CAPÍTULO 17
Eu estava vivendo aquele pesadelo outra vez. Aaron DarkWolter se encontrava deitado na cama se debatendo e pedindo ajuda. A voz cansada e falhando como se estivesse lhe faltando ar.
Eu estava sem reação. Parecia ter me transportado para outra dimensão. Tanto, que os gritos do rei Robert e da rainha Criselida foram ouvidos de longe.
Assim que os guardas entraram no quarto escoltando o Dr. Scott, Aaron parou de se debater e apagou.
O doutor se aproximou da cama e analisou o príncipe.
- Não há mais nada que possamos fazer. - Ele disse.
Meu coração se partiu em pedaços. Meu mundo desabou. Minha vontade era de gritar, de chorar como uma desesperada. A dor foi tão grande que não cabia dentro de mim.
Em vez disso eu apenas aguentei. Eu não podia ter aquela reação na frente de todos. Aaron e eu éramos apenas receptor e doador. Nada mais. Apesar do que aconteceu entre nós. Ele era um príncipe, vampiro. Eu era apenas uma humana.
A rainha foi até a cama e se debruçou sob o filho.
Ela chorava copiosamente, chamava pelo nome do príncipe, repetia que aquilo não estava acontecendo.Criselida sempre pareceu ser a que mais tinha traços "humanos". E era verdade. Amor de mãe é incondicional. E com os vampiros parece que não era diferente. Me senti dez vezes mais culpada por está causando aquela dor a ela.
- Mãe. - A voz de Aaron soou pelo quarto.
Olhei na direção da cama. O príncipe estava de olhos abertos. A mão sob a cabeça da mãe que chorava sob o seu peito.
Ele estava vivo. Parece que o plano tinha dado errado, afinal.
Olhei na direção do doutor Scott. Ele não parecia assustado. Diferente do Rei Scott e da rainha que levantou a cabeça para olhar o filho assim que ele chamou pela mãe pela segunda vez.
- Mãe? O que está acontecendo? - Ele quis saber.
Aaron nunca pareceu tão perdido. Estava diferente. A começar pelo brilho dos olhos dele que haviam sumido e agora estavam castanhos claro. As presas também não estavam mais lá e sua pele tinha adquirido um leve rubor. Estava corada como a pele de um humano.
- Tem algo de errado aqui. - Declarou o rei. A testa franzida olhando para mim.
Congelei. Será que ele tinha percebido que tudo era minha culpa?
- Estou ouvindo dois corações batendo nessa sala. - O rei declarou.
D
ois corações? Como assim, se apenas eu sou humana?!
Levei apenas alguns segundos para ligar todos os pontos e entender o que na verdade tinha acontecido.
Sem presas.
Pele corada.
Olhos sem brilho.
Um coração a mais batendo.
Aaron tinha se tornado humano. De alguma forma.
Olhei para o príncipe e vi sua expressão de medo.
Uma mão estava sob o peito. Ele já tinha notado os batimentos cardíacos. Parecia mais perdido que antes.
- Não pode ser! - esbravejou o rei. - Ele é humano.
Robert olhava espantado para o filho. A rainha estava boquiaberta.
- Sim. Eu consigo ouvir. Seu sangue está me chamando. - a rainha disse se levantando e indo para longe da cama.
- Mas, como isso pode ser possível? - O rei perguntou mais para sí do que para os demás.
- Você consegue ver o que isso significa? As consequências que isso traz para o reino? - Crisélida perguntou ao marido.
Dr. Scott e eu apenas assistíamos a conversa em silêncio.
- Significa que não temos mais um sucessor. Um humano não pode ser coroado e assumir o trono de Vampir. Nem mesmo um transformado. - Concluiu o rei.
Então era isso. Veron nunca quis matar Aaron, apenas queria tirar-lhe o direito ao trono. Porque ele é a segunda opção.
- Não! O trono é meu por direito! - Aaron grito, irado, se levantando da cama, como se nunca tivesse estado doente e debilitado.
Se ele ainda fosse um vampiro, seus olhos com certeza estariam rubros agora, e suas presas saltadas. Mas ele tinha apenas o rosto avermelhado e uma veia inchada na testa.
- Não, você é um humano agora, não é mais um DarkWolter. - Falou o rei, friamente.
- Não! Faça alguma coisa! - Aaron foi pra cima de Dr. Scott segurando o colarinho do vampiro.
Foi nesse momento que guardas entraram no quarto. E receberam as ordens do rei.
- Levem este homem. Ele deve ser colocado para fora do castelo. Ele não é mais vosso comandante.
Os guardas seguraram Aaron que agora parecia tão indefeso quanto eu. Não tinha mais um poder especial e nem uma força sobre humana para se livrar dos guardas.
O ex príncipe foi levado. Enquanto a rainha assistiu a cena com olhos lacrimejando, mas sem chorar realmente.
Apesar de amar o filho, acho que ela entendia que era necessário fazer aquilo.
Finalmente consegui me mexer e sai do quarto. Andei pelo castelo a procura de Veron. Eu precisava de uma explicação.
Acabei o encontrando na biblioteca.
- Sabia que você viria. - Ele disse quando me viu.
- Aaron é um humano agora. Como? Você disse que meu sangue o mataria.
- Para um vampiro, se tornar humano é como morrer. Morremos para nos tornarmos vampiros, e morremos para nos tornar humanos. - Veron respondeu depois de dar uma gargalhada. - Foi uma morte, não só literal. Você viu que ele estava morrendo. E de fato morreu. Mas também, deixou de ser um vampiro, não é mais da realeza, não pode mais assumir o reino. Morreu para todos nós.
Eu estava feliz por Aaron não ter morrido, não do jeito que eu imaginei que seria. Mas, depois da explicação de Veron, percebi que Aaron, talvez preferisse ter morrido de verdade.
- E foi o meu sangue que o curou do vampirismo?
- Sim. Se você fosse uma bruxa consagrada. Seu sangue iria machuca-lo, mas como você não foi consagrada, seu sangue o curou. - Veron respondeu. Ele parecia ter esperado tanto para me explicar tudo. Não duvido que tenha até ensaiado a explicação, de tão seguro que estava. - Entende agora o porque da linhagem Poison ter quase desaparecido? Vampiros e Poisons são inimigos declarados, não queremos uma cura.
Inimigos declarados...
Mas eu era uma Poison. Assim como minha irmã e minha mãe. Aaron já era um humano e Veron não tinha mais porque nos manter vivas.
Ele me olhou percebendo que eu tinha ligado os pontos.
Veron pretendia se livrar de nós.
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A Monarquia Vampírica
VampireO mundo foi tomado por vampiros, e os poucos humanos que ainda existem, vivem de acordo com as regras da nova Monárquia. Morgana, vive em Vampir, onde antes da invasão vampírica, era a antiga Nova York. Após perder o emprego, e sua mãe ficar grave...