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Janete andava bastante abalada. Não sabia se continuaria a trabalhar para os Peixotos. Não queria mais olhar na cara da patroa. Não. Odiava pessoas más. Que Deus lhe perdoasse. Mas odiava.

Pegou novamente o diário de Fátima e continuo a ler:

"Ando me sentindo muito mal. Meu corpo está mole, minhas pernas fracas. Mal consigo me levantar na manhã pra acordar os meninos e fazer o café da manhã. Ontem acordei cinco minutos depois do meu horário e a sra Peixoto me jogou água gelada na minha cara. Quase que me afogo.

— Desculpa, sra Jamile. É que esta noite não dormi bem.

— Também não dormi bem mas estou aqui te chamando. Bora, te levanta daí e vai chamar o George e a Bianca.

Me levantei com muito esforço e fui chamar os meninos. Ela não sabe mas hoje é meu aniversário. Minha mãe me acordava todo dia nesta data cantando parabéns pra você, nesta data querida, e a sra Jamila me acorda com água na cara. Que saudade da minha mamãe.

Falei de manhã pro sr Antônio de como eu estava. Ele fez pouco caso dizendo que me traria um remédio à noite, mas quando chegou, estava de mãos vazias. Não queria lhe cobrar, ele anda tão chateado com o trabalho".

"Essa mulher merece uma punição divina, pensou Janete", horrorizada.

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