A Monarquia Vampírica

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CAPÍTULO 14

Saí chorando, sem rumo pelo castelo. Quando dei por mim, estava no jardim. Me sentei na fonte e comecei a pensar na merda que havia se tornado minha vida.

Eu era uma covarde. Estava matando Aaron, mesmo o amando. Mas tinha tanta coisa em jogo. A vida da minha família. Além do que, elas estavam a mais tempo comigo. Não que isso fosse relevante, amor não tem a ver com tempo.

A questão era que eu não podia escolher entre minha família e Aaron. E o pior, as circunstâncias acabariam me fazendo mata-lo e isso era o mesmo que escolher minha  família.

Eu estava trilhando um caminho sem volta e sem saída.

Mesmo que eu escolhesse Aaron era eu quem acabaria morta, além de levar comigo, minha mãe e minha irmã. E isso, não era uma opção.

O som de palmas chamou minha atenção. Levantei o olhar e vi que era nada mais nada menos que Veron. Já era de se esperar que ele viesse atrás de mim depois do que aconteceu.

- Muito bem. - Ele disse ao chegar a minha frente sorrindo, e cessar os aplausos. - Aaron está morrendo. Meu plano está funcionando. 

- Como ele está? Ele está vivo? - Perguntei.

- Não por muito tempo. - Veron respondeu. - Estou tão contente com o primeiro resultado de meu plano que darei um jeito de liberar seu pagamento, e também sua saída do castelo, para que vá ver sua mãe. - Ele disse.

Abaixei a cabeça e ignorei a presença de Veron. Por sorte ele não se importou com minha atitude e apenas foi embora. Estava satisfeito demais.

Ele achava que está sendo bom comigo. Mas estava me recompensando por uma maldade. No entanto eu não iria dispensar o dinheiro, nem a chance de ir ver minha mãe. Afinal, eu estava alí por ela.

Limpei os resquícios de lágrimas e fui até o quarto. Minha irmã estava em sua cama.

Respirei fundo, coloquei um sorriso no rosto e fui até ela.

- Tenho uma novidade. - Disse da forma mais animada que eu consegui.

- O que é? - Minha irmã perguntou interessada, largando a boneca e me olhando.

- Vamos poder ir ver nossa mãe.

- Sério? - Ela perguntou, e eu vi o rosto de Cecília se iluminar. - Quando?

- Não sei. Hoje ou amanhã. Só tenho que esperar o pagamento e nossa saída ser liberada. - Expliquei e ela assentiu.

- Depois de sair do hospital, você me leva para passear? - Cecí pediu.

Imagino que ela esteja cansada desse lugar. Ela é uma criança. Tem vontade de brincar. De conhecer novas coisas. De fazer amiguinhos. E aqui, ela não tem nada disso.

- Claro, vamos sim.

- Morgana? - Fomos interrompidas por Cassandra.

- Pois não?

- Você está sendo chamada no quarto do príncipe. - Cassandra disse. Meu corpo gelou. Será que tinham descoberto? - Mandaram eu te entregar isso. - Ela me estendeu um envelope. - A saída de vocês já foi liberada, podem sair quando quiserem. Contando que não seja hora do almoço nem do jantar.

Balancei a cabeça como sinal de que entendi e ela se retirou.

Abri o envelope e vi que era o pagamento.

- Veja, o pagamento saiu. Iremos ver mamãe hoje a tarde. - Falei mostrando o conteúdo do envelope para Cecília que sorriu em resposta.

Guardei o envelope na gaveta do criado mudo e fui para o quarto do príncipe.

- Fique aí brincando. Estão me Chamando. Espero não demorar. - Falei antes do sair.

Eu estava com medo. E se tiverem descoberto que eu sou a culpado pelo estado em que Aaron se encontra? Estou ferrada!

Cheguei na porta do quarto e esperei que ela se abrisse para mim.

Encontrei o rei e a rainha sentados ao lado da cama de Aaron que estava  dormindo. E o Dr. Scott do outro lado da cama.

- Majestades. - Falei ao me aproximar fazendo uma reverência. - Querem falar comigo?

- Sim, Morgana. Temos uma pergunta. - Respondeu o rei.

Concordei com a cabeça e ele contínuou.

- Quando Aaron passou mal, você era a única que estava com ele. O que exatamente aconteceu?

- Nada demais. Ele se alimentou e de repente caiu, e ficou daquele jeito que vocês viram. - Respondi.

- Certo. Dr. Scott não sabe dizer o que aconteceu com Aaron. - Falou o rei. - Nós vampiros não ficamos doentes. E Aaron quase morria. Ele já foi examinado e agora está instável porém ainda meio estranho. Dr. Scott disse que agora ele vai precisar muito de você. Vai precisar se alimentar. Você pode ajuda-lo, certo Morgana? - O rei quis saber.

Olhei para o doutor que me encarava. Ele tinha algo a ver com o plano. Ele sabia que meu sangue representava a morte de Aaron e não a cura.

- Claro majestade. Estou aqui para isso. - Concordei sem tem outra escolha

- Obrigada querida. - A rainha se manifestou. - Agora você pode ir. Aaron ainda vai dormir por  algumas horas.

Concordei. Os reverenciei e saí do quarto o mais rápido que pude.

Quando a porta se fechou atrás de mim, eu corri pelo corredor. Quando já estava bem afastada dali, numa ala do castelo que nem sequer era permitido que eu usasse, me encostei na parede e me permiti chorar mais uma vez.

A dor consumia o resto das minhas forças, fazendo minhas pernas falharem e eu me deixei escorregar as costas na parede.

Acabei me sentando no chão. Encolhi as pernas e abracei os joelhos, apoiando o queixo entre eles.

Eu estava certa. As circunstâncias iam me fazer matar Aaron. Tudo me levava a um só final. Veron estava manipulando a tudo e a todos. Até o doutor Scott. Ele, que me parecia um homem íntegro. Com certeza ele foi muito bem pago por isso. E o que não se faz por dinheiro? Ainda mais no tempo em que vivemos. Ainda mais sendo um reles humano.
Não importa quantos séculos se passem, seremos sempre, aquilo que possuímos.

As lágrimas deviam descontroladas por meus olhos, meu rosto estava todo banhado. Quanto mais eu pensava, mais eu chorava.

- Morgana? - Um voz surpresa disse.
Reconheci imediatamente. Era Sebastian.

Ele se ajoelhou ao meu lado. Eu levantei a cabeça e o encarei.

- Ah, Sebastian. - Falei e num impulso me joguei em seus braços.

Esquecendo daquela noite, ou da noite passada que ele cuidava de outra garota que não era eu.

Estranho como eu podia amar Aaron, e ainda assim me importar com quem Sebastian carregava nos braços.

Agora, no entanto, isso não tinha a menor importância. Eu só estava precisando de um abraço. E se fosse o dele, melhor ainda.