O que você esconde?

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120 dias antes.

Luana estava deitada na cama quando ouviu um barulho na sua janela. Já estava escurecendo e o pai se encontrava na sala de estar vendo televisão. A loira não tinha ideia de quem poderia ser já que as amigas poderiam entrar pela porta da frente com tranquilidade. Ela abriu a janela e viu Gabriel lá embaixo jogando pedrinhas.

-O que você está fazendo? – ela sussurrou com raiva.

-Já que você não fala comigo por bem, decidi vir até sua casa. Acho melhor você descer – ele a ameaçou.

A loira desceu relutante.

***

-Eu só acho ele um pouco estranho, só isso... – Guilherme comentou enquanto ele e Marina caminhavam de mãos dadas até a casa da loira. O garoto tinha reclamado da proximidade da namorada e Eli, o garoto novo de cabelos platinados.

-Todos vocês parecem se sentir incomodados com ele, qual é o problema? É por causa da cor dos cabelos? Da cicatriz? É por ele não falar muito? – Marina perguntou curiosa, ela queria entender porque todos se sentiam ameaçados por ele.

-Tem algo de errado com esse cara, Marina. É sério! – Guilherme afirmou com convicção –Ninguém que tenha uma ligação com Luana é bom...

-Ah, então isso é sobre ela? – Marina perguntou com raiva –Eu tenho uma ligação com ela, quer dizer que tem algo de errado comigo também?

-Não foi isso que eu quis dizer...

-Então me explica, Guilherme, o que você quis dizer?! – a loira já estava ficando irritada com toda essa implicância que o namorado tinha com sua amiga.

-Eu quis dizer que moramos em uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo – ele começou –Não acha estranho ninguém nunca ter ouvido falar desse menino antes e ele morar aqui há tanto tempo? Ou ele está mentindo sobre quanto tempo está aqui ou ele esconde algo...

Marina olhou para o namorado com raiva mas, por dentro, sabia que havia uma lógica por trás do que ele pensava. Eli era estranho, ninguém a não ser Luana o conhecia, ele não falava sobre sua vida e não dava as caras pela cidade. A loira iria descobrir se havia algo sendo escondido.

***

Rafaela olhava para o garoto de cabelos brancos trabalhando no carro. Ela o encontrara em uma loja de conveniência e começaram a conversar. Eli a convidou para passar um tempo com ele, caso não tivesse nada melhor pra fazer. A garota aceitou feliz o convite.

Eli tinha as mãos sujas de graxa, a regata branca que usava estava toda manchada e o cabelo branco grudava na testa devido ao suor. Ela encarava a cicatriz do garoto distraidamente quando ele se virou de repente e a pegou desprevenida.

-É bem feio, né? – ele riu quando a expressão dela mostrou a vergonha que sentia.

-Desculpa, eu não devia ficar olhando... – ela se apressou em dizer mas o Eli a interrompeu.

-Pode perguntar – ele começou a mexer no carburador e deu as costas a ela novamente –Eu não me importo.

Rafaela ficou calada por um instante, imaginando se seria demais acabar com um pouco da sua curiosidade a respeito do garoto. Ela acabou perguntando:

-O que é essa cicatriz?

-Eu me metia em muitas brigas, Rafa – ele se virou e sorriu antes de voltar a atenção para o carro –Acabava ileso na maioria mas de vez em quando arrumava um machucado.

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora