CAP.25 - A Alma Negra.

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— Dessa história eu não estou gostando. — Reclamou JP. — Pula essa e vai logo para a parte da outra briga!

— Não! — Arthur falou em um tom acima do seu normal, causando estranhamento de todos. — Uma magia incrível como essa! Não quer saber como eles saíram disso?

— Com certeza! — Elric esfregou as mãos, conforme o primo menor fazia.

— Essa é mais uma das histórias do seu avô que eu não sei! — Maggie parecia assustada, assim como nosso menor. — O que aconteceu?

— Já falei que eu não gostei dessa! Vamos passar para a próxima. — Resmungou o menor, procurando apoio.

— Cala a boca JP! Pode continuar! — Arthur tapou a boca do irmão menor, que se debateu nervosamente. Vi que os dois iriam se atracar em pouco tempo e puxei o pequenino para voltar no meu colo. Ele me olhou ressentido e preferiu nada mais falar.

Uma explosão tomou minha cabeça como alvo, me coloquei em posição de defesa e então pude ver onde eu estava.

Existia algo semelhante a uma areia negra por todo o meu campo de visão. Olhei o horizonte e não consegui encontrar nenhuma montanha, ou algo que desse fim naquela imensidão negra. Percebi gritos horríveis a certa distância, mas não conseguia decifrar de que lado vinha, para falar a verdade, parecia que aquilo vinha de todos os lados. O céu era de um tom de roxo escuro, com nuvens negras, que dificultavam ainda mais a minha visão.

Tentei fazer um Raio de luz, mas parecia que a magia não funcionava ali. Fui tomado por uma série de sensações ruins, tristeza, solidão, arrependimento. Não sei explicar ao certo o que realmente era, mas sentia minha força de vontade se esvair a cada respiração. Tive vontade apenas de deitar no chão e não me levantar mais. Mas eu precisava encontrar meus amigos, precisava seguir em frente.

Ouvi um grito vir do chão, e ao olhar para baixo vi que havia pisado em um rosto preso ali. Levantei o pé assustado e a horrenda face gritou novamente, fazendo com que me desequilibrasse e caísse. Uma série de mãos e braços saíram da areia tentando me puxar para baixo e lutei com elas da melhor maneira que eu pude, conseguindo escapar por pouco. Decidi andar sem rumo em uma direção qualquer para ver se encontrava algo. Os pensamentos eram perdidos em minha mente, os sentimentos ruins não sumiam. Percebi mais rostos gritando no chão, gritos de horror e desespero que faziam com que eu me sentisse pior.

O cheiro do lugar era algo que eu nunca havia sentido. Depois fui descobrir que era o cheiro da morte, uma mistura entre sangue, bosta e tristeza, que até hoje quando eu lembro me leva a esse lugar horrível.

Realmente, esses dias e os próximos seriam negros. Vimos tudo o que de mal poderia existir no mundo e acredito que essas foram as lições mais importantes que tiramos de toda essa viagem. Para Rick se existiam dúvidas de ser um líder, ali aprendeu que ele havia nascido para aquilo. Já eu aprendi que o medo não é nada mais do que algo que lhe trará a morte.

Mas voltando ao deserto escuro, depois de uma eternidade andando sem rumo, pude ver uma menina chorando horizonte. Percebi que toda vez que eu me aproximava ela se distanciava, até o momento que ela desapareceu de vez.

Ela me tirou do rumo que eu seguia e me levou a outra direção, fazendo com que eu visse uma das cenas mais medonhas de minha vida.

Rick caia do céu e quando eu corri para protegê-lo da queda, pude ver que era tarde demais. O mesmo caiu na areia com tudo, e o chão pareceu suga-lo, fazendo com que desaparecesse por completo. Escutei então um barulho vindo de cima, era o príncipe caindo do céu novamente se chocando ao chão e repetindo o processo várias vezes.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now