Funeral

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7 dias depois.

Marina se olhava no espelho estranhando sua aparência. Não que nunca tivesse usado um vestido preto antes, apenas esse parecia não ficar tão bem nela. Talvez fossem as circunstâncias em que o estava vestindo...

-Você está linda... – Eli disse gentilmente, a loira se virou e esforçou-se para sorrir. Sabia que o garoto estava tentando ser positivo e encorajá-la mas toda essa situação era ruim demais. O garoto usava um terno com uma gravata frouxa e parecia tão desconfortável naquela roupa quanto ela naquele vestido.

-Você é bom demais – ela se aproximou e deu um beijo no rosto dele –Pronto pra ir?

-Sim – ele sorriu e segurou sua mão enquanto desciam as escadas –Rafa vai?

-Não – a loira respondeu com um nó na garganta, sabia que seria difícil demais pra Rafaela. A garota faltara o resto da semana na escola depois do incidente na sala de aula com Letícia e passou a ficar em silêncio todas as vezes que o nome de Luana surgia em algum lugar, Marina simplesmente não sabia o que fazer –É demais pra ela...

-É demais pra todos nós – Eli devolveu –Mas tudo bem. Só estou preocupado com ela...

-Eu também, Eli – Marina admitiu com um péssimo pressentimento.

***

Rafaela saltou do ônibus assim que ele parou em frente à delegacia. A garota torcia para que os policiais que estavam cuidando do caso de Luana estivessem ali hoje caso contrário teria sido uma viagem perdida. Mas ela precisa de respostas e não sairia dali sem elas...

Rafa entrou pela porta da frente e penetrou no salão cheio de divisórias mas quase vazio. Era domingo, a maioria dos policiais deveria estar de folga, havia apenas uma mulher uniformizada em uma bancada remexendo em uns papéis e alguns outros oficiais em uma sala aberta. Rafa se aproximou da mulher e perguntou o mais casualmente possível:

-O detetive Brandão está aqui hoje?

A mulher a olhou desconfiada, provavelmente achando estranho uma adolescente estar na delegacia em um domingo de manhã atrás de um detetive.

-Não – respondeu finalmente e voltou sua atenção para os papéis.

-Sabe se ele vai estar aqui hoje? – a garota insistiu.

-Não sei – a mulher não levantou a vista do seu trabalho.

-E amanhã? Ele...

-Você não vê que eu estou ocupada?! – a mulher se irritou um pouco.

-Sinto muito – Rafa sentiu-se mal pelo que estava fazendo mas não recuou –Mas eu preciso muito falar com ele.

-Olha, garota, eu tenho coisas pra fazer então por que...

-Tudo bem aqui? – uma voz atrás de Rafaela perguntou.

Quando ela se virou, deu de cara com o policial mais novo, aquele que estava acompanhando o detetive mais velho no caso, Felipe, se não lhe falhava a memória. Ele tinha o cabelo bagunçado e cheirava a café mas era definitivamente mais gentil do que a mulher que estava no balcão.

-Essa garota... Ela veio aqui perguntando pelo Brandão – a mulher reclamou –Eu já disse que ele não está aqui mas ela continua insistindo.

-Eu cuido disso, Márcia – ele disse e levou Rafaela para uma das divisórias, ofereceu uma cadeira para ela e se sentou na outra –Eu conheço você. Te interrogamos há alguns dias atrás...

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora