Preciso de mais tempo

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29 dias antes.

Marina sente o sol entrar pela janela e franze a testa, deve ter esquecido aberta na noite passada quando Eli se esgueirou para dentro do quarto dela. A lembrança a fez sorrir.

Quando soube que a mãe da loira estava de volta, o garoto não hesitou em fazer uma visita noturna para ter certeza de que estava tudo certo com a loira. Marina mal conseguiu segurar o choro no momento em que o viu mas sentiu-se reconfortada com o calor do peito dele contra seu rosto e suas mãos ásperas na base de suas costas. Ela chorou por minutos, depois se beijaram por mais minutos ainda e, por fim, ficaram abraçados por horas. Ficaram abraçados até ele perceber que estava muito tarde, Eli se despediu com um beijo na testa e uma promessa de que ficaria tudo bem. Marina queria mais do que tudo acreditar nisso...

A voz do seu pai logo adentrou o quarto e a trouxe de volta à realidade:

-Você tem que comer, querida...

-Mas eu já falei que não quero, por favor – sua mãe respondeu quase inaudível.

Marina apertou o travesseiro contra as orelhas tentando bloquear os sons, daria tudo pra fazer isso parar.

***

Rafaela tamborilava na carteira preocupada. Já era o terceiro tempo e não havia nenhum sinal de Luana ou Marina na escola, ela entendia se fosse só a Luana mas Marina não era de fazer isso. Eli também olhava em volta apreensivo e vez ou outra lançava um olhar curioso para a garota. Rafa apenas olhava para baixo.

Quando o sinal para o intervalo tocou, ela teve certeza que tinha que fazer alguma coisa. Juntou suas coisas o mais rapidamente que pôde e foi em direção ao estacionamento da escola tentando pensar em como conseguiria sair no meio do dia letivo sem ser notada. Sentiu uma presença se materializar ao seu lado, mal teve tempo de olhar quem era quando Eli foi logo dizendo:

-O que quer que esteja acontecendo, vou ajudar.

-Eli, talvez elas...

-Não adianta tentar me afastar, sabe que não vai conseguir. Me importo com elas tanto quanto você! – ele retrucou sério e Rafa não duvidou nem por um segundo disso ao ver a expressão determinada que ele tinha no rosto.

-Tudo bem – ela disse conformada –Vamos até a casa da Marina primeiro, ela é mais fácil de achar que Luana...

O garoto balançou a cabeça concordando enquanto eles davam a volta e tentavam driblar os vigias da escola.

***

O pai de Marina teve que falar alto para que a filha pudesse ouvi-lo com os fones de ouvido. A loira, que estava deitada na cama até então, se sentou e tirou os aparelhos do ouvido. A loira faltara aula porque não estava se sentindo muito bem e o pai não queria forçá-la de qualquer jeito, pelo menos não com tudo que ela estava tendo que aguentar.

-O que foi? – ela perguntou.

-Seus amigos estão aqui, vieram te passar um trabalho que você perdeu hoje – ele pareceu pensar por alguns segundos antes de continuar –Posso mandar eles subirem?

-Pode – a loira respondeu se ajeitando na cama. Não demorou muito para que Eli e Rafaela estivessem entrando pela sua porta.

Rafa se aproximou e a abraçou enquanto Eli ficava de braços cruzados perto da porta, era tão estranho pensar que eles estavam deitados juntos nessa mesma cama há menos de 24 horas.

-Como você está? – Rafa perguntou se separando da loira e fitando-a nos olhos.

-Bem... – ela começou mas foi interrompida por Eli.

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora