Introdução

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Uma mão carinhosa acaricia meus cabelos grisalhos. Abro os olhos lentamente e o sorriso que sempre me alegrou é a primeira coisa que vejo. Aqueles lindos olhos felinos de um verde precioso e seus cabelos encaracolados que começam a rajar de branco. Mesmo com o peso da idade em seus ombros ela ainda continua com uma beleza . Sem modéstia alguma, eu sou casado com a mulher mais linda do mundo.

–Eles chegaram! – Ela diz, quase em um sussurro.

–Vovô! –Olho para a porta e vejo JP correndo em minha direção e se jogando violentamente na cama.

–Por Odin! Um ataque! – Pego meu neto no colo e viro-o de cabeça para baixo, fazendo o moleque cair na gargalhada. Ele tem pouco mais de 5 anos, está na fase aventureira e segundo sua mãe, é o neto mais parecido comigo fisicamente, pois tem o mesmo cabelo castanho claro, olhos curiosos e, assim como eu na sua idade, está um pouquinho acima do peso. Mas o que minha filha Donga mais nota é sua habilidade para meter-se em confusões, e nisto eu devo confessar que realmente somos parecidos.

–Cuidado! – Diz minha esposa.

–Vovó Maggie! – Ouço outra voz na sala.

–Elric? – Minha esposa grita do quarto, lembrando-me que meus momentos de preguiça com certeza se esgotaram. O menino caminha em direção ao quarto e ao ver o primo menor sendo preso por mim, corre e também me ataca.

–Eles são muitos, Maggie! – Minha esposa apenas sorri enquanto eu embaraço o cabelo do futuro rei de Soleria. Aquele menino me remete ao mundo que construímos e a cada vez que o olho sei que tivemos sucesso. O motivo disso é o seu pai, fruto da miscigenação entre um elfo e um humano, coisa que em minha época era um tabu quase intransponível.

Elric tem cerca de 7 anos e assim como todos os descendentes elfos, tem a marca do seu elemento estampada em seus cabelos brancos e olhos avermelhados.

Os dois lutam comigo de forma heróica, gritando nomes de golpes lendários e vivendo uma imensa aventura em suas imaginações. Não sei descrever se eu sou uma Hidra ou um Dragão de metal, mas a julgar pela seriedade que me atacavam achei melhor a imaginação deles decidir.

–Vocês vão machucar o vovô! – Minha esposa tenta acalmá-los.

–Como se esses dois cova-rasas pudessem encostar um dedo em mim. Nunca conseguirão! – Aquilo inflama ainda mais os pequenos espíritos a me atacarem com mais afinco, enquanto minha esposa sacode a cabeça negativamente, sorrindo.

–Vovô, estão entregues? – Reconheço a voz de meu neto mais velho, enquanto me esquivo dos ataques dos outros dois.

–Arthur! Quer tentar a sorte com o ancião aqui? – Pergunto sorrindo, torcendo para ele negar, pois assim como seu avô paterno em sua idade, ele é considerado um prodígio tanto física quanto magicamente e, se eu pudesse apostar, diria que ele é o mais forte de sua geração. Também é o mais velho dos meus netos, tem os cabelos negros com um brilho avermelhado, olhos castanhos sempre concentrados e consegue manter uma aparência perturbadoramente calma, mesmo nessa fase complicada que é a entrada da adolescência, por volta dos 12 anos.

Sou um péssimo avô, nunca soube a idade exata e nem a data de aniversário de nenhum deles.

–Quem sabe um outro dia. – Ele responde, como esperado de sua personalidade. – Eu queria, na verdade... – Ele parece um pouco constrangido ao falar aquilo.

–Magia? – Adivinho, fazendo-o levantar as sobrancelhas em afirmação e dando um sorriso divertido.

Aquele outro moleque só se diverte estudando, parece mesmo o avô paterno. Nunca vi ninguém mais focado do que o meu velho amigo Drake, passamos a vida toda juntos, mas como ele é mais velho tivemos pouco contato na infância, já na adolescência e no começo da minha fase adulta, passei anos com Drake percorrendo o mundo com os piratas prateados. Contudo essa é uma história para outra hora...

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now