Eu não consigo ficar longe de você

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88 dias antes.

Marina havia acabado de sair do hospital e estava exausta, tinha ido visitar a mãe novamente e ficara feliz com o que vira. A mãe fez muitas perguntas sobre o que tinha acontecido mas a garota havia sido orientada pelos médicos e pelo pai a evitar responde-las e achou que conseguiu lidar bem com a situação. Passou algumas boas horas com a mãe e sentia que ela estava estável e entendia sua condição apesar de ter falado algumas vezes sobre o quanto queria ir para casa e ficar com sua família. Mas a garota estava cansada, era desgastante ter que parecer bem o tempo todo e dar força à sua mãe ao mesmo tempo. Não entendia como o pai conseguia fazer isso tão bem...

A loira se assustou quando escutou a campainha tocar. O pai estava trabalhando até tarde naquele dia para compensar as horas que teve que ficar no hospital com a sua mãe. Marina andou até a sua janela em silêncio e espiou entre as cortinas, relaxou quando viu que era Eli quem estava parado na porta.

Correu para atender a porta e, quando o viu parado na sua frente, disse:

-Você quase me matou, eu estou sozinha em casa.

-Era esse o objetivo – ele riu e continuou –Eu estava aqui perto e pensei em te chamar pra tomar um milk-shake comigo ou alguma coisa assim...

-Você vai pagar? – ela perguntou tentando conter o sorriso.

-Sim – ele concordou.

-E você vai me salvar da raiva do meu pai se ele chegar em casa mais cedo e ver que eu não estou aqui?

-Com certeza – ele sorriu enquanto a loira pegava o celular e saía de casa para o seu carro.

***

Marina e Eli estavam sentados nas mesas do lado de fora da sorveteria, um prédio rosa todo de vidro cujo interior estava lotado. Mas a garota estava gostando de ficar do lado de fora e sentir o vento da noite soprar junto com aquele cheiro da chuva que estava por vir, era quase reconfortante.

Eli tinha pedido um milk-shake de flocos enquanto ela se contentara com um de morango, ambos tinham chantilly no fundo e em cima. A loira concluiu que era o melhor milk-shake que tomara em toda a sua vida mas pode ser que estivesse sendo influenciada pela companhia...

Levantou os olhos involuntariamente e deu por si olhando Eli enquanto o garoto estava distraído. Não conseguiu desviar o olhar por mais que tentasse, ele era lindo quando estava relaxado. Quer dizer, ele podia ser bem assustador às vezes com aquele jeito sério mas ele também era doce e gentil e isso a fazia se perguntar o que mais haveria nele que ela ainda não vira. Percebeu a cicatriz do seu pescoço se contrair enquanto ele tomava o milk-shake, tinha vontade de tocar a pele naquele lugar, ver se era tão áspera quanto parecia ser. A cicatriz era realmente grotesca mas isso não o fazia mais feio, pelo contrário, fazia ele parecer mais alcançável, mais vulnerável e ela achava que tinha algo de excitante nisso, ver um cara forte como ele marcado daquele jeito horrível.

Surpreendeu-se quando os olhos dos dois se encontraram e tentou desviar o seu o mais rápido possível mas deve ter parecido ridícula pois o ouviu rindo. Ela o encarou novamente com um sorriso sem graça no rosto.

-O que foi? – ele perguntou ainda rindo um pouco.

-Só pensando... – Marina cutucou o chantilly no fundo do copo de plástico, achava essa a melhor parte.

-Eu também estive pensando, sabe? – ele pousou seu copo vazio na mesa e a encarou firmemente, não havia risada ou sorrisos dessa vez apenas uma hesitação leve –Fiquei sabendo que você meio que fez as pazes com o Guilherme, de novo...

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora