O Quarto Dos Fundos

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Ainda muito abalada depois da morte de seu patrão, Janete lavava as louças, olhando para o tempo. Muitas coisas aconteceram em tão pouco tempo na casa dos Peixotos. A ultima acabando com a vida do sr Antônio a quem estimava muito. De repente um prato caiu estranhamente da prateleira. Achou estranho pois estava muito bem guardado. Ajuntou calmamente sentindo fortes dores nas costas quando toda a louça que havia arrumado tão sistematicamente caiu como um efeito dominó. "Merda", exclamou. Do corredor, viu uma menina de imensos cabelos que batiam no chão correr exasperada para o andar de cima. "Por Deus", novamente exclamou. O coração agora batia três vezes mais rápido que o normal. Deixou a louça de lado e seguiu os acelerados passos daquela menina.

Chegando no andar de cima, viu o quarto da pequena Joana semiaberto, seguiu para lá. Encontrou a menina Joana chorando baixinho olhando a foto do pai morto.

— Oh, Joaninha. Não chore. — disse solenemente.

— Sinto falta do papai, Janete.

— Eu também sinto.

— Mas não como eu.

— Eu entendo.

— Estou com medo, Janete.

— De quê, menina?

— Da Fátima. Ela está mal.

— Mal? Como assim?

— Ela já não é mais a minha amiga. Ela matou meu pai.

Janete deu pulo para trás de espanto.

— O quê, ela matou seu pai?

— Sim. O empurrou da cadeira.

— Oh, Joaninha. Ela não faria isto. Seu pai estava com problemas psicológicos.

— Não, Janete. Papai tinha problemas eu sei. Fátima disse que meu pai realmente armou a corda para se matar, mas que na hora não teve coragem. Ele ficou parado e quando ia descer, Fátima, que estava perto vendo tudo, empurrou a cadeira. Papai pedia para ela cortar a corda mas ela não fez. Viu meu pai morrer aos poucos sorrindo quando ele soltou o último suspiro.

Janete ouvia aquilo petrificada.

— E tem mais, Janete.

— O quê?

— Ela disse que vai matar a mamãe.

Assombrada, Janete abraçou forte a menina que já não duvidava mais nada do que dizia.