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Diário de Fátima

Hoje não consegui me levantar da cama. Disse à sra Peixoto que estava doente e que não podia sequer erguer minha cabeça. Mas ela me puxou pelos cabelos e me jogou da cama dizendo que eu estava fazendo manha.

— Por favor, sra Jamila, eu estou muito doente.

— Se levante. A minha casa não é uma colônia de férias. — berrou ela. Dizendo isto, percebeu vestígios de sangue no meu colchão. – Você menstruou na sua cama, sua nojenta?

— Eu o quê?

— Você sabe muito bem o que eu falei! Você não é nenhuma imbecil, não me engana com essa cara de santa. Vocês do interior são muito mais sabidas que as meninas da cidade grande.

— Sra Jamila, por favor, eu não sei o que a senhora está dizendo!

— Pensa que eu não percebo os seus olhares para o namorado da Bianca.

— Não, sra Jamila. Jamais eu faria isto. Também não sei o que é isto que a sra falou da cama.

— É menstruação sim senhora.

— Não é isso. Eu estou cuspindo sangue. Por favor estou muito doente.

Ela soltou os meus braços e só assim pude cair no chão. Os braços estendidos, vermelhos das mãos da sra Peixoto.

— Vou te dar um dia de folga. E vou ligar para o Antônio trazer remédio. Mas te juro, tu vai trabalhar o dobro pra pagar tudo isto.

Dizendo isto, ela fechou a porta. A poeira do teto caiu toda em cima da minha cara. Eu precisava trocar de roupa. Porém as que tinha estavam todas rasgadas.

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