Soleria - A Canção de Dama Lua

Cap 6. A solidificação de luz.

Amarramos os cavalos em uma das grandes árvores, escondido o suficiente para que se por acaso os adultos voltassem não os encontrassem. Tivemos o cuidado de procurar um canto, onde eles podiam se alimentar e descansar, pois a volta para casa seria longa. Um deles teria um peso a mais para carregar. A aflição começou a emergir em meu peito, realmente havíamos conseguido chegar até o local e com extrema facilidade, para falar a verdade. Algo que eu considerava impossível. Agora teríamos que entrar e enfrentar uma fera gigante feita de metal. Com certeza morreríamos naquela caverna e ninguém encontraria nossos corpos, até que a próxima geração mandasse mais uma reconstrução impura e esta encontrasse nossas ossadas derrotadas, jogadas ao chão por séculos.

Tomamos então o caminho da caverna, verificamos a figura que continha o escudo do reino cravada na pedra e o príncipe passou a mão sentindo o desenho esculpido. Fizemos a volta e presenciamos a entrada que descia para uma escuridão malévola. Nos entreolhamos, buscando uns nos outros a coragem necessária para entrar, já que ao passar daquele ponto, não existiria mais volta.

Quando finalmente entramos, vimos uma rampa coberta por terra que se estendia por alguns metros. Cheguei a escorregar uma vez, mas consegui me manter em pé. Se não fosse a adrenalina do momento, seria alvo de chacotas do príncipe, mas aquele definitivamente não era o momento. Ao chegar no final da ladeira, sentimos que a temperatura havia caído bruscamente, o ar era mais úmido e os barulhos da mata não nos assombraram ali, não havíamos percebido, mas estávamos a muitos metros abaixo do ponto de partida.

- Raio de luz! - Disse o príncipe, concentrando um pouco de energia em uma das mãos afim de iluminar o local. Porém a magia foi fraca e rapidamente se apagou. Rick ficou sem graça pela falta de conhecimento para estabilizar o poder em uma única fonte de energia.

Para variar, coube a mim criar pontos de luz e jogá-los em todos os cantos, para que pudéssemos entender onde estavamos. Eu realmente estava perdido com um idiota daqueles ao meu lado, pois se ele não era capaz de fazer uma magia simples como aquela, o que ele poderia fazer frente ao poderoso Dragão de Metal?!! Olhei para trás e ainda era capaz de ver um fino feixe de luz do Sol ressoando em uma das paredes da caverna. Pensei o quão rápido eu conseguiria subir aquela ladeira, parecia que o ar começava a me faltar, e por um mínimo instante eu realmente iria correr. Mas lembrei da porcaria da menina comendo as minhas costelas no dia anterior, as expressões de surpresa em seu rosto ao descobrir como aqueles pequenos pedaços de paraíso eram deliciosos. A xinguei pela milésima vez naquele dia e continuei em frente. Mesmo tendo certeza de que eu mesmo nunca mais iria comer as malditas costelas.

Percebemos então uma enorme galeria, as raízes das grandes árvores rompiam a parede e se espalhavam por todos os cantos, mesmo assim vários desenhos e escritas antigas contavam a história da criação do Dragão. Retirando algumas raízes percebemos que as instruções contavam como todo o ritual deveria ser feito, somente a pessoa a servir de sacrifício deveria descer ali e passando pela porta não deveria mais olhar para trás. Dei uma rápida verificada nas escrituras, enquanto Rick tentava olhar adiante e saber onde a menina poderia ter . Entre os desenhos notei um rosto conhecido esculpido na rocha. Já havia visto aquele homem em algum lugar, porém, naquele momento eu não recordava onde. Queria ter ficado mais tempo e investigado melhor todas aquelas inscrições, mas o príncipe estava ávido pela conclusão da missão e me instigou a seguir em frente.

Observamos que a galeria se fechava a um espaço de 200 passos a frente, sendo encerrada por uma grandiosa parede de pedra coberta por raízes, percebemos que uma porta feita de rocha havia sido conduzida para o lado, dando abertura para uma outra câmara de menor tamanho, continuamos então em busca de nossa . A próxima câmara era iluminada por tochas em todas as paredes, deixando o ambiente claro o suficiente para observarmos todos os detalhes. Existia uma gigantesca escultura na forma de um Sol em seu centro. A figura possuía olhos e uma expressão sisuda, quase assustadora. Percebemos que a pedra na qual foi esculpida era diferente das outras e analisando de perto, todos tomamos um grande susto ao perceber que os olhos da escultura se acenderam.