Posso te amar mais do que isso

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60 dias antes.

A batida estava tão alta que a cabeça de Luana doía um pouco e, somado com o efeito que o álcool já provocava na sua mente, exigia que a loira se esforçasse para ficar em pé. Ela estava sentada no bar sozinha pedindo uma dose atrás da outra, era uma noite em que precisava ficar bêbada.

A mãe ligara para seu pai, não conseguira entender muito bem o que dizia mas tinha algo a ver com não achar que ele conseguia lidar com ela sozinha, ela parecia reclamar da liberdade que a loira possuía. Luana ficou com vontade de arrancar o telefone da mão do pai e mandar ela ir se foder. Teria sido bem satisfatório...

Mas ao invés disso, decidira matar aula a semana toda e passar a noite de sexta-feira em uma boate qualquer. Rafa e Marina tentaram ligar algumas vezes mas Luana não atendeu e, depois de alguns dias, as ligações cessaram. As amigas sabiam que ela dava essas sumidas e não havia motivo para se preocupar.

A loira olhou para o barman, inclinou-se para frente com o objetivo de valorizar os seios e deu seu melhor sorriso malicioso.

-Sabe, nunca tomei bebidas como as que você me deu. Pena que meu dinheiro tenha acabado e estou com tanta vontade de continuar bebendo... Consegue fazer alguma coisa por mim? Quem sabe eu não possa te devolver o favor...

Antes que o barman visivelmente empolgado com a proposta da loira pudesse responder, um cara se aproximou e sentou ao lado dela. Ele colocou umas notas no balcão e falou:

-Pode deixar por minha conta. Seria muita deselegância deixar uma garota como essa sem o que ela quer...

O cara sorriu sedutoramente para a loira. Luana devolveu o sorriso o melhor que pôde. Sob as luzes escuras da boate, ela conseguiu ver que ele era bonito, tinha uma barba por fazer, cabelos bem cuidados e parecia ser um pouco mais velho mas nada que fosse tão alarmante.

"Que mal tem em passar a noite com ele?", se perguntou enquanto virava o copo assim que o barman colocou na sua frente.

***

Marina sentia o cheiro do brigadeiro vindo da cozinha enquanto Eli cantarolava baixinho. O garoto aparecera na sua casa algumas vezes desde que terminara com Guilherme, ele vinha tentando animá-la apesar de toda a situação e a loira agradecia por isso. Mesmo estando solteira, Marina evitava andar com o amigo pelos lugares onde o ex-namorado ou algumas das pessoas do círculo de amizades dele pudessem estar presentes. Não queria provoca-lo nem nada e também não queria que ele pensasse que mal ela terminara com ele e já tinha ido correndo para perto de Eli, essa não era ela.

-Cuidado, tem uma panela fervendo de brigadeiro vindo na sua direção – Eli se aproximou correndo enquanto segurava a panela com luvas. Marina riu do jeito desajeitado dele, observou quando ele colocou a panela cuidadosamente em cima da mesa de centro. O garoto tirou duas colheres do bolso de trás do seu jeans escuro e ofereceu uma delas para a loira –Pra você.

Marina murmurou um obrigado e começou a soprar o brigadeiro, para esfriar. Ela apreciava muito esses momentos com Eli, quando ele não era o cara sério e durão que todos conheciam. Quando estavam sozinhos o garoto era ele mesmo, um pouco desajeitado, brincalhão e amável e ela adorava esse lado dele. Ele se sentou no chão ao lado da mesinha de centro e colocou a colher na panela sem nem se preocupar se estava quente ou não.

-Vai queimar a língua desse jeito – a loira avisou enquanto o imitava mas parou para deixar o alimento esfriar.

Ele enfiou a colher na boca e não esboçou nenhuma reação, apenas ergueu a sobrancelha em resposta.

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora