CAP.17 - Thomas o prateado.

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A maioria da nossa tripulação conhecia e apreciava os pássaros que mergulhavam na água para caçar peixes. Ficávamos apontando e chamando uns aos outros quando víamos aquela cena. Outra coisa que também atraia bastante nossa atenção eram alguns peixes que conseguiam saltar a uma altura considerável simplesmente para se mostrar. Até Agnes que nunca se entrosava, permanecia perto para ver as novidades que o mar trazia e sorria a cada descoberta.

No final do primeiro dia vimos um peixe enorme, muito maior do que o nosso navio. Ele nos seguiu por boa parte da noite e Ulthred nos disse que se tratava de uma baleia, o maior peixe dos mares. Rick tentou arrumar adeptos a idéia de caçar o peixe, mas foi fortemente repreendido por Agnes, dizendo ser uma ideia idiota, o que o fez ficar bastante constrangido. Permanecemos boa parte da primeira noite apreciando o belo animal e sendo agraciados pela bela Lua cheia, que do mar parecia maior.

No dia seguinte, todos fomos acordados por berros de Buks, que ainda não tinha se acostumado ao mar e nos primeiros dias dormiu bastante mal. Gastava mais tempo pendurado a marear nas beiradas do Quebra-ondas, do que em qualquer outro lugar. Ele havia sido o primeiro a levantar naquela manhã e viu graciosos animais, quase do tamanho de uma criança, saltando para fora do mar e darem um belo mergulho. Uthred chamou aqueles animais de golfinhos e eles faziam o que parecia ser uma dança de beleza extraordinária. Eles saltavam e faziam um show particular para a tripulação. Eram de um cinza azulado, pareciam que possuiam tons de metais e só de lembrar em animais de metal, eu senti uma fisgada na região em que o Dragão havia quebrado minhas costelas. Devo dizer que sinto até hoje.

Treinávamos todos os dias e cada um tinha suas responsabilidades no navio. Cielo era nosso capitão e nosso pescador, enquanto Ulthred era o nosso navegador. Abil e Agnes cuidavam de nossa horta, foi rápido o entrosamento dos dois e eram ridículas as tentativas de Rick se aproximar da menina. Já este não tinha função aparente, enquanto eu ajudava Bucks a cozinhar. Nos organizamos de forma natural e devo dizer, foi muito mais tranqüilo do que eu imaginei.

Quando fizemos uma semana em alto mar, Bucks finalmente parecia começar a se acostumar com o balanço das ondas. Era um raro dia de bom humor do anão e essa sensação boa lhe deu a idéia de aprender a pescar com Cielo.

— Eu tenho que dar um nó? Não posso fundir a linha com o metal? — Perguntava o anão.

— Você faz do jeito que quiser desde que faça quieto. — Resmungou Cielo.

Eu chamei o príncipe e fomos ver o que poderia sair daquele momento. Mas Rick pegou outro carretel e sentou-se do outro lado de Cielo.

— Acho que meu pai me ensinou uma vez, ele sempre dizia que havia sido seu avô quem o havia ensinado. — O príncipe parecia puxar papo com o menino do mar, para nosso estranhamento.

-Sim. — Cielo respondeu de má vontade, sem perder a linha de seu ângulo de visão.

— Então me ensina Rick? — Perguntou o anão oferecendo para o príncipe a linha e o anzol.

-Não posso fazer nada, você ouviu o capitão. Se vira, bola de pelos. — O príncipe lhe deu uma expressão zombeteira.

-Me vira? Vou é fazer você comer esse anzol! — Praticamente berrou o anão.

-Vocês estão apenas assustando os peixes. — Reclamou Cielo. O príncipe tapou a boca com uma das mãos, fazendo com que o anão sorrisse o acompanhando no gesto.

Eu peguei o ultimo carretel e com algum jeito consegui amarrar linha e anzol, o que chamou a atenção de nosso capitão.

-Viu o gordinho já sabe fazer! — Disse ele apontando o queixo para mim. Notei os olhos dos meus dois amigos se arregalando, enquanto eu soltava a vara lentamente deixando a ira explodir dentro de mim.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now