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O senhor Antônio Peixoto era um homem bastante carismático, e que gostou bastante de Janete, logo percebendo que esta era uma boa pessoa.

— Aqui em casa, dona Janete, a senhora será vista como um membro da família, viu! Respeitamos uns aos outros, e isso é que faz a união. Seja bem vinda. Você deve saber que toda família tem os seus problemas, então a gente tem os nossos também.

— Obrigada, senhor Peixoto. Entendo perfeitamente.

Mas a sra Jamila Peixoto olhou para o marido com uma cara nada agradável e depois que Janete voltou para os seus afazeres esta veio a falar com o marido.

— Você não pode falar isto a uma empregada, Antônio. Você é louco? É bom separar as coisas, não pode dá muita confiança. Você sabe.

— Ah, Jamila, isto é uma forma de fazer a mulher se sentir bem.

— Mas eu não vejo assim não. Muito cuidado com essa liberdade que você dá.

— Jamila, você já vai começar? Igual como era com a Fátima?

— Eu quem digo que se você já vai começar! Eu tratava Fátima da forma que ela merecia.

— Fátima era um amor de menina. Era você quem encrencava com ela.

— Eu encrencava com ela? Ora, Antônio, me admiro de você! Era por que você não estava aqui pra vê como aquela pequena era levada e respondona. Muito facil falar de uma coisa que desconhece. Agora vamos encerrar por aqui.

— Que seja. — grunhiu Antônio Peixoto, também encerrando a conversa.

DIARIO DE FÁTIMA

"Que família linda a dos Peixotos. E que menina linda a Joaninha. Já estou apaixonada por ela. Creio que seremos muito amigas. Obrigada meu Deus. Sinto que serei feliz aqui nesta casa".

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Na terceira noite na casa da família Peixoto, Janete servia sopa para a pequena Joana, no quarto desta, a menina com seu paninho enrolado no pescoço e a boquinha úmida falando sem parar.

— Você vai morar pra sempre com a gente, Janete? – perguntou limpando a boca com as mãos.

Janete sorriu com o repente da pergunta. Joana era mesmo uma gracinha.

— Você gostaria de me ver morando sempre aqui, cuidando de você?

— Sim. — disse a menina, com a voz meio fraca.

— Este sim não me convenceu muito. — sorriu Janete.

— Na verdade eu queria que a Fátima voltasse pra brincar comigo.

— Você gostava mesmo dela, né!

— Sim. Ela sempre me fazia dormir no colo. Dizia que nunca me abandonaria. Mas ela mentiu pra mim. Foi embora sem se despedir.

Uma lágrima rolou pelo o rosto de Janete. Era por isso que adorava crianças. Eram sempre sinceras.

— Acho que está na hora de você dormir agora, está bem?!

— Tudo bem.

— Vou contar uma historinha pra você até se sentir sonolenta e dormir.

Janete pegou o livro de histórias e começou a contar uma historinha à pequena Joana.

— Janete. — disse a menina no meio da história. — Será que a Fátima foi embora porque a mamãe brigava muito com ela? Acho que ela ficou chateada e partiu.

— Sua mãe brigava muito com ela?

— Sim. Todo dia. Mas Fátima sempre me dizia que estava bem, por isso eu não ficava preocupada.

— Acho que não, Joaninha. Fátima podia estar com saudades de sua família, por isso partiu.

— Mas ela nem pensou em mim. Queria tanto que ela estivesse aqui. — disse a garotinha dobrando os beiços e deitando de lado, como se não quisesse mais ouvir a historinha que a baba contava.

Janete passou a mão nos seus cachos e sentiu algo assombroso a repelir. Era uma mão gelada que arrepiou todos os fios de cabelo da nuca. Aquela mão parecia vir debaixo da cama. Meu Deus! Arguiu. Joaninha agora dormia, como anjo.

O Quarto Dos Fundos Onde histórias criam vida. Descubra agora