esperam que você vá vê-la e assim te capturam. - Mariam disse.

Uma onda de alívio tomou conta do meu coração. Me senti ainda mais motivada a continuar com o plano. Plano que ainda vamos formular, no caso. Por enquanto só estamos conquistando aliados.

Lancei um olhar de agradecimento a Marian, que entendeu e sorriu para mim.

- No início, eu pensei que meu sangue te mataria. Veron me fez acreditar nisso. Foi uma surpresa para mim também, ver você se tornar humano. Quando seu pai disse que não poderia mais assumir o trono eu entendi todo o plano dele. - Continuei. - Foi nesse dia, que percebi o quanto ser uma bruxa Poison me colocava em perigo. Veron deixou bem claro que não pretendia deixar eu e minha família em paz. Foi assim, que nós tivemos que fugir.

- E isso nos leva a um assunto do qual estamos curiosos. - Scott falou, e eu soube exatamente do que ele falava.

- Nós vimos o vampiro que te transformou. Ele estava andando em plena luz do dia. Como isso é possível?

Todos ficaram surpresos. Ainda não sabiam o que havia acontecido na floresta. Ser criaturas das trevas era uma fraqueza para vampiros. Um limite que a natureza impunha. Seres tão poderosos soltos 24 horas por dia era um perigo grande demais. Mesmo com esse limite, eles tomaram o mundo, e criaram coisas que os permitem transitar em nosso meio, mesmo com a luz do sol.

- Ele com certeza tem uma jóia enfeitiçada. São proibidas pelo Conselho de Bruxas, pois elas respeitam a mãe natureza, e respeitam o limite que ela impos aos vampiros. No entanto, algumas se arriscam por um bom pagamento. - Aaron explicou.

- Mas, porque ele queria te matar? - Marian perguntou curiosa.

- Ravel é um antigo inimigo meu. Quando eu era jovem e descontrolado, matei toda sua família e o transformei em vampiro. Ele me prometeu vingança.

- Se ele quer vingança, porque não te matou enquanto era um humano? - Ela questionou outra vez.

- Não traria a menor satisfação para ele. Além do que, Ravel costuma ser justo. Ele me quer como vampiro, para lutar de igual pra igual. - o vampiro explicou.

- Mas, porque nunca soubemos dessas jóias antes? - Vera perguntou.

- Não são conhecidas. Porém, se alguém como Ravel tem acesso a elas, significa que Veron pode adquiri-las em breve. - Aaron explicou.

Olhei de soslaio para Sebastian. O clima estava meio estranho entre nós. Ele estava muito calado e pensativo. Resolvi deixa-lo quieto, por alguma razão, bem lá no fundo, eu sentia que o que Sebastian havia feito, tinha sido difícil e transcendental.

Eu ainda procurava respostas para a pergunta que eu me fazia toda vez que lembrava dele: Quem é Sebastian?

Como um simples motorista se metia em tudo isso?

Desde que me tornei bruxa, passei a presentir coisas. Sinais que a natureza me manda. E um deles, é que eu estou prestes a desvendar os mistérios que rondam Sebastian.