Somos o que somos

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150 dias antes.

Rafaela e Marina estavam largadas na arquibancada da pista de atletismo aproveitando o clima agradável que fazia quando viram Luana descer do carro de um cara, bem mais velho aparentemente, dar um beijo um pouco atrevido demais e ir em direção à elas.

-Bom dia – ela abraçou as amigas e sentou-se ao lado delas.

-Você quase nos mata de preocupação – Marina comentou, Luana não respondeu –Um dia nosso coração vai simplesmente estourar por sua causa.

-Se for pra viver uma vida sem intensidade, é melhor nem viver – Luana riu e se aproximou das duas –Aliás, tenho uma oportunidade de ouro para nós e nossa busca pela dose violenta de qualquer coisa.

-O que é? – Rafa perguntou ansiosa, Marina estava com um pé atrás.

-Um evento que eu estou organizando, mas é só para três pessoas. Vou dar novas informações em breve – Luana respondeu enquanto o sinal tocava.

***

145 dias antes.

Rafaela reconheceu o carro da mãe de Marina, que as meninas devem ter pego emprestado. Já passava das oito da noite e Luciana dormia pesadamente no quarto. Rafa estava nervosa, nunca tinha fugido de casa antes e, com alguém tão compreensível como sua mãe adotiva, não havia motivo para isso mas Luana disse que era parte da experiência. A garota pegou a cópia da chave da porta da frente e saiu lentamente. Entrou no carro e as garotas foram a toda velocidade para longe. Quem dirigia era Luana.

-Pronta? Essa noite vai ser ótima – a loira de olhos cinzentos disse animada aumentando o volume do som. Tocava Vegas Lights do Panic! At the disco, uma das bandas favoritas das meninas.

-Aumenta mais! – Marina gritou e Rafa abriu um sorriso como nunca antes, até esquecera das coisas erradas que estava fazendo.

Luana aumentou e elas curtiram a música.

Era uma daquelas noites que transformavam tudo em alguma coisa mais mágica do que era de fato e isso podia ser visto no rosto de cada uma das meninas. Era como se elas estivessem vivendo algo inacreditável, como se estivessem indo para um lugar onde ninguém nunca esteve antes e, por mais simples que tudo ao redor delas fosse, sentiam-se como se estivessem cercadas por coisas incríveis.

Pessoas incríveis, lugares incríveis, uma noite incrível...

Não havia provocações, olhares cheios de desdém, comentários maldosos escutados aqui e acolá ou até mesmo aquela reprovação que era tão típica dos adultos. Elas se sentiram livres pela primeira vez em muito tempo sentindo o vento bagunçar seus cabelos e ouvindo o som de suas risadas se misturando à música que tanto amavam. Havia algo de diferente nessa noite, era realmente uma noite incrível...

***

Luana estacionou em frente a um prédio antigo fazendo as amigas estranharem. As luzes todas estavam apagadas o que tornava difícil identificar o lugar em que estavam.

-Vamos – Luana disse rindo enquanto saía do carro.

-Como vamos enxergar alguma coisa nessa escuridão? – Marina protestou.

-É só me seguir – a loira de cabelos rebeldes foi na frente e as amigas a seguiram com dificuldade.

Elas caminharam pelos fundos do prédio com cuidado pois o espaço era muito apertado e estava escuro. Marina e Rafaela pararam quando Luana começou a forçar uma porta.

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora