CAP.12- A ira do rei.

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Sonny aguardava o rei no salão real, logo após terem conversado com o prisioneiro. Apesar do contraste, sempre calmo, o guardião azul estava com a cabeça funcionando a todo o vapor. Tudo o que acontecia era simplesmente inexplicável para ele.

— Pela sua cara, vejo que está tão confuso quanto eu — Tentou acalmar o líder negro. — Em breve teremos explicações.

— Não existem explicações, Derfel. Algo nessa história simplesmente não bate! — Derfel se assustou com a angústia do líder azul, que parecia transtornado.

— Eu sei, mas ele possuía uma gema do seu elemento, e era uma verdadeira. Foi notório o poder daquela pedra, como explicar isso? — O mago negro coçava a barriga preguiçosamente, enquanto era encarado pelo misterioso líder azul.

— A pedra é verdadeira, e é recém feita. Mas como isso é possível, mesmo o mais poderoso dos elementais, seria incapaz de criar algo assim. Somente os elfos eternos. . .

— Somente os elfos eternos são capazes de criar essas porcarias? — Perguntou o rei descendo a grande escadaria. — Isso que eu sempre ouvi dizer e agora, aporta qualquer um com uma dessas pedras e você não tem a mínima explicação, Sonny?

— Senhor rei... — Começou o líder azul.

— Senhor rei porra nenhuma, Sonny! Como você não sabe nada a respeito desse tal elfo eterno? Logo você? Eu quero explicações e quero agora. Por isso você Derfel está presente também! — A ira do rei nesse momento era aparente.

— Gerard, não existe movimentos para as terras do Norte, nada se moveu nos últimos anos naquela direção e mesmo assim, Sonny está aqui, não entendo também. — Respondeu seu primo.

— Sonny, pelo amor aos elementos, alguma vez você perdeu essa pedra? Acredito que essa seja a única explicação. — Perguntou o rei.

— Não perdi pedra nenhuma. — Respondeu de mau humor o mago azul, tendo a sua atenção questionada daquela maneira.

— Então porra, Sonny! Como você explica isso? — O rei já se encontrava aos berros.

— Senhor Rei, não admito ser questionado dessa maneira, tendo em vista da ciência de sua parte de quem eu sou. — Começou o mago azul, também levantando o seu tom de voz. — Eu simplesmente não sei como explicar isso, recomendo que uma caravana deva ter como intuito a investigação de tal fato.

— Você não admite Sonny? — Começou o rei engolindo a raiva, por um instante. — Você não admite? Meus filhos cresceram sem a mãe, por causa de vocês, Sonny! Duas crianças jogadas ao mundo, sendo criadas por amas, por um pai que na grande maioria do tempo não estava presente para eles. E você não admite que eu fique puto com o que está acontecendo.

— Um fato nada interfere com o outro senhor rei. — Respondeu o elfo mantendo a paciência, o máximo que era possível.

— Nada interfere Sonny. Tive que entregar minha esposa de mão beijada aos seus, e agora nada disso interfere. A única mulher na porra da minha vida Sonny, e isso não interfere? Roger nem deve lembrar-se dela de tão pequeno, enquanto Rick... — Nesse momento uma lágrima correu pelo rosto do rei. — Rick nem a oportunidade de conhecê-la teve, Sonny. Agora, na costa da minha ilha, aparece alguém falando que o elfo eterno azul lhe mandou em uma missão.

Derfel nesse momento ampliava seus sentidos, para ver se novamente eram espionados pelos meninos. O rumo daquela conversa estava se tornando confidencial demais, para ser falada tão abertamente.

— Você tem dúvidas a respeito dos elfos eternos, Gerard? — O tom de voz do mago azul se tornou sombrio, chamando a atenção do mago negro, novamente para a discussão.

— Não existe necessidade para isso. — Tentou apaziguar Derfel. — Acredito que a única coisa que possamos fazer é mandar essa caravana. Precisamos colher o máximo de informações possíveis a respeito dessas pessoas, eles podem ser um perigo aparente.

— Concordo com o líder negro. — Completou Sonny, sendo encarado de maneira fria pelo rei.

— Essa decisão eu já havia tomado. Preciso saber a respeito dessa ameaça, saber de onde ela verdadeiramente vem. Iremos fazer essa caravana. Amanhã teremos uma reunião e decidiremos os detalhes — Sonny e Derfel fizeram uma pequena reverencia e se preparavam para se retirar. — Primo, espere! — Derfel voltou sua atenção para o rei e fez um pequeno aceno de cabeça para o líder azul que se retirou.

— Eu sei o que você está pensando. — Começou o líder negro. — Você se acha a pessoa mais esperta dessa ilha, e talvez seja Gerard, mas eu consigo te ler como um livro —

— Então sabe o quanto eu sofri todos esses anos com esses dois meninos.

— Você pergunta a mim? Que escondi o meu pequeno segredo todos esses anos. Pelo menos você teve ajuda Gerard.

— Se você tivesse me falado antes, você também teria primo. — Nesse momento Gerard coloca uma das mãos nos ombros de Derfel.

— Eu sempre duvidei disso, mas depois dos recentes acontecimentos, até me arrependo de não ter feito. — Sorriu o líder gorducho. — Nós pensamos muito a respeito do sofrimento de nossos filhos Gerard, mas o quanto você sofreu. . . eu consigo te entender. Agora preste atenção, a culpa realmente não é de Sonny e dos elfos eternos. Eu sei que você sente falta de Magda.

— Todo dia eu penso nela, Derfel. Antes de dormir eu queria o seu calor, quando acordo sinto falta de seu sorriso. As vezes eu não fico nem tão perto dos meninos, por ver os traços dela estampados naqueles sorrisos curiosos. Eles não podiam tê-la tomado de mim.

— Pelo menos você tem algo que eu não tenho, primo. — Sorriu de maneira sem graça o mago negro, sendo respondido com um dar de ombros interrogativo do rei. — Pelo menos você pode ter a esperança de vê-la novamente algum dia.

— Ah! Desculpe-me Derfel. Não quis. . .

— Deixe de besteira Gerard, mas eu com certeza aceitaria um gole de uma boa cerveja. Será que é muito cedo para isso?

— Nunca é primo, nunca é. — Disse o rei sorrindo para o primo. — Essa foi a melhor ideia que teve em décadas, seu gordo fedido. Melhor dizendo, fazer a Agnes bem parecida com a mãe foi melhor ideia, imagina se ela vem com essa sua cara feia.

— Pare de bobagens, quando éramos jovens você sabe que eu fui o maior conquistador dessa ilha. Quando voltei ainda pude ver algumas mulheres da vila suspirando por mim.

— Suspirando ou espantadas com o tamanho dessa sua barriga. Sua armadura nem fecha mais. — Berrou o rei as gargalhadas. — Vamos à Maria?

— Com certeza, seu frangote. Vou chamar o Rag. 

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now