CAP.13- As duas caravanas.

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O dia amanheceu nublado, algo raro para o sempre ensolarado clima do continente. A chuva tendia a cair a qualquer minuto e todos na cidade branca faziam suas tarefas nervosos, olhando para cima. Queriam evitar que seus tecidos e alimentos se estragassem caso a água caísse.

Após o longo tempo de desconforto no pequeno barco, finalmente Ultrhed tinha uma cama decente, havia dividido o quarto com Abil, e incomodou bastante o elfo durante a noite com a sinfonia de roncos desenfreada pelo cansaço acumulado. O viajante acordou de mau humor quando o líder verde o chamou, porém, sabia que aquele seria um longo dia. Tomou um demorado banho e fez uma careta ao lembrar que em breve estaria no mar novamente, não usufruindo de todo aquele conforto. Lembrou-se de uma velha canção de seu povo, que dizia a alegria de ir ao mar, e por um segundo, um sentimento nostálgico tomou seu peito.

Finalmente, ao descer para o salão principal encontrou com os líderes de Guilda, que assim como ele, haviam permanecido no castelo. Faltava apenas Gaiga, que foi recebido com uma explosão por todos ao trazer o filho recém-recuperado.

— O matador de dragões! — Gritou a anã, oferecendo um brinde, enquanto o General, lembrava da existência de todos os meus ferimentos me dando um forte abraço.

— Você nos assustou seu pestinha. — Dizia Ragnar, dando uma piscadela para o príncipe.

O viajante percebeu que a atenção de todos havia mudado de foco. Desde que havia chegado, precisava trocar algumas palavras com o líder azul, mas sempre era impedido e alí estaria sua oportunidade ideal.

— Eu sei que deve ter algumas dúvidas. Não tenho permissão de esclarecê-las, a gema como pôde ver é real, eu realmente sirvo ao Elfo azul. Um dia você entenderá tudo, peço apenas que me dê seu apoio.

— É bem difícil acreditar em toda a sua história, soldado. O artefato que me deu é algo bem incomum de se ver. Eu deveria saber da existência de todas as gemas, pelo menos a do meu elemento. Não se preocupe em me dar explicações, até porque sei que és um simples mensageiro. Quero que saiba que estou me alistando nessa jornada para conhecer esse seu Elfo eterno, ele sim me dará toda a explicação que preciso. — Ao terminar o pequeno discurso o mago se levantou e me cumprimentou, enquanto eu lhe agradecia por ter retornado a caverna para nos resgatar.

A aquela altura, eu já estava com a cabeça doendo, de tanto ouvir o príncipe e o anão tentando me explicar tudo o que havia acontecido naqueles poucos, porém, longos dias ao qual eu fiquei desacordado. Achei estranha a animação de meu pai, que sempre entrava na conversa quando os dois se enrolavam com algum fato. Percebi que havia nascido uma pequena cumplicidade entre meu pai e Rick, os dois sorriam e contavam animadamente as histórias. Confesso, era esquisito ver meu pai sorrir.

Havia notado também, a presença do viajante, que me deu uma longa encarada de cima a baixo. Previ seu pensamento, não conseguia acreditar que um menino gordinho e esquisito conseguiria derrotar o poderoso dragão de metal. Mas a alegria foi logo encerrada, pois todos se sentiam incomodados com o silêncio do rei. Que foi um dos primeiros a me cumprimentar a respeito da minha melhora, porém logo depois se sentou e apenas observou a todos. Buks e Rick se entreolharam nervosos com a possibilidade de serem expulsos da mesa, conforme o usual quando o assunto era sério.

O desjejum foi retirado da grande mesa do salão principal, e o rei se mantinha quieto em seus pensamentos, quando foi avisado que três pessoas haviam chegado ao castelo. Eram Cielo e Seadra da Vila do mar e Raid o elfo de fogo. A chegada de seus comandados deixou Sonny e Maria surpresos. Não haviam solicitado as respectivas presenças, porém, quem havia os convidado foi o Rei, através de Harpias mensageiras.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now